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Tom Hooper
O Discurso do Rei
O Discurso do Rei
Doze indicações ao Oscar, parece que o filme de Tom Hooper está ganhando força mesmo, principalmente após a vitória no PGA. O Discurso do Rei é uma obra extremamente bem realizada. A direção é muito boa, o roteiro é acertado, a direção de arte, a fotografia, o som, a edição são muito bem cuidados e as interpretações são irretocáveis. A união disso tudo dá mesmo um grande filme. O único problema é que ele é bem feitinho demais e, como disse Vincent Cassel em Cisne Negro, às vezes, faz parte da perfeição perder o controle. Então, ele não nos arrebata. Não saímos do cinema estupefados com a inovação de A Origem, nem com a agilidade de A Rede Social, muito menos com a emoção de Cisne Negro. Ainda assim, é um belo filme, com todos os méritos para suas doze indicações e possíveis vitórias.
George sofre de uma gagueira desde a infância. Se isso já é um problema para uma pessoa comum, imagine para um príncipe? Tudo piora quando seu pai morre e seu irmão mais velho abdica do trono para casar com uma americana desquitada. O Rei da Inglaterra tem que falar à seus súditos, ainda mais agora que o rádio virou uma comunicação oficial do reino. É quando entra em cena o incomum fonoaudiólogo Lionel Logue. Ele terá que ajudar o futuro rei a superar seus traumas e conseguir fazer um discurso sem gaguejar.
A genialidade de David Seidler está em construir um roteiro que nos prenda a ponto de sentir o problema da gagueira do rei como um problema de estado. Maior até que a guerra iminente, quem sabe. Nos envolvemos no drama, na terapia compulsória, na iminência do discurso. A cadência da história, o humor inglês com várias frases satíricas, deixam a estrutura dinâmica, não tornando o filme chato. A gente se envolve e não percebe que deu importância demais a um problema tão pequeno. Isso é perigoso, mas também mérito do filme. A direção de Hooper e a fotografia Danny Cohen contribuem para essa construção, primando pelos detalhes. O plano inicial no estádio de Wembley, com o enquadramento do microfone de baixo para cima pegando o estádio é um resumo do sentimento do filme.
A direção de arte é outro ponto positivo, sempre cuidadoso com a época, rico em detalhes, em harmonia com o figurino e os cenários. Assim como o som, os detalhes de ruídos, a transmissão via rádio, a trilha sonora. Como já disse, o filme é construído com muita técnica e preparo. Todos os planos são bem pensados. Os enquadramentos, os movimentos de câmera. Um balé bem realizado que nos envolve em sua teia. Não há defeitos a serem apontados, mas também não há inovações. É o filme clássico. Nada salta aos olhos.
Talvez, as interpretações. Colin Firth brilha absoluto como protagonista dessa história. A força de sua gagueira, a dor de não conseguir expressar as palavras, a dureza de um representante da família real que aprendeu a não expor suas fraquezas ao mesmo tempo em que precisa abrir seus medos para se curar. Passamos boa parte da projeção grudados em seu rosto, se ele não fosse bem, o filme seria um fracasso. Da mesma forma, Geoffrey Rush que é o suporte perfeito para Firth. Como seu fonoaudiólogo, Rush dá o tempero exato para que a química entre os dois gere momentos memoráveis. Já Helena Bonham Carter é uma excelente atriz, e como tal dá à sua Rainha Elizabeth uma emoção e força necessárias ao papel. Mas, o roteiro não chega a exigir muito dela. Talvez, por isso, não esteja tão cotada nas premiações.
O Discurso do Rei é isso. Um filme bem realizado em todos os quesitos técnicos. Por isso, as doze indicações. Além disso, é um filme bonito, emocionante, envolvente. Só que é preciso um pouco de tempero extra para se tornar uma obra-prima. Falta esse tempero à obra. Não que isso o torne ruim. Apenas não me convenceu como o grande filme do ano.
O Discurso do Rei: (The King's Speech / 2010: Inglaterra)
Direção:Tom Hooper
Roteiro: David Seidler
Com:Colin Firth, Helena Bonham Carter, Geoffrey Rush, Michael Gambon.
Duração: 118 min.
George sofre de uma gagueira desde a infância. Se isso já é um problema para uma pessoa comum, imagine para um príncipe? Tudo piora quando seu pai morre e seu irmão mais velho abdica do trono para casar com uma americana desquitada. O Rei da Inglaterra tem que falar à seus súditos, ainda mais agora que o rádio virou uma comunicação oficial do reino. É quando entra em cena o incomum fonoaudiólogo Lionel Logue. Ele terá que ajudar o futuro rei a superar seus traumas e conseguir fazer um discurso sem gaguejar.
A genialidade de David Seidler está em construir um roteiro que nos prenda a ponto de sentir o problema da gagueira do rei como um problema de estado. Maior até que a guerra iminente, quem sabe. Nos envolvemos no drama, na terapia compulsória, na iminência do discurso. A cadência da história, o humor inglês com várias frases satíricas, deixam a estrutura dinâmica, não tornando o filme chato. A gente se envolve e não percebe que deu importância demais a um problema tão pequeno. Isso é perigoso, mas também mérito do filme. A direção de Hooper e a fotografia Danny Cohen contribuem para essa construção, primando pelos detalhes. O plano inicial no estádio de Wembley, com o enquadramento do microfone de baixo para cima pegando o estádio é um resumo do sentimento do filme.
A direção de arte é outro ponto positivo, sempre cuidadoso com a época, rico em detalhes, em harmonia com o figurino e os cenários. Assim como o som, os detalhes de ruídos, a transmissão via rádio, a trilha sonora. Como já disse, o filme é construído com muita técnica e preparo. Todos os planos são bem pensados. Os enquadramentos, os movimentos de câmera. Um balé bem realizado que nos envolve em sua teia. Não há defeitos a serem apontados, mas também não há inovações. É o filme clássico. Nada salta aos olhos.
Talvez, as interpretações. Colin Firth brilha absoluto como protagonista dessa história. A força de sua gagueira, a dor de não conseguir expressar as palavras, a dureza de um representante da família real que aprendeu a não expor suas fraquezas ao mesmo tempo em que precisa abrir seus medos para se curar. Passamos boa parte da projeção grudados em seu rosto, se ele não fosse bem, o filme seria um fracasso. Da mesma forma, Geoffrey Rush que é o suporte perfeito para Firth. Como seu fonoaudiólogo, Rush dá o tempero exato para que a química entre os dois gere momentos memoráveis. Já Helena Bonham Carter é uma excelente atriz, e como tal dá à sua Rainha Elizabeth uma emoção e força necessárias ao papel. Mas, o roteiro não chega a exigir muito dela. Talvez, por isso, não esteja tão cotada nas premiações.
O Discurso do Rei é isso. Um filme bem realizado em todos os quesitos técnicos. Por isso, as doze indicações. Além disso, é um filme bonito, emocionante, envolvente. Só que é preciso um pouco de tempero extra para se tornar uma obra-prima. Falta esse tempero à obra. Não que isso o torne ruim. Apenas não me convenceu como o grande filme do ano.
O Discurso do Rei: (The King's Speech / 2010: Inglaterra)
Direção:Tom Hooper
Roteiro: David Seidler
Com:Colin Firth, Helena Bonham Carter, Geoffrey Rush, Michael Gambon.
Duração: 118 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Discurso do Rei
2011-02-09T00:10:00-03:00
Amanda Aouad
Colin Firth|critica|drama|Geoffrey Rush|Helena Bonham Carter|livro|oscar 2011|Tom Hooper|
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