Bezerra de Menezes
Duzentos mil espectadores em três semanas de exibição. Para os padrões brasileiros, pode-se considerar o filme Bezerra de Menezes, o diário de um espírito um fenômeno cinematográfico conforme a reportagem da revista Veja dessa semana. É sabido que a revista é notória por reportagens sensacionalistas e utiliza-se de palavras preconceituosas em relação à doutrina espírita a começar pelo título "Sessão Espírita", mesmo assim, chama a atenção o sucesso do filme e o fato dele render uma reportagem de uma página.
Sempre considerei válido a divulgação da doutrina espírita de forma séria, sem sensacionalismo, e nisso o filme é bastante feliz, principalmente na melhor cena do mesmo quando um materialista vai provocar o Dr. Bezerra em uma sessão mediúnica. O personagem principal, merece todas as homenagens possíveis por seus feitos enquanto encarnado e pela continuação do serviço ao bem que ainda proporciona com sua equipe médica espiritual.
Porém, cinema não é religião, pelo menos não na definição formal que se constitiu de um doutrina que liga o homem a Deus, e, ao fazer um filme, temos que pensar nos princípios cinematográficos e construir algo bem feito. Neste ponto, "O diário de um espírito" está longe de atingir a meta. A Veja tem razão, o filme é tosco. Tosco porque tem um roteiro pífio, mal construído e amarrado por uma narração monótona com uma trilha enfadonha. Algumas atuações são sofríveis, como a do ator Magno de Carvalho que faz o Bezerra jovem e a participação de Caio Blat é totalmente inexplicável (menos de dois minutos na tela) servindo apenas para aumentar o crédito do filme.
Lembrando do documentário Espiritismo sobre a vida do codificador da doutrina espírita, Allan Kardec, ou do filme de ficção Os orfãos, da produtora Melion Filmes temos os indícios de que as instituições espíritas estão começando a pensar o cinema como uma forma de expressão válida para a doutrina, porém é preciso mais que boa vontade para se fazer um filme. Podemos pegar o exemplo da novela A Viagem da Rede Globo, uma ficção com certos excessos, porém que não deixa de ser bem feita e atinge ao objetivo de entreter com uma moral por trás. Dramaturgia que faz pensar, esse tem que ser o objetivo, mas antes de tudo uma boa dramaturgia.
Pelo cinema, pelo valor como obra, tenho que dizer que Bezerra de Menezes, o diário de um espírito é lamentável, um dinheiro jogado fora. Como divulgador da mensagem espírita, deixa a desejar, já que pouco explica sobre ela durante o filme, mas é válido já que chama a atenção para mesma. Como homenagem a um homem notório e exemplo a ser seguido, é mais que justo, e este é o motivo das salas de cinema estarem lotadas. Fica o questionamento de como seria maravilhoso se pudéssemos juntar, tal qual a doutrinha que se proclama Ciência, Religião e Filosofia, esses três fatores em um único filme.
Sempre considerei válido a divulgação da doutrina espírita de forma séria, sem sensacionalismo, e nisso o filme é bastante feliz, principalmente na melhor cena do mesmo quando um materialista vai provocar o Dr. Bezerra em uma sessão mediúnica. O personagem principal, merece todas as homenagens possíveis por seus feitos enquanto encarnado e pela continuação do serviço ao bem que ainda proporciona com sua equipe médica espiritual.
Porém, cinema não é religião, pelo menos não na definição formal que se constitiu de um doutrina que liga o homem a Deus, e, ao fazer um filme, temos que pensar nos princípios cinematográficos e construir algo bem feito. Neste ponto, "O diário de um espírito" está longe de atingir a meta. A Veja tem razão, o filme é tosco. Tosco porque tem um roteiro pífio, mal construído e amarrado por uma narração monótona com uma trilha enfadonha. Algumas atuações são sofríveis, como a do ator Magno de Carvalho que faz o Bezerra jovem e a participação de Caio Blat é totalmente inexplicável (menos de dois minutos na tela) servindo apenas para aumentar o crédito do filme.
Lembrando do documentário Espiritismo sobre a vida do codificador da doutrina espírita, Allan Kardec, ou do filme de ficção Os orfãos, da produtora Melion Filmes temos os indícios de que as instituições espíritas estão começando a pensar o cinema como uma forma de expressão válida para a doutrina, porém é preciso mais que boa vontade para se fazer um filme. Podemos pegar o exemplo da novela A Viagem da Rede Globo, uma ficção com certos excessos, porém que não deixa de ser bem feita e atinge ao objetivo de entreter com uma moral por trás. Dramaturgia que faz pensar, esse tem que ser o objetivo, mas antes de tudo uma boa dramaturgia.
Pelo cinema, pelo valor como obra, tenho que dizer que Bezerra de Menezes, o diário de um espírito é lamentável, um dinheiro jogado fora. Como divulgador da mensagem espírita, deixa a desejar, já que pouco explica sobre ela durante o filme, mas é válido já que chama a atenção para mesma. Como homenagem a um homem notório e exemplo a ser seguido, é mais que justo, e este é o motivo das salas de cinema estarem lotadas. Fica o questionamento de como seria maravilhoso se pudéssemos juntar, tal qual a doutrinha que se proclama Ciência, Religião e Filosofia, esses três fatores em um único filme.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Bezerra de Menezes
2008-12-04T10:35:00-03:00
Amanda Aouad
cinema brasileiro|critica|drama|espiritismo|
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