
O filme narra a história de Mateo Blanco e Lena. Ele, um diretor que perde a visão após um acidente. Ela, uma aspirante a atriz que casa com um milionário por dinheiro. As duas trajetórias vão sendo contadas em paralelo, sendo muito claro (explicitado com legendas) que uma acontece nos tempos atuais e a outra, dez anos antes. A princípio apenas imaginamos o link entre as duas histórias até que o diretor apela para o recurso fácil de Mateo explicando o passado para Diego (filho de sua produtora). São nesses detalhes que se percebe um Almodóvar bem menos criativo. Penélope Cruz, mais uma vez, é a musa do diretor, em uma caracterização bem próxima de Audrey Hepburn. Lluís Homar consegue passar verdade na escuridão da cegueira.
Talvez pelo tema, cegueira, o diretor tenha optado por cores mais frias. A fotografia é pastel, leve, nada salta aos olhos. Até as cenas de praia estão no inverno, com um vento forte e um céu cinzento. Coerente com o estado emocional dos personagens que estão todos em uma grande angústia e sensação de nunca poder saciar seus desejos.

Abraços Partidos não tem essa identidade. Parece apenas mais um filme espanhol. Ainda que um bom filme. Tudo vai sendo construído de forma literal até que começam a aparecer pontas frouxas, algo como "muito barulho por nada". Almodóvar cria algumas expectativas que não se confirmam. Cenas que parecem que serão desenvolvidas, mas são esquecidas. Informações gratuitas que são deixadas de lado. Ao final fica a sensação de que foi mesmo finalizado às cegas. Uma pena.