O que houve com M. Night Shyamalan?
Após os comentários do post sobre O último mestre do ar, senti vontade de analisar um pouco a trajetória de M. Night Shyamalan em Hollywood. Apesar de ter nascido na índia, Shyamalan foi criado nos Estados Unidos, mas desde pequeno tem paixão por cinema. Seu primeiro filme não foi distribuído internacionalmente, logo Olhos Abertos, de 1998, pode ser considerada sua primeira obra. Agora o mundo só voltou seus olhos para ele, de fato em 1999 quando chegou as telas O Sexto Sentido. O filme conseguiu unir um excelente argumento, um roteiro primoroso, grandes atuações, uma direção cuidadosa, gerando um suspense surpreendente, que deu nó na cabeça de muita gente. Mesmo revendo e já sabendo o final, é possível se admirar com a plástica da história e com a forma como as dicas estão ali, sem que a gente perceba.
Mas, aquilo que foi o grande mérito acabou sendo uma tremenda armadilha, pois Shyamalan parece ter se dado a regra de que seus filmes a partir de então, tinham que ter uma surpresa no final. E aí, ficou chato. Corpo Fechado e Sinais tem um estilo interessante, próprio, principalmente o segundo que gosto. Já A Vila acabou desandando exatamente no clímax, não pela revelação da verdade, mas pelo momento em que isso ocorre. Ao contar ao público o segredo antes da protagonista atravessar o matagal, Shyamalan acabou tirando todo o suspense que poderia ser gerado naquela jornada. A escolha para gerar medo acabou sendo vulgar. Estou tentando ao máximo não entregar spoilers, por isso, talvez fique confuso para alguns.
Já A Dama na Água é uma adaptação, no mínimo estranha. Vinda de uma canção de ninar, a narrativa tem reviravoltas a cada segundo, gerando uma confusão mental que não nos deixa envolver na história. O filme tem um excesso de personagens, mas pega principalmente na direção pouco inspirada. O que a gente mais vê é personagem olhando para câmera. Enfim, não convenceu a ninguém e por isso, confesso que ainda não assisti O Fim dos Tempos.
Fui ao cinema assistir O Último Mestre do Ar por causa da série, não do diretor. Assim como eu, ele se apaixonou pela lenda de Aang e quis levá-la à grande tela. Ok. Não vou reclamar de um empreendedor que produz, roteiriza e dirige seus filmes para não ser hipócrita ao aplaudir diretores autorais. Mas, como disse Luiz Bolognesi, para fazer isso tem que ser gênio, senão o melhor é a troca de experiências.
Apesar da genialidade de O Sexto Sentido e dos dois bons filmes seguintes, Shyamalan demonstra cansaço. Da fórmula, do tema, da expectativa. Em O Último Mestre do Ar, demonstra ainda a incapacidade de adaptar, pois não consegue as melhores escolhas em seu roteiro, que torna a história confusa, mesmo apelando para algumas cenas didáticas. Mas, a forma é interessante. A direção é coerente, os efeitos são excelentes. E, engana-se quem acha que a história não tem semelhanças com a trajetória do diretor. Afinal, Aang fala de experiências místicas. É um mundo ficcional, sim, totalmente criado, mas há o ser especial que pode trazer a paz. Tanto que ele puxou bastante para as incursões do personagem no mundo espiritual.
O fato é que, independente de eu gostar de Avatar e não ter achado o filme ruim, M. Night Shyamalan se tornou sinônimo de fracasso para crítica. Desceu a ladeira literalmente. É complicado reverter essa imagem, ainda mais com um filme baseado em um desenho animado que já gera, por si só, preconceitos. Os cenários e elementos que vi alguns críticos reclamarem, fazem parte da trama original. Em termos visuais, ele foi totalmente fiel ao desenho. Interessante é que o público não o abandonou de vez, muita gente ainda o defende. Ele tem uma linguagem própria e sempre vai encontrar alguém que goste. Em setembro, estreia sua próxima produção nos EUA: Devil. E eu sinceramente espero que algum dia o diretor nos brinde com uma outra obra especial e complexa como O Sexto Sentido.
Mas, aquilo que foi o grande mérito acabou sendo uma tremenda armadilha, pois Shyamalan parece ter se dado a regra de que seus filmes a partir de então, tinham que ter uma surpresa no final. E aí, ficou chato. Corpo Fechado e Sinais tem um estilo interessante, próprio, principalmente o segundo que gosto. Já A Vila acabou desandando exatamente no clímax, não pela revelação da verdade, mas pelo momento em que isso ocorre. Ao contar ao público o segredo antes da protagonista atravessar o matagal, Shyamalan acabou tirando todo o suspense que poderia ser gerado naquela jornada. A escolha para gerar medo acabou sendo vulgar. Estou tentando ao máximo não entregar spoilers, por isso, talvez fique confuso para alguns.
Já A Dama na Água é uma adaptação, no mínimo estranha. Vinda de uma canção de ninar, a narrativa tem reviravoltas a cada segundo, gerando uma confusão mental que não nos deixa envolver na história. O filme tem um excesso de personagens, mas pega principalmente na direção pouco inspirada. O que a gente mais vê é personagem olhando para câmera. Enfim, não convenceu a ninguém e por isso, confesso que ainda não assisti O Fim dos Tempos.
Fui ao cinema assistir O Último Mestre do Ar por causa da série, não do diretor. Assim como eu, ele se apaixonou pela lenda de Aang e quis levá-la à grande tela. Ok. Não vou reclamar de um empreendedor que produz, roteiriza e dirige seus filmes para não ser hipócrita ao aplaudir diretores autorais. Mas, como disse Luiz Bolognesi, para fazer isso tem que ser gênio, senão o melhor é a troca de experiências.
Apesar da genialidade de O Sexto Sentido e dos dois bons filmes seguintes, Shyamalan demonstra cansaço. Da fórmula, do tema, da expectativa. Em O Último Mestre do Ar, demonstra ainda a incapacidade de adaptar, pois não consegue as melhores escolhas em seu roteiro, que torna a história confusa, mesmo apelando para algumas cenas didáticas. Mas, a forma é interessante. A direção é coerente, os efeitos são excelentes. E, engana-se quem acha que a história não tem semelhanças com a trajetória do diretor. Afinal, Aang fala de experiências místicas. É um mundo ficcional, sim, totalmente criado, mas há o ser especial que pode trazer a paz. Tanto que ele puxou bastante para as incursões do personagem no mundo espiritual.
O fato é que, independente de eu gostar de Avatar e não ter achado o filme ruim, M. Night Shyamalan se tornou sinônimo de fracasso para crítica. Desceu a ladeira literalmente. É complicado reverter essa imagem, ainda mais com um filme baseado em um desenho animado que já gera, por si só, preconceitos. Os cenários e elementos que vi alguns críticos reclamarem, fazem parte da trama original. Em termos visuais, ele foi totalmente fiel ao desenho. Interessante é que o público não o abandonou de vez, muita gente ainda o defende. Ele tem uma linguagem própria e sempre vai encontrar alguém que goste. Em setembro, estreia sua próxima produção nos EUA: Devil. E eu sinceramente espero que algum dia o diretor nos brinde com uma outra obra especial e complexa como O Sexto Sentido.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O que houve com M. Night Shyamalan?
2010-08-20T08:55:00-03:00
Amanda Aouad
aventura|grandes cineastas|M. Night Shyamalan|suspense|
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