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Harry Potter e o Enigma do Príncipe
Harry Potter e o Enigma do Príncipe
Ele cresceu, passou por coisas que nenhum garoto sonharia e tem mais responsabilidades do que muito adulto. A grande magia de Harry Potter é que as histórias acompanharam o crescimento dos personagens e dos seus leitores. A linguagem foi ficando mais rebuscada e detalhada, basta observar o número de páginas dos primeiros e compará-lo com os últimos. J.K. Rowling conseguiu revolucionar a literatura infanto-juvenil, disso não há dúvidas. As adaptações dos filmes, no entanto, seguiram um processo inconstante, principalmente pelos cortes e alterações das últimas histórias, até porque, como já disse, a arte da adaptação não é fácil.
Os dois primeiros filmes são considerados menores, até mesmo bobos, pelos críticos. São, porém, os mais fiéis ao livro no que diz respeito a narrativa, até porque as histórias eram mais curtas. O terceiro filme foi uma revolução na linguagem cinematográfica da série, bem feito, conciso e fiel ao livro, era considerado por todos o melhor até a chegada do Enigma do Príncipe. A partir do quarto, os livros começaram a ser grandes demais para uma projeção de duas horas e a tesoura correu solta, isso pode complicar as explicações finais. Dobby mesmo sumiu desde o segundo filme, sua aparição decisiva no final vai ter que ser muito bem explicada. Quem viu o quarto e o quinto filme sem ler o livro, com certeza perdeu muito da narrativa e do universo criado por J.K. Rowling.
O sexto filme, paradoxalmente, é uma mistura de tudo o que já falei. É fiel ao livro, mas corta muitos detalhes, explicações e mesmo cenas de ação memoráveis. Ainda assim, impressiona e talvez seja um dos poucos que consegue funcionar sozinho. Ou seja, um ET que caísse perdido no meio do cinema conseguiria entender a história, se emocionar e se divertir. Isso, porque a linguagem do filme é clara e muito bem feita, permitindo a apreciação.
Apesar de ter sido completamente previsível no quinto filme, David Yates consegue surpreender com uma direção madura, repleta de momentos sublimes e enquadramentos preciosos. A apresentação da senhora Weasley, Rony e Hermione em um contra-plongé é muito boa. As câmeras subjetivas permitem uma boa imersão da história. E os planos detalhes em cenas de tensão, ajudam no efeito de suspense, como na cena da luta no banheiro entre Harry e Draco. A fotografia lavada com tons pastéis é mais um elemento a contribuir com o clima melancólico.
Os atores mirins (já não tão mirins assim) foram os que mais evoluíram nesses seis filmes. Enquanto no primeiro eram apenas fisionomias parecidas com as descrições do livro, agora possuem uma personalidade definida, dando conta de toda a carga dramática necessária para os momentos descritos. Daniel Radcliffe conseguiu uma maturidade impressionante para o seu Harry Potter, enquanto Tom Felton surpreende por imprimir toda a angústia de Draco em sua missão quase impossível. Alan Rickman teve mais espaço nesse filme, conseguindo deixar na mente dos espectadores a dúvida crucial de seu personagem: afinal, de que lado está Snape? A professora Minerva pouco apareceu, mas suas cenas foram suficientes para Maggie Smith mostrar toda a sua capacidade de interpretação, principalmente no final. O ponto negativo foi a pouca participação de Hagrid, fazendo de Robbie Coltrane um figurante de luxo.
A verdade é que o bruxinho cresceu. O Enigma do Princípe não é um filme infantil. Apesar dos cinemas de Salvador colocarem 90% de cópias dubladas, a censura já anuncia: 12 anos. Tem cenas leves, divertidas e engraçadas, porque ninguém suportaria duas horas de tensão. Mas desde o início, o filme mostra que é no drama e na tensão entre o bem e o mal que está pautada a sua história. Muito bem pautada, é bom registrar. Um grande filme, mesmo para os que não são fãs da série.
Os dois primeiros filmes são considerados menores, até mesmo bobos, pelos críticos. São, porém, os mais fiéis ao livro no que diz respeito a narrativa, até porque as histórias eram mais curtas. O terceiro filme foi uma revolução na linguagem cinematográfica da série, bem feito, conciso e fiel ao livro, era considerado por todos o melhor até a chegada do Enigma do Príncipe. A partir do quarto, os livros começaram a ser grandes demais para uma projeção de duas horas e a tesoura correu solta, isso pode complicar as explicações finais. Dobby mesmo sumiu desde o segundo filme, sua aparição decisiva no final vai ter que ser muito bem explicada. Quem viu o quarto e o quinto filme sem ler o livro, com certeza perdeu muito da narrativa e do universo criado por J.K. Rowling.
O sexto filme, paradoxalmente, é uma mistura de tudo o que já falei. É fiel ao livro, mas corta muitos detalhes, explicações e mesmo cenas de ação memoráveis. Ainda assim, impressiona e talvez seja um dos poucos que consegue funcionar sozinho. Ou seja, um ET que caísse perdido no meio do cinema conseguiria entender a história, se emocionar e se divertir. Isso, porque a linguagem do filme é clara e muito bem feita, permitindo a apreciação.
Apesar de ter sido completamente previsível no quinto filme, David Yates consegue surpreender com uma direção madura, repleta de momentos sublimes e enquadramentos preciosos. A apresentação da senhora Weasley, Rony e Hermione em um contra-plongé é muito boa. As câmeras subjetivas permitem uma boa imersão da história. E os planos detalhes em cenas de tensão, ajudam no efeito de suspense, como na cena da luta no banheiro entre Harry e Draco. A fotografia lavada com tons pastéis é mais um elemento a contribuir com o clima melancólico.
Os atores mirins (já não tão mirins assim) foram os que mais evoluíram nesses seis filmes. Enquanto no primeiro eram apenas fisionomias parecidas com as descrições do livro, agora possuem uma personalidade definida, dando conta de toda a carga dramática necessária para os momentos descritos. Daniel Radcliffe conseguiu uma maturidade impressionante para o seu Harry Potter, enquanto Tom Felton surpreende por imprimir toda a angústia de Draco em sua missão quase impossível. Alan Rickman teve mais espaço nesse filme, conseguindo deixar na mente dos espectadores a dúvida crucial de seu personagem: afinal, de que lado está Snape? A professora Minerva pouco apareceu, mas suas cenas foram suficientes para Maggie Smith mostrar toda a sua capacidade de interpretação, principalmente no final. O ponto negativo foi a pouca participação de Hagrid, fazendo de Robbie Coltrane um figurante de luxo.
A verdade é que o bruxinho cresceu. O Enigma do Princípe não é um filme infantil. Apesar dos cinemas de Salvador colocarem 90% de cópias dubladas, a censura já anuncia: 12 anos. Tem cenas leves, divertidas e engraçadas, porque ninguém suportaria duas horas de tensão. Mas desde o início, o filme mostra que é no drama e na tensão entre o bem e o mal que está pautada a sua história. Muito bem pautada, é bom registrar. Um grande filme, mesmo para os que não são fãs da série.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Harry Potter e o Enigma do Príncipe
2009-07-17T13:16:00-03:00
Amanda Aouad
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