Persepolis
Comum é um adjetivo que jamais poderia ser atribuído a Marjane Satrapi. Sua biografia, então, também deveria ir contra tudo que já foi visto. Foi assim que em 2002 ela resolveu lançar quatro volumes de uma história em quadrinhos contando sua vida passada entre o Irã e Viena. Anos depois, ao resolver adaptá-la para o cinema, mais uma novidade. Persepolis, um longa-metragem em animação preto e branco. Apelo popular, pode-se ver que não teve nenhum, mas como tudo que é muito estranho chama a atenção e vira cult, o longa levou três prêmios (Festival de Cannes, Roterdã e Mostra Internacional de Cinema de São Paulo) além de várias outras indicações a exemplo do Oscar de animação que perdeu para Ratatouille.
Persepolis é uma mistura de Mafalda com Caçador de Pipas, conseguindo ser original em seus dramas, questionamentos e adaptações. Chama a atenção a perspicácia daquela menina que vê sua vida sendo virada ao avesso aos poucos, sem entender porque tem que começar a se esconder e agir de maneira diferente na rua. Vê ainda seus vizinhos sendo presos, seu tio sendo solto e preso novamente e é obrigada a morar sozinha em Viena para ser protegida de toda aquela confusão.
Confesso ter gostado mais da parte de Marjane criança. Os traços continuam os mesmos, a direção é cuidadosa e brinca com as possibilidades da animação mesmo sendo essa simples, mas a graça era contrastar a inocência perspicaz com o mundo muitas vezes mesquinho, machista e sem cor. Bem ao estilo de Mafalda mesmo. Até as conversas com Deus que a menina tem são instigantes, simples e diretas, sem intermédio. Um momento muito forte é quando a menina rompe com Deus após uma decepção muito grande.
Mas, Marjane cresce em um país estrangeiro, passa por muito preconceito e sofre de amor, como qualquer adolescente. A diferença é que a garota não pertencia àquele mundo e, ao retornar ao seu país natal, também não pertence mais a ele. O choque de ideologias é bem retratado em todos os momentos e isso faz de Persepolis um grande filme. É uma história de vida com linguagem fácil, honesta e cativante de todas as formas.
Persepolis é uma mistura de Mafalda com Caçador de Pipas, conseguindo ser original em seus dramas, questionamentos e adaptações. Chama a atenção a perspicácia daquela menina que vê sua vida sendo virada ao avesso aos poucos, sem entender porque tem que começar a se esconder e agir de maneira diferente na rua. Vê ainda seus vizinhos sendo presos, seu tio sendo solto e preso novamente e é obrigada a morar sozinha em Viena para ser protegida de toda aquela confusão.
Confesso ter gostado mais da parte de Marjane criança. Os traços continuam os mesmos, a direção é cuidadosa e brinca com as possibilidades da animação mesmo sendo essa simples, mas a graça era contrastar a inocência perspicaz com o mundo muitas vezes mesquinho, machista e sem cor. Bem ao estilo de Mafalda mesmo. Até as conversas com Deus que a menina tem são instigantes, simples e diretas, sem intermédio. Um momento muito forte é quando a menina rompe com Deus após uma decepção muito grande.
Mas, Marjane cresce em um país estrangeiro, passa por muito preconceito e sofre de amor, como qualquer adolescente. A diferença é que a garota não pertencia àquele mundo e, ao retornar ao seu país natal, também não pertence mais a ele. O choque de ideologias é bem retratado em todos os momentos e isso faz de Persepolis um grande filme. É uma história de vida com linguagem fácil, honesta e cativante de todas as formas.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Persepolis
2010-02-25T08:59:00-03:00
Amanda Aouad
animacao|cinema europeu|critica|drama|Marjane Satrapi|quadrinhos|
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