Violência em filme é fácil de encontrar, ainda mais em filme de ação. É possível lembrar de várias em todos os níveis. Desde Pulp Fiction em suas diversas cenas de tiro, passando por guerras como o início de O Resgate do Soldado Ryan, ou até violências mais pesadas como a cena do extintor em Irreversível. Aí, a gente fica se perguntando, como escolher uma cena? Resolvi, então, ir contra as expectativas e escolher uma cena que é mais violenta pelo que ela representa que pelos estragos em si. A violência contra si próprio em Clube da Luta.
O filme já tem vários exemplos de violência, afinal, homens se reunirem em um clube para bater e esquecer os problemas já não é algo pacífico. Mas, nada é mais forte do que a cena em que o personagem de Edward Norton é chamado pelo chefe em sua sala. Sozinhos ali, ele começa a se espancar sem dó, nem piedade apenas para culpar o outro homem e ganhar uma boa promoção. E David Fincher não poupa sangue, socos e quedas nessa cena que impressiona. Chega a ser louco pensar em algo assim, não?
Boas cenas de sexo também não faltam em filmes, e claro, não estou falando de gênero pornô. Podemos lembrar de filmes inteiros com ótimas cenas de sexo como Nove e Meia Semanas de Amor, Os Sonhadores, O Último Tango em Paris, Lua de Fel, A insustentável Leveza do Ser, entre tantos outros. Se você for mais puro, até mesmo a descoberta do sexo em A Lagoa Azul pode valer. Ari sugeriu até uma cena entre Neve Campbell, Denise Richards e Matt Dillon em Garotas Selvagens. De fato, uma cena quente, e bem construída. Quem não viu e ficou curioso, está aqui. Isso me lembrou também da cena de Naomi Watts e Laura Harring em Cidade dos Sonhos.
Cenas e referências não faltam. Mas, como uma boa menina (hehe), resolvi destacar aqui uma cena que deve ter povoado os sonhos de muitas mulheres, graças ao belo abdômen de Brad Pitt, ainda um quase desconhecido, em Thelma e Louise. Ridley Scott foi "cruel" ao começar a sequência com aquele pan vertical, depois o detalhe dele puxando Geena Davis para perto de si. Pena que a cena está cortada aqui, mas o principal, vocês podem conferir.
Cenas de perseguição, ainda mais de carro, parecem todas iguais. Algumas com um balé melhor, outras com muitos cortes para dar a sensação de urgência. Por isso, ao falar em cena de perseguição lembrei logo de cenas de correria a pé. A princípio de Matrix, quando Neo foge do agente Smith. Mas, aí veio outra que é muito melhor, uma das primeiras cenas de B13 - 13º Distrito. O filme produzido por Luc Besson e dirigido por Pierre Morel é pura adrenalina, com uma boa história.
Se passa em um futuro alternativo, onde a França foi dividida através de muros em distritos para controlar a violência. Logo no início o personagem Leito, de David Belle está em seu apartamento quando os capangas de Taha, chefão local, invadem o prédio em busca da cocaína que ele está escondendo. Começa então, uma perseguição fenomenal, com base principalmente na técnica do Parkour, primeiro dentro do próprio prédio, depois nos telhados dos arredores. Eletrizante e muito bom. Assista e veja se não tenho razão.
Muitos filmes eu não gostaria de rever nunca. É verdade. Irreversível, por exemplo, ou Anti-Cristo são filmes traumáticos. Outros porque são ruins mesmo. Já pensou rever Federal, por exemplo? Mas, se tem um que me traumatizou profundamente, fazendo terminar a sessão soluçando de tanto chorar foi mesmo Dançando no Escuro. Já citei ele no Filme Cebola, mas tenho que repetir aqui.
Selma Jezkova é a personagem mais irritante e sofrida que já conheci na vida. Entendo perfeitamente o amor e abnegação de uma mãe que não quer ver seu filho passar pelo mesmo sofrimento que ela. Admiro sua coragem de, completamente cega, fingir enxergar para não gerar pena, nem ser considerada incapaz, assim ela pode trabalhar e juntar dinheiro para a tão sonhada operação do filho. Entendo também a questão de não querer direcionar o dinheiro da operação para seu julgamento. Mas, o que não entendo é como ela pode ser fiel a uma criatura que a apunhalou pelas costas como o personagem de David Morse.
A produção do filme é incrivelmente bela, com a mistura de realidade e fantasia, sempre que Selma canta. É ótimo ver Björk cantando e atuando com tanta verdade. É sempre bom ver Lars Von Trier em ação, sempre detalhista e sutil. Mas, Dançando no Escuro é daqueles filmes que nunca mais quero ver. Doeu muito. Aquela cena final nos traz um trauma. Aquilo irrita muito, nos dá uma sensação de impotência, de descrença na humanidade, de dor profunda. Triste ao extremo. Mas porque me traumatizou tanto?
Talvez o tema que me assusta, talvez a interpretação visceral de Björk, talvez a capacidade de Lars Von Trier de nos dilacerar com sequências aparentemente simples. Não sei de fato. Mas, é angustiante esse paradoxo de ter adorado um filme e ao mesmo tempo criar horror por ele. Porque é de fato um grande filme. Mas, é daqueles que não quero rever jamais.
Sinopse oficial: Selma Jezkova (Björk) é uma mãe-solteira tcheca que foi morar nos Estados Unidos. Ela tem uma doença hereditária que a faz perder a visão, algo que também deverá acontecer um dia a seu filho Gene (Vladan Kostig), um garoto de doze anos. Entretanto, em virtude de saber que existem médicos nos Estados Unidos que podem operar seu filho isto foi o suficiente para fazê-la imigrar para o país. Ela trabalha muito duro e guarda tudo o que ganha para a cirurgia do filho. Bill (David Morse) e Linda (Cara Seymour), seus vizinhos, juntamente com Kathy (Catherine Deneuve), uma colega de fábrica, a ajudam no que é possível, mas quando Bill se vê em dificuldades financeiras rouba o dinheiro que Selma tinha economizado duramente. Este roubo é o ponto de partida para trágicos acontecimentos.
Dançando no Escuro (Dancer In The Dark: 2000 / França)
Direção: Lars Von Trier
Roteiro: Lars Von Trier
Com: Björk, Catherine Deneuve, Jean-Marc Barr, Peter Stormare, David Morse.
Duração: 100 min.