12 Horas
Autor de pérolas brasileiras como O Cheiro do Ralo e À Deriva, Heitor Dhalia chega à Hollywood para o seu primeiro filme de produtor. E 12 Horas consegue ser esse tipo de filme em sua essência. Um suspense com todos os clichês e fórmulas possíveis, mas, bem realizado, que envolve o espectador e causa empatia. Pena que não vai muito além disso, apesar de ser perceptível um certo cuidado de Dhalia em cada plano que dirige.
A história gira em torna de Jill Parrish, interpretada por Amanda Seyfried, uma jovem traumatizada por um sequestro no passado. Quando sua irmã some repentinamente de casa, ela acredita que seu algoz voltou para se vingar. O problema é que ninguém mais acredita nisso. Sem o apoio da polícia, Jill resolve investigar a situação com seus próprios recursos e isso ainda pode custar a sua vida.
Dito assim, nada mais do que uma história clichê, como muitas que já vimos por aí. Mas, o roteiro de Allison Burnett tem algumas nuanças interessantes, principalmente na forma como ele brinca com o espectador e os próprios clichês do gênero. A apresentação da personagem, seu trauma, o plot do sumiço da irmã e os flashbacks graduais do que lhe aconteceu no passado são bem trabalhados. E mesmo com alguns exageros, como a polícia cercando uma loja de ferramentas para pegá-la, todas as complicações que Jill vai ganhando em sua jornada fazem sentido. Nada soa inverossímil, nem mesmo a descrença da polícia. Há alguns bons diálogos também, além de frases bem colocadas, como a última coisa que Jill diz à polícia.
Já na direção, há uma oscilação, provavelmente do embate entre autor e executor de que Heitor Dhalia não está acostumado. Sempre teve muita liberdade para conduzir seus filmes aqui no Brasil e se adaptar ao gênero é sempre um exercício. Vemos, então, um excesso de recursos de suspense, principalmente no início, como a câmera que espreita, simulando uma subjetiva do "monstro". Um recurso básico para gerar tensão e instabilidade para o protagonista, que é usado repetidas vezes em todo o primeiro ato. Fica quase uma legenda de que vai acontecer alguma coisa. Mas, fora isso, percebe-se um cuidado de Dhalia com aquela história. Mesmo nas cenas de perseguição de carro, os planos são pensados, os enquadramentos trabalhados. Nada é mecânico. Vê-se em tela, uma tentativa de marcas.
O diretor também deve ter tido um trabalho forte com Amanda Seyfried, não exatamente por sua atuação, mas pelo excesso de exposição em tela da atriz. Tudo é focado em Jill, apesar de terem outros personagens, ela é quem conduz toda a história. E ela não se sai mal, vive nos extremos das emoções, não consegue nos passar uma naturalidade, mas também a personagem não é normal. Extremamente compulsiva, com problemas psicológicos e sob efeito de pressão, já que acredita que a irmã está correndo risco, ela só poderia mesmo estar vivendo em extremos. Porém, há algo que não combina entre Amanda e Jill, em alguns momentos de luta ou correria, sua postura corporal se torna pouco crível. Mas, ainda assim, consegue criar empatia com o público que se envolve em seu drama, principalmente quando entra na floresta e a adrenalina está em alta. Realmente tememos por sua vida.
12 Horas pode não ser um grande filme, nem mesmo o filme que sonhamos ver Heitor Dhalia assinando, mas cumpre o seu papel de gênero. É mais do mesmo, mas provoca alguns sustos e tensões. Envolve o espectador e deixa ao final uma sensação de um entretenimento sem maiores compromissos, apesar da certeza de não ter visto nada criativo em sua condução.
12 Horas (Gone, 2012 / EUA)
Direção: Heitor Dhalia
Roteiro: Allison Burnett
Com: Amanda Seyfried, Jennifer Carpenter e Wes Bentley
Duração: 94 min.
A história gira em torna de Jill Parrish, interpretada por Amanda Seyfried, uma jovem traumatizada por um sequestro no passado. Quando sua irmã some repentinamente de casa, ela acredita que seu algoz voltou para se vingar. O problema é que ninguém mais acredita nisso. Sem o apoio da polícia, Jill resolve investigar a situação com seus próprios recursos e isso ainda pode custar a sua vida.
Dito assim, nada mais do que uma história clichê, como muitas que já vimos por aí. Mas, o roteiro de Allison Burnett tem algumas nuanças interessantes, principalmente na forma como ele brinca com o espectador e os próprios clichês do gênero. A apresentação da personagem, seu trauma, o plot do sumiço da irmã e os flashbacks graduais do que lhe aconteceu no passado são bem trabalhados. E mesmo com alguns exageros, como a polícia cercando uma loja de ferramentas para pegá-la, todas as complicações que Jill vai ganhando em sua jornada fazem sentido. Nada soa inverossímil, nem mesmo a descrença da polícia. Há alguns bons diálogos também, além de frases bem colocadas, como a última coisa que Jill diz à polícia.
Já na direção, há uma oscilação, provavelmente do embate entre autor e executor de que Heitor Dhalia não está acostumado. Sempre teve muita liberdade para conduzir seus filmes aqui no Brasil e se adaptar ao gênero é sempre um exercício. Vemos, então, um excesso de recursos de suspense, principalmente no início, como a câmera que espreita, simulando uma subjetiva do "monstro". Um recurso básico para gerar tensão e instabilidade para o protagonista, que é usado repetidas vezes em todo o primeiro ato. Fica quase uma legenda de que vai acontecer alguma coisa. Mas, fora isso, percebe-se um cuidado de Dhalia com aquela história. Mesmo nas cenas de perseguição de carro, os planos são pensados, os enquadramentos trabalhados. Nada é mecânico. Vê-se em tela, uma tentativa de marcas.
O diretor também deve ter tido um trabalho forte com Amanda Seyfried, não exatamente por sua atuação, mas pelo excesso de exposição em tela da atriz. Tudo é focado em Jill, apesar de terem outros personagens, ela é quem conduz toda a história. E ela não se sai mal, vive nos extremos das emoções, não consegue nos passar uma naturalidade, mas também a personagem não é normal. Extremamente compulsiva, com problemas psicológicos e sob efeito de pressão, já que acredita que a irmã está correndo risco, ela só poderia mesmo estar vivendo em extremos. Porém, há algo que não combina entre Amanda e Jill, em alguns momentos de luta ou correria, sua postura corporal se torna pouco crível. Mas, ainda assim, consegue criar empatia com o público que se envolve em seu drama, principalmente quando entra na floresta e a adrenalina está em alta. Realmente tememos por sua vida.
12 Horas pode não ser um grande filme, nem mesmo o filme que sonhamos ver Heitor Dhalia assinando, mas cumpre o seu papel de gênero. É mais do mesmo, mas provoca alguns sustos e tensões. Envolve o espectador e deixa ao final uma sensação de um entretenimento sem maiores compromissos, apesar da certeza de não ter visto nada criativo em sua condução.
12 Horas (Gone, 2012 / EUA)
Direção: Heitor Dhalia
Roteiro: Allison Burnett
Com: Amanda Seyfried, Jennifer Carpenter e Wes Bentley
Duração: 94 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
12 Horas
2012-04-26T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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