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Chico Xavier - Tem um filme, amigo, aqui
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Daniel Filho é um homem inteligente, isso se comprova após assistir ao seu novo longa que estreia nessa sexta-feira em todo o país. Chico Xavier é um filme de um diretor/produtor, é verdade, e a maioria dos cinéfilos tende a rejeitar isso preferindo o diretor/autor tão valorizado pela Cahiers du Cinéma. Confesso que, mesmo eu, aprecio mais o artesão em busca de imagens reflexivas, mas como toda brasileira cresci na frente da televisão e sei valorizar a arte do entretenimento que esse diretor leva as telas de forma competente e envolvente. O que ele quer é lotar as salas de cinema e divertir o público. Ponto para ele.
Em Chico Xavier já começa esse jogo de forma inteligente. Primeiro, sabe que fazer uma biografia é sempre complicado, delicado até, então, expõe logo isso nos letreiros iniciais: "A vida de um homem não cabe em um filme." Escolhas foram feitas para contar a história do maior médium espírita do país e essas escolhas ficam claras nas primeiras imagens. Sendo um homem de televisão, criticado por isso ao se aventurar no cinema, Daniel Filho utiliza-se do programa televisivo Pinga Fogo para costurar sua história. Tudo fica justificável, a linguagem, o ritmo frenético, os planos. E o mais interessante é a forma como ele joga com isso mostrando os bastidores do programa, que servem também para construir o clima de incredulidade de um segmento da sociedade em relação ao fenômeno espírita. Claro que o filme não se resume a isso, e tem alguns momentos criativos na direção, principalmente quando Chico é criança. Interessante também que, mesmo tendo o recurso do programa para recortes, as duas passagens de tempo em que mudam os atores que interpretam o protagonista têm passagens próprias com junção de cenas.
O roteiro de Marcos Bernstein é bom, nada de novo, mas bem construído e fecha de forma bastante interessante. Como falei, foram feitos recortes. Roteirista e diretor optaram por focar na aceitação da mediunidade de Chico, desde sua aparição na infância até um fato que inquestionavelmente a torna real. Paralelo a isso, temos a história de Glória e Orlando que perderam o filho de forma trágica. A vida do casal vai se cruzar com a do médium, pois Orlando é o diretor do programa Pinga Fogo. Seu personagem é a voz de incredulidade completa. Talvez, a voz do próprio Daniel, que como o personagem, se diz ateu.
De modo geral, as interpretações estão ótimas. Os três atores que vivem Chico estão muito bem. Nelson Xavier está praticamente a encarnação do médium, Ângelo Antônio também defende o personagem de forma bastante bonita na fase jovem, aliás, a maquiagem que rejuvenesceu o ator está impressionante. Já o garoto Matheus Costa é convincente em sua dor, medo e ingenuidade. Agora a interpretação mais esperada para mim era mesmo Christiane Torloni. A atriz teve a coragem de emprestar sua dor pessoal para uma personagem que, assim como ela, perdeu um filho. Mesmo que não soubéssemos desses detalhes, o choro e as expressões daquela mulher são comoventes, mas confesso que esperava chorar mais com ela.
A direção de arte está impecável, assim como a pós-produção. O ponto fraco está na trilha sonora, o que chega a ser inusitado, já que música emotiva é uma das características do melodrama onde Daniel Filho tem tanta experiência.
Acima de tudo, Chico Xavier é um filme contagiante pelo carisma e bondade do seu protagonista. Assim como os funcionários do Pinga Fogo, não há como não se envolver com a entrega de Chico à causa maior da caridade. Seu sofrimento na infância, que foi atenuado no filme, a firmeza como Emmanuel exigia dele, também atenuada no filme, o fenômeno de trabalho sem nunca receber um centavo por isso. Prestando atenção no que ele diz, as mensagens que falou no programa entram em nossa alma fazendo com que saiamos do cinema pensativos, mas leves. Tendo a certeza de que existe algo além desse mundo aparentemente sem sentido. Ponto também para os créditos com as cenas reais do programa.
Em Chico Xavier já começa esse jogo de forma inteligente. Primeiro, sabe que fazer uma biografia é sempre complicado, delicado até, então, expõe logo isso nos letreiros iniciais: "A vida de um homem não cabe em um filme." Escolhas foram feitas para contar a história do maior médium espírita do país e essas escolhas ficam claras nas primeiras imagens. Sendo um homem de televisão, criticado por isso ao se aventurar no cinema, Daniel Filho utiliza-se do programa televisivo Pinga Fogo para costurar sua história. Tudo fica justificável, a linguagem, o ritmo frenético, os planos. E o mais interessante é a forma como ele joga com isso mostrando os bastidores do programa, que servem também para construir o clima de incredulidade de um segmento da sociedade em relação ao fenômeno espírita. Claro que o filme não se resume a isso, e tem alguns momentos criativos na direção, principalmente quando Chico é criança. Interessante também que, mesmo tendo o recurso do programa para recortes, as duas passagens de tempo em que mudam os atores que interpretam o protagonista têm passagens próprias com junção de cenas.
O roteiro de Marcos Bernstein é bom, nada de novo, mas bem construído e fecha de forma bastante interessante. Como falei, foram feitos recortes. Roteirista e diretor optaram por focar na aceitação da mediunidade de Chico, desde sua aparição na infância até um fato que inquestionavelmente a torna real. Paralelo a isso, temos a história de Glória e Orlando que perderam o filho de forma trágica. A vida do casal vai se cruzar com a do médium, pois Orlando é o diretor do programa Pinga Fogo. Seu personagem é a voz de incredulidade completa. Talvez, a voz do próprio Daniel, que como o personagem, se diz ateu.
De modo geral, as interpretações estão ótimas. Os três atores que vivem Chico estão muito bem. Nelson Xavier está praticamente a encarnação do médium, Ângelo Antônio também defende o personagem de forma bastante bonita na fase jovem, aliás, a maquiagem que rejuvenesceu o ator está impressionante. Já o garoto Matheus Costa é convincente em sua dor, medo e ingenuidade. Agora a interpretação mais esperada para mim era mesmo Christiane Torloni. A atriz teve a coragem de emprestar sua dor pessoal para uma personagem que, assim como ela, perdeu um filho. Mesmo que não soubéssemos desses detalhes, o choro e as expressões daquela mulher são comoventes, mas confesso que esperava chorar mais com ela.
A direção de arte está impecável, assim como a pós-produção. O ponto fraco está na trilha sonora, o que chega a ser inusitado, já que música emotiva é uma das características do melodrama onde Daniel Filho tem tanta experiência.
Acima de tudo, Chico Xavier é um filme contagiante pelo carisma e bondade do seu protagonista. Assim como os funcionários do Pinga Fogo, não há como não se envolver com a entrega de Chico à causa maior da caridade. Seu sofrimento na infância, que foi atenuado no filme, a firmeza como Emmanuel exigia dele, também atenuada no filme, o fenômeno de trabalho sem nunca receber um centavo por isso. Prestando atenção no que ele diz, as mensagens que falou no programa entram em nossa alma fazendo com que saiamos do cinema pensativos, mas leves. Tendo a certeza de que existe algo além desse mundo aparentemente sem sentido. Ponto também para os créditos com as cenas reais do programa.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Chico Xavier - Tem um filme, amigo, aqui
2010-04-01T12:13:00-03:00
Amanda Aouad
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