Não digo que a primeira versão seja excepcional. Ela foi um marco e a música Fame é um ícone eterno. Mas a história não nos prende, são muitos personagens de igual peso, costurando várias esquetes. Não há um "herói", um clímax apoteótico, uma superação extrema. Mesmo a apresentação final é morna. Talvez se a música mais famosa fosse ali exibida, causasse maior impacto, até por sua letra com a promessa de vencer na vida. Por isso, acredito que o clipe remasterizado da nova versão, seja o melhor momento de todos. E é só um clipe, não se empolguem, não está no filme.
A história de Fama é múltipla. Acompanhamos vários jovens que ingressam em uma faculdade de artes em Nova York. Dança, canto, interpretação e instrumentos. São várias as modalidades e as histórias de vida. Engraçado que nas duas versões, apesar de alguns temas-base, apenas a personagem da bailarina loira e rica é repetida, com algumas pequenas alterações. Os demais personagens são completamente diferentes. É quase um Fama 2 em vez de uma refilmagem. E apesar da roupagem mais bonitinha, o filme consegue ser mais vazio, sem tanta profundidade nos dramas pessoais. Há também, nesse segundo, uma leve tendência a colocar a personagem de Naturi Naughton como protagonista, em uma trama muito semelhante a Mudança de Hábito 2, a garota talentosa que esconde seu talento, porque sua família não quer. Mas, a tentativa é tímida e a confusão de personagens e esquetes continua, não nos fazendo criar uma identificação com os personagens. Vira uma espécie de High School Musical. A idéia original não era bem essa.
Mesmo com problemas, Fama de 1980, era uma história de exemplos de vida, de dificuldades de artistas em início de carreira, do preço da fama e das perspectivas de futuro. "I'm gonna live forever, Baby remember my name". A idéia de ser imortalizado é que move o artista. Faltou isso. Talvez, por isso, essa refilmagem tenha passado quase despercebida pelos cinemas, ficando no Brasil apenas duas semanas em cartaz.