Grandes Cenas: Advogado do Diabo
Advogado do Diabo é daqueles filmes marcantes, que nos fazem sair pensativos do cinema. Mais do que a direção de Taylor Hackford, que é muito boa, é verdade, o filme tem dois grandes trunfos: o roteiro de Jonathan Lemkin e Tony Gilroy, baseados em livro de Andrew Neiderman e a interpretação magistral de Al Pacino. Eles ganham o filme e nos envolvem completamente.
Um exemplo cabal desses dois quesitos é a cena escolhida de hoje. O discurso de John Milton para Kevin Lomax, o personagem de Keanu Reeves sobre sua visão de mundo. O texto é forte, irônico, desconstruindo os valores enraizados em nossa sociedade sobre Deus e o Diabo. Mas, nada disso teria tanta força se não fosse a atuação entregue de Al Pacino. Ele incorpora tudo aquilo de uma forma incrível. E nos impacta.
A direção de cena é razoavelmente simples. Os personagens organizados em cada canto da sala, a montagem alternando entre plano geral e closes de cada um, destaque ainda para o plano onde temos Al Pacino ao fundo com Keanu Reeves em primeiro plano, já que estamos colados ao seu personagem, olhando de maneira distante a princípio, aquele homem cruel discursar. Percebam que a medida que ele fala, os planos de Al Pacino vão ficando mais próximos. Ele está começando a convencer Keanu Reeves e, assim, a nós também.
(SPOILER ON) Basta lembrar que esta é uma cena próximo do final do filme. Após ela Keanu Reeves dá um tiro na cabeça e volta toda a história. Ele se arrependeu de se envolver naquilo e tem uma nova chance. Nesse ponto, o roteiro nos dará a última puxada de tapete com a repetição da cena do banheiro, mas enfim, ainda estamos na cena do discurso. E é interessante perceber como a câmera vai narrando o sentimento do personagem com essa aproximação e afastamento do diabo discursando. (SPOILER OFF)
Outra coisa interessante que observei nessa cena ao procurá-la no Youtube foi a prova final de dublagem em live action: tira boa parte da beleza do filme. A voz de um ator faz parte de sua interpretação, o tom com que diz as palavras, o timbre de voz, as pausas. Tudo é extremamente importante. Aí, retiram essa parte de um grande ator como Al Pacino e colocam um dublador, competente, de fato, mas que não é Al Pacino. A cena então, perde muito de sua beleza, vejam bem a cena citada, dublada:
Não deixa de ser uma boa cena, a dublagem não destruiu o texto, nem a expressão corporal do ator, pois, como eu disse, é um dublador competente fazendo a voz em português. Mas, sintam a diferença ao ouvir o som original:
A cena ganha em ritmo, em emoção e potência. Definitivamente não há nada como ver o filme em sua versão original. Como as pessoas hoje em dia podem preferir filmes dublados?
Um exemplo cabal desses dois quesitos é a cena escolhida de hoje. O discurso de John Milton para Kevin Lomax, o personagem de Keanu Reeves sobre sua visão de mundo. O texto é forte, irônico, desconstruindo os valores enraizados em nossa sociedade sobre Deus e o Diabo. Mas, nada disso teria tanta força se não fosse a atuação entregue de Al Pacino. Ele incorpora tudo aquilo de uma forma incrível. E nos impacta.
A direção de cena é razoavelmente simples. Os personagens organizados em cada canto da sala, a montagem alternando entre plano geral e closes de cada um, destaque ainda para o plano onde temos Al Pacino ao fundo com Keanu Reeves em primeiro plano, já que estamos colados ao seu personagem, olhando de maneira distante a princípio, aquele homem cruel discursar. Percebam que a medida que ele fala, os planos de Al Pacino vão ficando mais próximos. Ele está começando a convencer Keanu Reeves e, assim, a nós também.
(SPOILER ON) Basta lembrar que esta é uma cena próximo do final do filme. Após ela Keanu Reeves dá um tiro na cabeça e volta toda a história. Ele se arrependeu de se envolver naquilo e tem uma nova chance. Nesse ponto, o roteiro nos dará a última puxada de tapete com a repetição da cena do banheiro, mas enfim, ainda estamos na cena do discurso. E é interessante perceber como a câmera vai narrando o sentimento do personagem com essa aproximação e afastamento do diabo discursando. (SPOILER OFF)
Outra coisa interessante que observei nessa cena ao procurá-la no Youtube foi a prova final de dublagem em live action: tira boa parte da beleza do filme. A voz de um ator faz parte de sua interpretação, o tom com que diz as palavras, o timbre de voz, as pausas. Tudo é extremamente importante. Aí, retiram essa parte de um grande ator como Al Pacino e colocam um dublador, competente, de fato, mas que não é Al Pacino. A cena então, perde muito de sua beleza, vejam bem a cena citada, dublada:
Não deixa de ser uma boa cena, a dublagem não destruiu o texto, nem a expressão corporal do ator, pois, como eu disse, é um dublador competente fazendo a voz em português. Mas, sintam a diferença ao ouvir o som original:
A cena ganha em ritmo, em emoção e potência. Definitivamente não há nada como ver o filme em sua versão original. Como as pessoas hoje em dia podem preferir filmes dublados?
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Grandes Cenas: Advogado do Diabo
2012-02-05T09:07:00-02:00
Amanda Aouad
Al Pacino|grandes cenas|Keanu Reeves|suspense|
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