Tropa de Elite 2 sem dúvidas foi o filme brasileiro do ano. Alguns não gostaram, outros ficaram extasiados, alguns ficaram com raiva e outros se tornaram fãs de Padilha. O fato é que o Brasil inteiro viu ou pelo menos ouviu falar. Oficialmente temos 10,3 milhões de espectadores, nesse fim de semana deve ter chegado a mais e tudo indica que quebrará o recorde de Dona Flor e seus Dois Maridos com 10,7 milhões de expectadores. Por que isso é tão extraordinário? Porque na época do filme de Bruno Barreto, as pessoas iam mais ao cinema. O ingresso era mais barato e não existiam tantas opções extras. Ou se via filme nas salas ou esperava passar na televisão. Vídeo-cassete era coisa de rico e foi exatamente 1976 que a Sony começou a popularizar o formato e no Brasil, eles só chegaram mesmo na década de 80. Não existia DVD ou pirataria. Ver on line então, era ficção científica. Era mais fácil, então, filme ter bom público e bilheteria. Hoje, apenas 5% da população brasileira vai aos cinemas. A marca que parecia inquebrável ficou próxima e abre caminho para novas investidas.
Esse foi também o ano dos filmes espíritas no cinema. Começou com a cinebiografia de Chico Xavier, dirigido por Daniel Filho. O ex-diretor da Rede Globo perdeu o posto de arrasa-quarteirões para Padilha, mas não fez feio. Além de um bom filme, Chico, com três dias apenas já tinha a maior bilheteria da retomada até o momento, 593 mil ingressos vendidos da Sexta-Feira da Paixão ao Domingo de Páscoa. Ele parecia preparar para o lançamento em setembro de um marco na cinematografia brasileira. Nosso Lar, dirigido por Walter de Assis, tinha o maior orçamento já gasto em um filme nacional e os trailers prometiam um aparato tecnológico ímpar. Decepcionou roteiro e direção, ainda assim, teve fãs ardorosos levados pela força da mensagem. Tanto que na votação popular do Minc venceu com folga os demais adversários na preferência ao Oscar.O que era de se esperar do país com a maior população espírita do mundo.
Em 2010, tivemos também uma novidade no gênero infantil com o filme Eu e meu Guarda-chuva, baseado no livro de Branco Melo, e bons filmes adolescentes como As melhores coisas do mundo, Antes que o Mundo Acabe e Os Famosos e os Duendes da Morte. Destaque ainda para Histórias de amor duram apenas 90 minutos, sobre a crise dos 30 anos, e 5 x Favela - Agora por Nós Mesmos, que resgata o projeto de 1961 liderado por Cacá Diegues, só que agora com jovens cineastas moradores de favelas do Rio de Janeiro, treinados e capacitados a partir de oficinas profissionalizantes de audiovisual.
Tivemos ainda nesse ano a volta de Arnaldo Jabor ao cinema, após 20 anos com A Suprema Felicidade. Pena que o filme demonstra um diretor sem o impacto de outrora, fazendo apenas um filme correto. Impacto vimos com Marcelo Gomes e Karim Aïnouz em um filme experimental, poético e impressionante: Viajo porque preciso, volto porque te amo. Destaque ainda para o resgate de nossa história recente com Dzi Croquettes, um docudrama sobre o irreverente grupo dos anos 60 e Uma Noite em 67, que mostra como foi a final do festival da canção daquele ano, um dos mais marcantes da história da música popular brasileira.
A Bahia também teve seu momento. O filme Quincas Berro D´Água, dirigido pelo baiano Sérgio Machado, foi sucesso trazendo Paulo José no papel principal. O filme inovou com ações na internet e pré-estreia exclusiva para blogueiros. Mas o cinema que é feito na Bahia também está em plena ascenção, começando pelo documentário de Henrique Dantas sobre os Novos Baianos, Filhos de João, que já passeou por vários festivais e ganhou boas promessas de distribuição. Tem ainda prontos para chegar ao público Trampolim do Forte, de João Rodrigo e O Jardim das Folhas Sagradas de Pola Ribeiro, ambos exibidos no Festival do Rio com boa aceitação. Sem falar em Estranhos, filme de Paulo Alcântara que teve uma ótima pré-estreia aqui no início do ano, mas ainda não conseguiu chegar ao público.
Como falei, foi um ano tão bom que até esquecemos algumas manchas a exemplo de Federal ou 400 contra 1. A expectativa é que este seja apenas o começo e que o cinema nacional consiga se manter forte, com filmes de todos os gêneros ganhando cada vez mais espaço nas salas de cinema e na lembrança de seu público. Muitos filmes não foram citados nesse post, o que demonstra o quanto a produção foi farta. Que venha 2011!
Gostaria de agradecer a Hugo, do blog Cinema - Filmes e Seriados por ter me indicado ao prêmio Dardos. Faz tempo que o CinePipocaCult não ganhava um selo desses. Ser lembrado por um blog parceiro é sempre uma satisfação e nos deixa muito felizes.
As regras são as seguintes:
1. Exibir a imagem do selo no seu blog
2. Linkar o blog pelo qual recebeu a indicação.
3. Escolher outros blogs para receber o Prêmio Dardos
4. Avisar aos escolhidos.
Blogs indicados:
Apimentário
Cinéfila por Natureza
Cinema Rodrigo
Cinema, a arte de emoção
Blogcitário
P.S. Indicaria também Claquete, mas como o próprio Hugo também indicou, fica pra próxima.