Os Pinguins do Papai
Jim Carrey é um ótimo ator, mas que ficou marcado por um tipo caricato com suas caretas exageradas. Em alguns momentos do seu novo filme ainda é possível perceber um certo eco de O Máskara, mas aqui a forma amenizada funciona bem com o clima em geral. Os Pinguins do Papai é um filme divertido, que apesar de clichê, resgata valores familiares importantes.
Tom Popper cresceu praticamente sem pai, um aventureiro que rodou o mundo. A maioria das vezes, suas conversas se faziam através de um rádio instalado em seu quarto onde se comunicava com ele pelo codinome Pontinhas dos Pés. Possivelmente, a ausência paterna deixou Tom descrente da humanidade, se tornando um adulto frio e prático. Seu trabalho é comprar imóveis antigos para derrubar e construir prédios modernos no local e faz isso como ninguém devido à ótima lábia. Tudo se complica quando ele tem que convencer uma velha senhora a vender seu restaurante e, em paralelo, chega a sua casa uma herança um tanto diferente de seu pai: um pinguim.
O roteiro, baseado no livro infantil de Richard Atwater e Florence Atwater, consegue construir uma crônica familiar interessante. Tom é separado de sua esposa, com quem teve dois filhos. Apesar da facilidade de conversar no trabalho, ele não consegue se comunicar bem com sua família que está cada vez mais distante. Uma espécie de repetição parental com o pai ausente. A presença dos pinguins também não deixa de ser instigante. As pequenas aves são engraçadas e os sentimentos construídos com o passar da história se assemelham a um bicho de estimação doméstico. Pinguins não são novidades na filmografia recente, vide comédias como Happy Feet, Tá Dando Onda e A Marcha dos Pinguins, então, é fácil se identificar com eles, principalmente ao descobrir no documentário de 2005 o quanto eles são sensíveis e fiéis.
A direção de Mark Waters consegue aproveitar bem os trunfos que a história lhe dá, explorando as simpatias dos bichinhos e fazendo-os dialogar com Jim Carrey e com os espectadores. Somos cúmplices daquela travessura. Em uma cena, Tom tem que ir trabalhar e deixa a ave presa na banheira. Utilizando a velha estratégia do suspense de mostrar ao espectador algo que o personagem não vê, Waters constrói uma antecipação da situação cômica, fazendo-nos rir duas vezes. Outra boa sacada do diretor é associar Charles Chaplin aos pinguins. Há também símbolos visuais como a sombra sobre o prédio onde Tom mora, sempre que algum problema se aproxima. E os diálogos possuem várias referências e metáforas inteligentes.
Mas, claro que nem tudo são flores em Os Pinguins do Papai. Há o velho e "bom" clichê com um desenvolvimento óbvio, em busca de valores familiares. Há também alguns exageros por parte de Jim Carrey, com suas eternas caras-e-bocas. E há piadas repetitivas como a da ave defecando, que em alguns momentos beira ao mau gosto, mas em outras são extremamente divertidas. Fora a suspensão da realidade em alguns momentos, como o pinguim olhando a águia e querendo voar. Ou a trupe repetindo passos de dança. Isso sem falar da fila indiana e a possibilidade de criar seis pinguins em um apartamento de Nova York sem levantar muitos problemas. Mesmo os valores que a história destaca são construídos de forma leve, em uma linguagem infantil. Mas, em alguns momentos me fez lembrar de Uma Babá Quase Perfeita.
Clichê, infantil e com alguns trejeitos repetitivos de Jim Carrey. Dizendo assim parece que Os Pinguins do Papai é daqueles filmes besteirol descartáveis. Mas, o ritmo da narrativa nos cativa, principalmente pelo carisma das pequenas aves preta e brancas que se assemelham mesmo a crianças levadas que só querem um pouco de atenção e carinho. Um filme divertido para todos.
Os Pinguins do Papai (Mr. Popper's Penguins: 2011 /EUA)
Direção: Mark Waters
Roteiro: Sean Anders, John Morris e Jared Stern
Com: Jim Carrey, Carla Gugino, Madeline Carroll, James Tupper.
Duração: 94 min
Tom Popper cresceu praticamente sem pai, um aventureiro que rodou o mundo. A maioria das vezes, suas conversas se faziam através de um rádio instalado em seu quarto onde se comunicava com ele pelo codinome Pontinhas dos Pés. Possivelmente, a ausência paterna deixou Tom descrente da humanidade, se tornando um adulto frio e prático. Seu trabalho é comprar imóveis antigos para derrubar e construir prédios modernos no local e faz isso como ninguém devido à ótima lábia. Tudo se complica quando ele tem que convencer uma velha senhora a vender seu restaurante e, em paralelo, chega a sua casa uma herança um tanto diferente de seu pai: um pinguim.
O roteiro, baseado no livro infantil de Richard Atwater e Florence Atwater, consegue construir uma crônica familiar interessante. Tom é separado de sua esposa, com quem teve dois filhos. Apesar da facilidade de conversar no trabalho, ele não consegue se comunicar bem com sua família que está cada vez mais distante. Uma espécie de repetição parental com o pai ausente. A presença dos pinguins também não deixa de ser instigante. As pequenas aves são engraçadas e os sentimentos construídos com o passar da história se assemelham a um bicho de estimação doméstico. Pinguins não são novidades na filmografia recente, vide comédias como Happy Feet, Tá Dando Onda e A Marcha dos Pinguins, então, é fácil se identificar com eles, principalmente ao descobrir no documentário de 2005 o quanto eles são sensíveis e fiéis.
A direção de Mark Waters consegue aproveitar bem os trunfos que a história lhe dá, explorando as simpatias dos bichinhos e fazendo-os dialogar com Jim Carrey e com os espectadores. Somos cúmplices daquela travessura. Em uma cena, Tom tem que ir trabalhar e deixa a ave presa na banheira. Utilizando a velha estratégia do suspense de mostrar ao espectador algo que o personagem não vê, Waters constrói uma antecipação da situação cômica, fazendo-nos rir duas vezes. Outra boa sacada do diretor é associar Charles Chaplin aos pinguins. Há também símbolos visuais como a sombra sobre o prédio onde Tom mora, sempre que algum problema se aproxima. E os diálogos possuem várias referências e metáforas inteligentes.
Mas, claro que nem tudo são flores em Os Pinguins do Papai. Há o velho e "bom" clichê com um desenvolvimento óbvio, em busca de valores familiares. Há também alguns exageros por parte de Jim Carrey, com suas eternas caras-e-bocas. E há piadas repetitivas como a da ave defecando, que em alguns momentos beira ao mau gosto, mas em outras são extremamente divertidas. Fora a suspensão da realidade em alguns momentos, como o pinguim olhando a águia e querendo voar. Ou a trupe repetindo passos de dança. Isso sem falar da fila indiana e a possibilidade de criar seis pinguins em um apartamento de Nova York sem levantar muitos problemas. Mesmo os valores que a história destaca são construídos de forma leve, em uma linguagem infantil. Mas, em alguns momentos me fez lembrar de Uma Babá Quase Perfeita.
Clichê, infantil e com alguns trejeitos repetitivos de Jim Carrey. Dizendo assim parece que Os Pinguins do Papai é daqueles filmes besteirol descartáveis. Mas, o ritmo da narrativa nos cativa, principalmente pelo carisma das pequenas aves preta e brancas que se assemelham mesmo a crianças levadas que só querem um pouco de atenção e carinho. Um filme divertido para todos.
Os Pinguins do Papai (Mr. Popper's Penguins: 2011 /EUA)
Direção: Mark Waters
Roteiro: Sean Anders, John Morris e Jared Stern
Com: Jim Carrey, Carla Gugino, Madeline Carroll, James Tupper.
Duração: 94 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Os Pinguins do Papai
2011-06-29T08:37:00-03:00
Amanda Aouad
Carla Gugino|comedia|critica|infantil|Jim Carrey|Mark Waters|
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