Carl e Ellie: Uma bela história de amor
A Pixar conseguiu resumir em pouco tempo o amor ideal. O primeiro ato do filme UP - Altas aventuras é um primor de roteiro com a trama de Carl e Ellie. O encontro de duas almas, desde pequenos até a velhice. Sempre juntos, compartilhando o mesmo sonho. Quer coisa mais linda? Nessa véspera de Dia dos Namorados, resolvi resgatar aqui essa sub-trama que dá início ao filme vencedor do Oscar de melhor animação em 2010. Não tenho dúvidas de que esse prefácio foi o responsável por tanto sucesso do filme. É simplesmente perfeito.
Antes dele, conhecemos os dois ainda crianças sonhadoras. Ele sempre com seu balão azul, ela sempre imaginando uma forma de voar. Mas, acho que esse resumo da vida de casado é a melhor parte. Tudo é construído nos detalhes. A casa que eles reformam juntos é enquadrada de uma forma incrivelmente rica. Ambos trabalham, reparem na cena em que eles empurram juntos duas cadeiras, ela empurra a dele e ele empurra a dela, demonstrando que não estão nunca pensando de forma separada. Ela pinta a caixa de correio, ele suja sem querer com a palma da mão, ela então, coloca a dela também como se fosse uma marca de ambos, afinal aquela é a casa deles, eles constróem as regras, sem brigas. O desenho infantil da casa dos sonhos se torna a casa real. O local de namoro em cima do morro, com ela subindo rapidamente e ele cansando, este detalhe é importante para a cena mais a frente quando é ela que não consegue subir.
A forma de construir a elipse da vida à dois, sem uma fala é outra mágica dessa sequência. Através das nuvens vem a idéia do bebê, depois a cena deles arrumando o quarto, para finalmente ela chorando com uma notícia do médico. Não fica claro se ela perdeu o bebê ou se nunca puderam tê-los, mas o fato é que vivem sozinhos. Outro símbolo incrível de construção de cena é o pote de economias. O dinheiro vai entrando aos poucos, mas sempre surge algo que precisam quebrar o pote e adiar o sonho da viagem. Detalhe no enquadramento do pote que na primeira vez mostra os dois decidindo quebrar, então, estão em quadro juntos, depois utilizar as economias se torna rotina, então, apenas as mãos são enquadradas junto ao pote.
Por fim, vem o recurso de passagem do tempo através da rotina da gravata. Todos os tipos e cores vão aparecendo, ali estão embutidas moda, amadurecimento de Carl, passagem do tempo até a atual gravatinha borboleta. Mesmo com uma idade avançada eles ainda cuidam juntos da casa e mantêm a mesma cumplicidade e graça de quando jovens. É aí que vem a idéia de cumprir o sonho, mas o destino prega uma peça em Carl que tem que se consolar com apenas a lembrança de Ellie. Alguns podem alegar que tem um ar melancólico, mas acredito que este seja o verdadeiro "felizes para sempre". Quem viu o filme compreende melhor que o amor de ambos não termina. Ellie segue com Carl em seu álbum de desejos e a cena em que ele folheia as páginas que ela tinha completado após o casamento é a maior prova disso.
Este é o verdadeiro amor. Afinal, como diria Vinícius de Morais: "Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure".
Antes dele, conhecemos os dois ainda crianças sonhadoras. Ele sempre com seu balão azul, ela sempre imaginando uma forma de voar. Mas, acho que esse resumo da vida de casado é a melhor parte. Tudo é construído nos detalhes. A casa que eles reformam juntos é enquadrada de uma forma incrivelmente rica. Ambos trabalham, reparem na cena em que eles empurram juntos duas cadeiras, ela empurra a dele e ele empurra a dela, demonstrando que não estão nunca pensando de forma separada. Ela pinta a caixa de correio, ele suja sem querer com a palma da mão, ela então, coloca a dela também como se fosse uma marca de ambos, afinal aquela é a casa deles, eles constróem as regras, sem brigas. O desenho infantil da casa dos sonhos se torna a casa real. O local de namoro em cima do morro, com ela subindo rapidamente e ele cansando, este detalhe é importante para a cena mais a frente quando é ela que não consegue subir.
A forma de construir a elipse da vida à dois, sem uma fala é outra mágica dessa sequência. Através das nuvens vem a idéia do bebê, depois a cena deles arrumando o quarto, para finalmente ela chorando com uma notícia do médico. Não fica claro se ela perdeu o bebê ou se nunca puderam tê-los, mas o fato é que vivem sozinhos. Outro símbolo incrível de construção de cena é o pote de economias. O dinheiro vai entrando aos poucos, mas sempre surge algo que precisam quebrar o pote e adiar o sonho da viagem. Detalhe no enquadramento do pote que na primeira vez mostra os dois decidindo quebrar, então, estão em quadro juntos, depois utilizar as economias se torna rotina, então, apenas as mãos são enquadradas junto ao pote.
Por fim, vem o recurso de passagem do tempo através da rotina da gravata. Todos os tipos e cores vão aparecendo, ali estão embutidas moda, amadurecimento de Carl, passagem do tempo até a atual gravatinha borboleta. Mesmo com uma idade avançada eles ainda cuidam juntos da casa e mantêm a mesma cumplicidade e graça de quando jovens. É aí que vem a idéia de cumprir o sonho, mas o destino prega uma peça em Carl que tem que se consolar com apenas a lembrança de Ellie. Alguns podem alegar que tem um ar melancólico, mas acredito que este seja o verdadeiro "felizes para sempre". Quem viu o filme compreende melhor que o amor de ambos não termina. Ellie segue com Carl em seu álbum de desejos e a cena em que ele folheia as páginas que ela tinha completado após o casamento é a maior prova disso.
Este é o verdadeiro amor. Afinal, como diria Vinícius de Morais: "Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure".
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Carl e Ellie: Uma bela história de amor
2011-06-11T08:40:00-03:00
Amanda Aouad
animacao|materias|namorados|romance|
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