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Batman Begins
Batman Begins
Toda história tem o seu começo, toda lenda tem a sua origem. O que Christopher Nolan fez foi pegar o personagem criado por Bob Kane e Bill Finger, para transformá-lo em um herói mais próximo da realidade. Sua trilogia iniciada em 2005 está mais para uma tragédia moderna que um filme de super-heróis. Por mais que os quadrinhos já tragam uma aproximação com a sociedade em que vivemos.
Batman Begins começa, pelo princípio, ou melhor quase por ele. Encontramos um Bruce Wayne ainda perdido, preso em uma cadeia e sendo assombrado por fantasmas de seu passado. Uma queda em um poço, um ataque por uma nuvem de morcegos, a relação de medo e a morte de seus pais, a sua busca por vingança contra o crime. Com uma personalidade hostil, Bruce está sempre brigando e expondo sua raiva. É quando encontra o personagem de Liam Neeson, que lhe faz o chamado a aventura: não ser um justiceiro de uma causa pessoal, ser uma lenda.
É nessa premissa que se baseia a trilogia de Nolan, construir a lenda do Batman com inspirações claras na tragédia grega, no mito do herói e nos arquétipos decupados por Joseph Campbell em O Herói de Mil Faces. É interessantíssima a construção do personagem e a concepção de sua persona. Quem é Bruce Wayne afinal? Ele não é o herói mascarado, nem o playboy disfarçado. É o homem por trás desses golpes do destino que vive eternamente com uma máscara. Mas, acima de tudo é o representante da humanidade, aquele que acredita que o ser humano ainda merece uma chance, que ainda é capaz de provar valores morais e éticos.
A trajetória de Bruce nesse primeiro filme é clara: vencer o medo e ajudar Gotham City a sobreviver ao ataque da Liga da Sombra, liderada por Ra´s Al Ghul. Toda a primeira parte foca em seu treinamento ninja e em sua busca interior. Há uma culpa imensa em Bruce por achar que a morte de seus pais é sua responsabilidade, afinal, eles só saíram do teatro porque ele teve medo. A busca pelo auto-perdão e a capacidade de ir além é seu ponto-chave. Mas, quando lhe dão a missão de destruir Gotham City, ele descobre sua verdadeira sina é defender sua cidade e provar que ela ainda tem salvação.
São temas profundos, bem embasados e roteirizados por Nolan e David S. Goyer que precisam de uma construção estética tão boa quanto. Christopher Nolan, então, assume uma arte realista, com uma fotografia sombria, com muita penumbra, um ritmo pausado, sem pressa, e constantemente tenso. Mesmo as cenas de ação são desenvolvidas de uma forma cuidadosa e visam algum avanço na construção do herói / lenda. Há uma construção do medo no adversário, como se Batman fosse uma sombra, algo sobrenatural não visto e não compreendido.
A primeira cena de ação do personagem contra os traficantes já demonstra esse tom. É como se ele pudesse estar em qualquer lugar, aparecendo e sumindo com a mesma facilidade. Na outra luta, a lenda começa a ser formada com os boatos de que ele pode voar, que tem força sobre-humana, que tem poderes especiais. Mas, mais do que as cenas de ação, as cenas conceituais chaves chamam a atenção.
A mais emblemática é mesmo a de Bruce na caverna com os morcegos, uma espécie de símbolo do nascimento do Batman. A escolha do símbolo de seu medo se tornar o símbolo do seu herói, para que seus inimigos partilhem de seu medo. A composição dentro da caverna é bela, detalhista, nos dando a dimensão do surgimento daquele ser. Outra cena que marca pela composição da direção é a morte dos pais de Bruce. A cena utiliza bem as técnicas de suspense, deixando uma tensão constante, apesar do conhecimento do desfecho.
Outro ponto positivo é a escolha dos atores. Apesar da sussurrada voz de Christian Bale, criticada por alguns, a sua composição dramática dá conta deste complexo herói trágico. Não é mesmo fácil interpretar um homem que é uma sombra de si mesmo, que está sempre atuando em busca de um bem maior. Michael Caine caiu como uma luva para o mordomo Alfred, assim como Gary Oldman está ótimo na pele do tenente Gordon. Destaque ainda para Liam Neeson e Morgan Freeman.
Batman Begins é, então, o começo de uma lenda. Não apenas da lenda de Gotham City, mas da lenda de Christopher Nolan e o cinema de super-herói. Depois desse filme, nada mais seria o mesmo, e ele era apenas o começo.
Batman Begins (Batman Begins, 2005/ EUA)
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: David S. Goyer e Christopher Nolan
Com: Christian Bale, Michael Caine, Liam Neeson, Katie Holmes, Morgan Freeman e Gary Oldman
Duração: 140 min.
Batman Begins começa, pelo princípio, ou melhor quase por ele. Encontramos um Bruce Wayne ainda perdido, preso em uma cadeia e sendo assombrado por fantasmas de seu passado. Uma queda em um poço, um ataque por uma nuvem de morcegos, a relação de medo e a morte de seus pais, a sua busca por vingança contra o crime. Com uma personalidade hostil, Bruce está sempre brigando e expondo sua raiva. É quando encontra o personagem de Liam Neeson, que lhe faz o chamado a aventura: não ser um justiceiro de uma causa pessoal, ser uma lenda.
É nessa premissa que se baseia a trilogia de Nolan, construir a lenda do Batman com inspirações claras na tragédia grega, no mito do herói e nos arquétipos decupados por Joseph Campbell em O Herói de Mil Faces. É interessantíssima a construção do personagem e a concepção de sua persona. Quem é Bruce Wayne afinal? Ele não é o herói mascarado, nem o playboy disfarçado. É o homem por trás desses golpes do destino que vive eternamente com uma máscara. Mas, acima de tudo é o representante da humanidade, aquele que acredita que o ser humano ainda merece uma chance, que ainda é capaz de provar valores morais e éticos.
A trajetória de Bruce nesse primeiro filme é clara: vencer o medo e ajudar Gotham City a sobreviver ao ataque da Liga da Sombra, liderada por Ra´s Al Ghul. Toda a primeira parte foca em seu treinamento ninja e em sua busca interior. Há uma culpa imensa em Bruce por achar que a morte de seus pais é sua responsabilidade, afinal, eles só saíram do teatro porque ele teve medo. A busca pelo auto-perdão e a capacidade de ir além é seu ponto-chave. Mas, quando lhe dão a missão de destruir Gotham City, ele descobre sua verdadeira sina é defender sua cidade e provar que ela ainda tem salvação.
São temas profundos, bem embasados e roteirizados por Nolan e David S. Goyer que precisam de uma construção estética tão boa quanto. Christopher Nolan, então, assume uma arte realista, com uma fotografia sombria, com muita penumbra, um ritmo pausado, sem pressa, e constantemente tenso. Mesmo as cenas de ação são desenvolvidas de uma forma cuidadosa e visam algum avanço na construção do herói / lenda. Há uma construção do medo no adversário, como se Batman fosse uma sombra, algo sobrenatural não visto e não compreendido.
A primeira cena de ação do personagem contra os traficantes já demonstra esse tom. É como se ele pudesse estar em qualquer lugar, aparecendo e sumindo com a mesma facilidade. Na outra luta, a lenda começa a ser formada com os boatos de que ele pode voar, que tem força sobre-humana, que tem poderes especiais. Mas, mais do que as cenas de ação, as cenas conceituais chaves chamam a atenção.
A mais emblemática é mesmo a de Bruce na caverna com os morcegos, uma espécie de símbolo do nascimento do Batman. A escolha do símbolo de seu medo se tornar o símbolo do seu herói, para que seus inimigos partilhem de seu medo. A composição dentro da caverna é bela, detalhista, nos dando a dimensão do surgimento daquele ser. Outra cena que marca pela composição da direção é a morte dos pais de Bruce. A cena utiliza bem as técnicas de suspense, deixando uma tensão constante, apesar do conhecimento do desfecho.
Outro ponto positivo é a escolha dos atores. Apesar da sussurrada voz de Christian Bale, criticada por alguns, a sua composição dramática dá conta deste complexo herói trágico. Não é mesmo fácil interpretar um homem que é uma sombra de si mesmo, que está sempre atuando em busca de um bem maior. Michael Caine caiu como uma luva para o mordomo Alfred, assim como Gary Oldman está ótimo na pele do tenente Gordon. Destaque ainda para Liam Neeson e Morgan Freeman.
Batman Begins é, então, o começo de uma lenda. Não apenas da lenda de Gotham City, mas da lenda de Christopher Nolan e o cinema de super-herói. Depois desse filme, nada mais seria o mesmo, e ele era apenas o começo.
Batman Begins (Batman Begins, 2005/ EUA)
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: David S. Goyer e Christopher Nolan
Com: Christian Bale, Michael Caine, Liam Neeson, Katie Holmes, Morgan Freeman e Gary Oldman
Duração: 140 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Batman Begins
2012-07-24T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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