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Por que o cachorro balança o rabo?
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Por que o cachorro balança o rabo?
Porque ele é mais esperto que o rabo. Se o rabo fosse mais esperto, balançaria o cachorro.
Com essa frase surreal, Barry Levinson começa o seu filme Wag The Dog, que seria algo como balançando o cachorro e que a distribuição brasileira transformou em "Mera Coincidência". Com um roteiro de David Mamet, o filme fala do poder da manipulação da mídia e ganhou um certo ar profético. Na verdade, a idéia era satirizar o caso do ex-presidente Clinton com sua estagiária, mas visto hoje, não há como não associar à maneira como os Estados Unidos inventaram uma guerra com o Iraque para fortalecer o presidente Bush. Aí, o título brasileiro funciona como uma luva. Terá sido mera coincidência?
O presidente dos Estados Unidos, às vesperas da reeleição, é acusado de abuso sexual por uma adolescente. Para não prejudicar o resultado nas urnas, a equipe da Casa Branca contrata Sr. Brean em uma bela interpretação de Robert De Niro. O consultor chega a conclusão de que é preciso inventar uma guerra contra a Albânia, só assim, o caso será esquecido. É quando entra em cena o personagem de Dustin Hoffman, em uma interpretação fantástica. Ele é um produtor de Hollywood que irá maquiar algumas imagens para que imprensa e população acredite que está acontecendo uma guerra.
Barry Levinson escolhe muito bem as suas cenas e dirige como se fizesse os bastidores dessa produção sempre com cortes rápidos, uma iluminação menos trabalhada e closes repentinos. O problema está no roteiro que se perde em sua parte final, tentando levar para comédia. Enquanto estamos na construção da guerra, nas falsas matérias, nas músicas sendo criadas, tudo é muito eletrizante e envolvente. A reviravolta, o surgimento do herói, a construção do mito no segundo ato, também é fantástico. Mas, aí vem a resolução e parece que a história desanda. Tornando tudo aquilo meio ridículo, a começar pela aparição de Woody Harrelson e todo o desenrolar disso.
Outro problema está no toque de mágica da produção do personagem de Hoffman, que vale pela sátira à indústria do entretenimento, mas que poderia ser um pouco maneirada. A troca do pacote de batata-frita pelo gato branco é um exagero extremo. E se era um segredo de estado como colocar tanta gente envolvida na produção? Tudo isso também vale como uma crítica ao povo americano e ao poder da televisão, com sua teoria do cultivo, onde todas as informações lhe são passadas pela mídia. Neste ponto, o filme é estupendo.
A figura do presidente também é muito interessante. Afinal, em nenhum momento nos é mostrado o ator que o interpreta, deixando o mistério em relação à sua imagem. Mesmo no momento do discurso à televisão, temos o seu ponto de vista, em uma câmera subjetiva. Tudo isso aumenta a expectativa em relação à sátira feita a Clinton, mas que hoje funciona perfeitamente com qualquer imagem de presidente americano que conheçamos, inclusive na piada em que Hoffman solta "vamos indicar o presidente para o Nobel da Paz?" Como não lembrar de Obama recebendo esse prêmio ano passado e dizendo que a guerra é necessária?
Pode não ser a nossa história e pode ter problemas na resolução, mas a crítica ao poder da mídia é bastante pertinente e nos faz pensar. Após assistir Mera Coincidência a gente começa a achar que não é tão absurdo o movimento que contesta a ida do homem à lua, afinal, não se pode confiar no que mostra a televisão dos Estados Unidos. E além do mais, se em 1968 conseguimos pisar em solo lunar porque desde então, ninguém mais visitou o satélite? Pense nisso.
Porque ele é mais esperto que o rabo. Se o rabo fosse mais esperto, balançaria o cachorro.
Com essa frase surreal, Barry Levinson começa o seu filme Wag The Dog, que seria algo como balançando o cachorro e que a distribuição brasileira transformou em "Mera Coincidência". Com um roteiro de David Mamet, o filme fala do poder da manipulação da mídia e ganhou um certo ar profético. Na verdade, a idéia era satirizar o caso do ex-presidente Clinton com sua estagiária, mas visto hoje, não há como não associar à maneira como os Estados Unidos inventaram uma guerra com o Iraque para fortalecer o presidente Bush. Aí, o título brasileiro funciona como uma luva. Terá sido mera coincidência?
O presidente dos Estados Unidos, às vesperas da reeleição, é acusado de abuso sexual por uma adolescente. Para não prejudicar o resultado nas urnas, a equipe da Casa Branca contrata Sr. Brean em uma bela interpretação de Robert De Niro. O consultor chega a conclusão de que é preciso inventar uma guerra contra a Albânia, só assim, o caso será esquecido. É quando entra em cena o personagem de Dustin Hoffman, em uma interpretação fantástica. Ele é um produtor de Hollywood que irá maquiar algumas imagens para que imprensa e população acredite que está acontecendo uma guerra.
Barry Levinson escolhe muito bem as suas cenas e dirige como se fizesse os bastidores dessa produção sempre com cortes rápidos, uma iluminação menos trabalhada e closes repentinos. O problema está no roteiro que se perde em sua parte final, tentando levar para comédia. Enquanto estamos na construção da guerra, nas falsas matérias, nas músicas sendo criadas, tudo é muito eletrizante e envolvente. A reviravolta, o surgimento do herói, a construção do mito no segundo ato, também é fantástico. Mas, aí vem a resolução e parece que a história desanda. Tornando tudo aquilo meio ridículo, a começar pela aparição de Woody Harrelson e todo o desenrolar disso.
Outro problema está no toque de mágica da produção do personagem de Hoffman, que vale pela sátira à indústria do entretenimento, mas que poderia ser um pouco maneirada. A troca do pacote de batata-frita pelo gato branco é um exagero extremo. E se era um segredo de estado como colocar tanta gente envolvida na produção? Tudo isso também vale como uma crítica ao povo americano e ao poder da televisão, com sua teoria do cultivo, onde todas as informações lhe são passadas pela mídia. Neste ponto, o filme é estupendo.
A figura do presidente também é muito interessante. Afinal, em nenhum momento nos é mostrado o ator que o interpreta, deixando o mistério em relação à sua imagem. Mesmo no momento do discurso à televisão, temos o seu ponto de vista, em uma câmera subjetiva. Tudo isso aumenta a expectativa em relação à sátira feita a Clinton, mas que hoje funciona perfeitamente com qualquer imagem de presidente americano que conheçamos, inclusive na piada em que Hoffman solta "vamos indicar o presidente para o Nobel da Paz?" Como não lembrar de Obama recebendo esse prêmio ano passado e dizendo que a guerra é necessária?
Pode não ser a nossa história e pode ter problemas na resolução, mas a crítica ao poder da mídia é bastante pertinente e nos faz pensar. Após assistir Mera Coincidência a gente começa a achar que não é tão absurdo o movimento que contesta a ida do homem à lua, afinal, não se pode confiar no que mostra a televisão dos Estados Unidos. E além do mais, se em 1968 conseguimos pisar em solo lunar porque desde então, ninguém mais visitou o satélite? Pense nisso.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Por que o cachorro balança o rabo?
2010-07-16T08:50:00-03:00
Amanda Aouad
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