Shrek, assim, nunca mais
Em 2001, Andrew Adamson e a DreamWorks levaram aos cinemas um filme em animação diferente. O protagonista: um ogro cheio de vícios politicamente incorretos e um roteiro repleto de citações e brincadeiras com todos os contos de fadas. Baseado no livro de William Steig, Shrek tem sua vida alterada ao salvar uma princesa de um castelo protegido por um dragão. O que ele não sabia era que a princesa sofria de uma maldição e, à noite se transformava em um... ogro. Alterando o paradigma do belo, o beijo apaixonado no final do primeiro filme fez de Fiona uma ogra para o resto de sua vida. Não que isso tenha sido uma mudança total, afinal, manteve a máxima de iguais. Era apenas uma mudança de ponto de vista. Por que a bela princesa não poderia ficar com o feio ogro? Ainda assim, o sucesso foi imediato.
A história era muito boa, os personagens bem construídos, e o que mais encantava era a sátira a tudo que conhecíamos de histórias de sucesso. Quem não se lembra de Fiona e seu golpe a la Matrix? Ou as engraçadas danças finais? As referências eram muitas, e a história era uma espécie de "deu a louca nos contos de fadas". Veio o segundo filme, a máxima se manteve e até melhorou com a entrada do impagável Gato de Botas. Com a mesma direção e o mesmo tom, Shrek 2 foi um sucesso absoluto, o que inevitavelmente gerou um terceiro. Agora, Shrek tinha que assumir o reino, pois o pai de Fiona morre logo no início. Sem Andrew Adamson, a Saga perdeu um pouco do seu charme, centrando na ação e comédia tradicional.
O problema é que tudo já havia sido abordado e a indústria insistiu em lançar o quarto longa, incluindo, claro, a versão 3D, para aproveitar um pouco mais do sucesso. Não por acaso, a crítica tem sido bastante rigorosa com o longa, mas a paixão pelo ogro falou mais alto e o público norte-americano manteve boas bilheterias. Apesar de nada comparado com os anteriores. Agora, Shrek estreia no Brasil, entre expectativas e dúvidas. Devo dizer que Mike Mitchell e, principalmente, os roteiristas Josh Klausner e Darren Lemke erram a mão. Ao assinar o acordo com Rumplestiltskin, Shrek não alterou apenas o mundo de Far Far Away, ele tirou completamente a essência da história, as referências que o tornavam tão rico e quase não deixou piadas interessantes.
A história é mais manhosa. Shrek é um pai de família, cansado da rotina, que assina um acordo onde teria um dia de Ogro novamente. Então, tudo que conhecíamos muda, e o reino de Far Far Away está completamente diferente. É aquela história em que não tendo mais o que contar, passa uma borracha e começa de novo. Mas, o grande problema de Shrek Para Sempre é a total descaracterização do estilo de roteiro. Os personagens perderam a graça, não há mais referências, sátiras, subversão dos contos de fadas. Destaco apenas o Pinóquio que continua impagável em algumas cenas, poucas situações do gato e uma cena do burro, que foi a única em que eu ri de verdade. A história definitivamente não prende e o final é o mais previsível possível. Aliás, por prever o final, talvez, o espectador não ache que valha a pena investir tanta energia em torcer pelo que quer que seja.
Para quem se apaixonou por Shrek em 2001 é melhor pegar os DVDs e reprisar o primeiro e o segundo, quantas vezes der saudades. Espero, que a DreamWorks cumpra a sua promessa e encerre a Saga de uma vez por todas. Não quero perder o carinho que tenho por esses personagens com outros filmes iguais a este.
A história era muito boa, os personagens bem construídos, e o que mais encantava era a sátira a tudo que conhecíamos de histórias de sucesso. Quem não se lembra de Fiona e seu golpe a la Matrix? Ou as engraçadas danças finais? As referências eram muitas, e a história era uma espécie de "deu a louca nos contos de fadas". Veio o segundo filme, a máxima se manteve e até melhorou com a entrada do impagável Gato de Botas. Com a mesma direção e o mesmo tom, Shrek 2 foi um sucesso absoluto, o que inevitavelmente gerou um terceiro. Agora, Shrek tinha que assumir o reino, pois o pai de Fiona morre logo no início. Sem Andrew Adamson, a Saga perdeu um pouco do seu charme, centrando na ação e comédia tradicional.
O problema é que tudo já havia sido abordado e a indústria insistiu em lançar o quarto longa, incluindo, claro, a versão 3D, para aproveitar um pouco mais do sucesso. Não por acaso, a crítica tem sido bastante rigorosa com o longa, mas a paixão pelo ogro falou mais alto e o público norte-americano manteve boas bilheterias. Apesar de nada comparado com os anteriores. Agora, Shrek estreia no Brasil, entre expectativas e dúvidas. Devo dizer que Mike Mitchell e, principalmente, os roteiristas Josh Klausner e Darren Lemke erram a mão. Ao assinar o acordo com Rumplestiltskin, Shrek não alterou apenas o mundo de Far Far Away, ele tirou completamente a essência da história, as referências que o tornavam tão rico e quase não deixou piadas interessantes.
A história é mais manhosa. Shrek é um pai de família, cansado da rotina, que assina um acordo onde teria um dia de Ogro novamente. Então, tudo que conhecíamos muda, e o reino de Far Far Away está completamente diferente. É aquela história em que não tendo mais o que contar, passa uma borracha e começa de novo. Mas, o grande problema de Shrek Para Sempre é a total descaracterização do estilo de roteiro. Os personagens perderam a graça, não há mais referências, sátiras, subversão dos contos de fadas. Destaco apenas o Pinóquio que continua impagável em algumas cenas, poucas situações do gato e uma cena do burro, que foi a única em que eu ri de verdade. A história definitivamente não prende e o final é o mais previsível possível. Aliás, por prever o final, talvez, o espectador não ache que valha a pena investir tanta energia em torcer pelo que quer que seja.
Para quem se apaixonou por Shrek em 2001 é melhor pegar os DVDs e reprisar o primeiro e o segundo, quantas vezes der saudades. Espero, que a DreamWorks cumpra a sua promessa e encerre a Saga de uma vez por todas. Não quero perder o carinho que tenho por esses personagens com outros filmes iguais a este.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Shrek, assim, nunca mais
2010-07-09T18:01:00-03:00
Amanda Aouad
animacao|aventura|critica|infantil|romance|
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