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Amor por acaso

Juliana Paes e Dean CainDepois de Selton Mello e Marco Ricca, chegou a vez de Márcio Garcia virar diretor. Sim, Márcio Garcia acaba de lançar seu primeiro longametragem. Uma comédia romântica nas fórmulas exatas de Hollywood, com Juliana Paes e o Super Homem Dean Cain no elenco. Confesso que fui ao cinema com os dois pés atrás, mas a co-produção Brasil e Estados Unidos até me surpreendeu. É bem feitinho, como diria Luciano Huck. Falando sério, não esperem uma obra-prima com grandes inovações nem promessas de estilo autoral como foram Mello e Ricca. É apenas um filme com padrões bem definidos e funcional.


Em outro post, começamos uma discussão sobre a validade ou não de filmes de gênero no Brasil. Eu continuo achando uma opção válida apesar de aplaudir com maior entusiasmo filmes como Feliz Natal ou Cabeça a Prêmio. Agora não precisa também imitar tão descaradamente o estilo. Acho que Garcia abusa de clichês em alguns momentos e peca ao construir personagens lamentáveis como o de Marcos Pasquim. Ninguém merece aquele "caraca" pseudo-engraçado. Já Juliana Paes surpreende como a mocinha romântica que "herda" uma dívida de 500 mil doláres e tem que ir à Califórnia desalojar o belo Dean Cain de sua pousada recém-inaugurada.

Juliana Paes e Dean CainA história começa com as duas narrativas em paralelo. Nos Estados Unidos, Jake Sullivan, vivido por Cain, reforma sua casa para abrir uma pousada após se separar da estrela de cinema Amanda Cox, vivida por Kimberly Quinn. No Rio de Janeiro, Ana Vilanova, coordenadora de vendas de uma grande loja de departamentos, herda dívidas de seu pai, mas descobre que é herdeira também de uma propriedade em uma região vinícola da California deixada por sua avó. Detalhe, a pousada de Sulivan é a propriedade herdada por Ana. Ela, então, vai com seu advogado para o local e começa a disputa pela terra que bons espectadores de comédias românticas já sabem como termina.

Amor por acasoO interessante nesse formato requentado é ver essa mistura Brasil / Estados Unidos funcionar minimamente bem. Até o inglês de Juliana Paes está bem resolvido, não me assustarei se ela for chamada para interpretar alguma latina em filmes futuros de Hollywood. Destaque mesmo são alguns secundários como a engraçada Zilah Mendoza que faz a auxiliar Maria e Ted Lange que está impagável como o juiz O'Connor. Agora pior do que a participação de Marcos Pasquim só a piadinha final que Márcio Garcia faz consigo mesmo. Definitivamente não precisava daquilo.

A direção não tem destaque, mas é funcional, assim como o roteiro de Leland Douglas utiliza clichês óbvios do gênero, mas também funciona. Os atores não fazem feio e os cenários são bem apresentados em uma fotografia padrão. É pontual perceber, no entanto, que a técnica muda completamente da Califórnia para o Rio de Janeiro, seja em fotografia, finalização da imagem ou som. Tudo leva a crer que a Califórnia é muito mais cinematográfica. A música de Dennis Smith, também, cansa no exagero de canções, além de manter a visão restrita do Brasil. Com um diretor brasileiro, era de se esperar outra coisa, mas Márcio Garcia fez um filme para gringo ver.

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