Dez anos depois do último filme da franquia, Homens de Preto volta às telas do cinema com uma aventura no mesmo estilo das demais, com alienígenas estranhos, humor e ação só que agora acrescida de uma viagem no tempo. Como toda história que utiliza esse recurso, há algumas pontas que ficam soltas, mas mesmo assim, Barry Sonnenfeld consegue dirigir uma terceira aventura digna do produto criado em 1997.Tudo agora gira em torno do alienígena conhecido como Bóris, o animal. Guardado há quarenta anos em uma prisão lunar, ele retorna a Terra para um plano bem elaborado: retornar ao ano de 1969 para matar o Agente K, impedindo-o de derrotá-lo e de dizimar sua espécie com uma redoma protetora espacial. O plano aparentemente dá certo, e com isso, o Agente J tem que retornar também no tempo para restabelecer a ordem, salvar o planeta Terra e o seu parceiro deste final pouco digno.
Mirabolantemente lógica, a trama de Homens de Preto 3 funciona em sua maior parte. O roteiro é bem construído, com situações típicas que envolvem ação e humor, crescendo a adrenalina aos poucos. A primeira parte arrasta-se um pouco, principalmente nas situações exageradas do restaurante chinês e na pouca criatividade para novos alienígenas. Apesar de diversas citações visuais ao saudoso agente F (o cão da raça pug), não temos novas criaturas com bons disfarces, ou lógica revertida, sendo todos monstros nojentos. Aliás, as cenas dessa primeira parte parecem mais carregadas no grotesco, com muita gosma e sangue alienígena, além de criaturas bizarras.
Tudo melhora nos anos passados. Quando chegamos a 1969, o filme ganha outro ritmo, com uma trama inteligente e envolvente, além de referências engraçadas a aliens dos anos 60 e 70, com cabeças de bolhas, cores azuis e corpos longilíneos. Além claro, de referências a personalidades da época como Andy Warhol pintor ícone da pop art, em uma interpretação engraçadíssima de Bill Hader. Destaque para as citações a Yoko Ono e Mick Jagger. Aos fãs que esperam a participação de Lady Gaga, esta é mais discreta na própria agência dos homens engravatados.Barry Sonnenfeld consegue manter um ótimo ritmo nas cenas de luta dos agentes com alienígenas diversos. Há boas piadas e referências, além de uma ação bem construída. Tudo é muito ágil, mantendo o espectador com atenção total na tela. E nem é preciso falar dos efeitos especiais, cada vez mais caprichados. A viagem no tempo, por exemplo, é um primor de construção imagética. Criativa, não exatamente pela forma como acontece, já que é referência de outros filmes, mas pela construção de passagem de tempo, torna-se um visual à parte, com a mudança de cenários e épocas.
No elenco, os antigos companheiros Will Smith e Tommy Lee Jones estão de volta em seus papéis de J e K, respectivamente, defendendo-os bens, mas agora, entra em cena Josh Brolin que tem a missão de construir um Agente K jovem diferente do conhecido, já que ainda não passou por determinada ação em sua vida, mas que traga ecos do personagem construído por Tommy Lee Jones, no que se sai muito bem. Completando o time de agentes temos ainda a participação mais do que especial de Emma Thompson como a Agente O, que no passado é interpretada por Alice Eve.Pode ser mais do mesmo, pode trazer alguns furos no roteiro que envolve viagem no tempo e começar de maneira arrastada. Mas, Homens de Preto 3 cumpre bem o seu papel de diversão. Barry Sonnenfeld mantem o nível, construindo um terceiro capítulo no mesmo padrão dos anteriores demonstrando que ainda há espaço para outras aventuras. Só não sei se isso é feliz ou infelizmente.
Homens de Preto 3 (Men in Black III, 2012 / EUA)
Direção: Barry Sonnenfeld
Roteiro: Etan Cohen, David Koepp, Jeff Nathanson, Michael Soccio
Com: Will Smith, Tommy Lee Jones, Josh Brolin, Jemaine Clement, Emma Thompson e Alice Eve
Duração: 106 min.
