Home
cinema brasileiro
critica
drama
filme brasileiro
Marieta Severo
Nanda Costa
Nelson Xavier
Sandra Werneck
Sonhos Roubados
Sonhos Roubados
O slogan do concurso DocTV do Minc diz: "Quando a realidade parece ficção, é hora de fazer documentários". Sandra Werneck seguiu o conselho e fez Meninas, um belo documentário de 2006 sobre adolescentes da periferia grávidas. Quatro anos depois, ela mantêm o forte argumento, baseando-se no livro As Meninas da Esquina – Diários dos Sonhos, Dores e Aventuras de Seis Adolescentes do Brasil, de Eliane Trindade, só que resolveu arriscar na ficção e algo, a mim, pareceu perder a força.
Não que o filme Sonhos Roubados seja ruim ou caricato. Não, a história de Jéssica, Daiane e Sabrina é simples e fluida. Foca o nosso cinema para a periferia, para os excluídos, dessa vez pelo olhar das mulheres. Batalhadoras, belas, que sofrem, mas nunca perdem a esperança ou vontade de viver. Aliás, os sonhos não lhe são roubados, porque elas nunca perdem a capacidade de sonhar. A disposição das três em ultrapassar limites é lindo e nos cativa. Assim como a interpretação das três atrizes. Nanda Costa, Amanda Diniz e Kika Farias dão a alma para construir aquela realidade.
O problema está no roteiro, talvez por ter sido escrito a seis mãos tenha virado uma colcha de retalhos e perdido o foco. Os diálogos, por vezes, sofríveis, como uma dispensável cena no cemitério, doem aos ouvidos por parecerem ensaios frágeis do que poderia ser a naturalidade daqueles personagens. Talvez seria melhor deixá-las falar do que guiá-las pelo caminho. Em seus gestos e olhares, elas nos diziam o que queriam, não era preciso colocar palavras em suas bocas.
Daniel Dantas está muito bem como o tio pedófilo e Marieta Severo ilumina as cenas em que aparece com seu talento. O próprio MV Bill está bem como o presidiário que contrata Jéssica para visitas privadas. Dá vontade de falar poucas e boas para a personagem de Zezeh Barbosa e Nélson Xavier nos encanta. Mas, o grande destaque é mesmo nas três meninas, onde a história se sustenta.
Gravidez precoce, prostituição, abuso sexual, abandono, preconceito, tudo está ali, todos os elementos que nos deixam com um nó na garganta em algumas cenas fortes e nos aliviam quando vemos que elas conseguem seguir em frente sem perder a alegria. Não há julgamentos, nem preconceitos em relação às atitudes das protagonistas, o que é um ponto positivo. Mas, esse retrato imparcial da realidade acaba fazendo com que a ficção perca o impacto necessário.
O que faltava era um rumo para aquela história. Um roteiro bem esquematizado que pudesse nos levar do princípio ao fim sem nos perguntar aonde queria nos levar. Uma pena. Poderia ser uma obra-prima do cinema nacional, mas se torna apenas mais um filme de periferia e favela, entre tantos, na cinematografia brasileira. Ainda que dessa vez pela visão feminina.
Não que o filme Sonhos Roubados seja ruim ou caricato. Não, a história de Jéssica, Daiane e Sabrina é simples e fluida. Foca o nosso cinema para a periferia, para os excluídos, dessa vez pelo olhar das mulheres. Batalhadoras, belas, que sofrem, mas nunca perdem a esperança ou vontade de viver. Aliás, os sonhos não lhe são roubados, porque elas nunca perdem a capacidade de sonhar. A disposição das três em ultrapassar limites é lindo e nos cativa. Assim como a interpretação das três atrizes. Nanda Costa, Amanda Diniz e Kika Farias dão a alma para construir aquela realidade.
O problema está no roteiro, talvez por ter sido escrito a seis mãos tenha virado uma colcha de retalhos e perdido o foco. Os diálogos, por vezes, sofríveis, como uma dispensável cena no cemitério, doem aos ouvidos por parecerem ensaios frágeis do que poderia ser a naturalidade daqueles personagens. Talvez seria melhor deixá-las falar do que guiá-las pelo caminho. Em seus gestos e olhares, elas nos diziam o que queriam, não era preciso colocar palavras em suas bocas.
Daniel Dantas está muito bem como o tio pedófilo e Marieta Severo ilumina as cenas em que aparece com seu talento. O próprio MV Bill está bem como o presidiário que contrata Jéssica para visitas privadas. Dá vontade de falar poucas e boas para a personagem de Zezeh Barbosa e Nélson Xavier nos encanta. Mas, o grande destaque é mesmo nas três meninas, onde a história se sustenta.
Gravidez precoce, prostituição, abuso sexual, abandono, preconceito, tudo está ali, todos os elementos que nos deixam com um nó na garganta em algumas cenas fortes e nos aliviam quando vemos que elas conseguem seguir em frente sem perder a alegria. Não há julgamentos, nem preconceitos em relação às atitudes das protagonistas, o que é um ponto positivo. Mas, esse retrato imparcial da realidade acaba fazendo com que a ficção perca o impacto necessário.
O que faltava era um rumo para aquela história. Um roteiro bem esquematizado que pudesse nos levar do princípio ao fim sem nos perguntar aonde queria nos levar. Uma pena. Poderia ser uma obra-prima do cinema nacional, mas se torna apenas mais um filme de periferia e favela, entre tantos, na cinematografia brasileira. Ainda que dessa vez pela visão feminina.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Sonhos Roubados
2010-06-07T08:23:00-03:00
Amanda Aouad
cinema brasileiro|critica|drama|filme brasileiro|Marieta Severo|Nanda Costa|Nelson Xavier|Sandra Werneck|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
King Richard: Criando Campeãs (2021), dirigido por Reinaldo Marcus Green , é mais do que apenas uma cinebiografia : é um retrato emocionalm...
-
Cinema Sherlock Homes O filme de destaque atualmente é esta releitura do clássico do mistério pelas mãos de Guy Ritchie. O ex de Madonna p...
-
Eletrizante é a melhor palavra para definir esse filme de Tony Scott . Que o diretor sabe fazer filmes de ação não é novidade, mas uma tra...
-
O Soterópolis programa cultural da TVE Bahia, fez uma matéria muito interessante sobre blogs baianos. Esta que vos fala deu uma pequena con...
-
Clint Eastwood me conquistou aos poucos. Ele sabe como construir um filme que emociona e, agora, parece ter escolhido Matt Damon como seu ...
-
Olhando para A Múmia (1999), mais de duas décadas após seu lançamento, é fácil perceber como o filme se tornou um marco do final dos anos ...
-
Amor à Queima Roupa (1993), dirigido por Tony Scott e roteirizado por Quentin Tarantino , é um daqueles filmes que, ao longo dos anos, se...
-
Fui ao cinema sem grandes pretensões. Não esperava um novo Matrix, nem mesmo um grande filme de ação. Difícil definir Gamer, que recebeu du...
-
O CinePipocaCult adverte: se você sofre de claustrofobia, síndrome do pânico ou problemas cardíacos é melhor evitar esse filme. Brincadeiras...