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Juventude Transviada
Juventude Transviada
Sabe aqueles filmes de adolescente novato que chega em uma cidade e tem problemas na escola com a gangue local? Filme ícone de James Dean e do diretor Nicholas Ray, Juventude Transviada é o amadurecimento desses dramas adolescentes, mesmo tendo chegado antes. Um retrato de uma juventude que ao contrário do que diz o título original tem causa para ser rebelde, a falta de amor e compreensão.
A cena inicial é emblemática. Passamos quase vinte minutos em uma delegacia acompanhando os dramas de três jovens distintos. Jim Stark, James Dean, que está completamente bêbado e tenta chamar a atenção. Judy, vivida por Natalie Wood, que está revoltada porque o pai a chama de vagabunda. E John Crawford, mais conhecido como Platão, vivido por Sal Mineo, que atirou em cães indefesos.
Os três possuem algo em comum: carência afetiva. Cada um em um nível diferente, sofrem com o desprezo dos pais. O mais grave é Platão, órfão de pai, abandonado pela mãe, vive sozinho com a empregada em uma casa imensa. Judy, aparentemente possui uma família equilibrada, mas o fato de ter crescido faz seu pai se afastar dela, não a pegando mais no colo, nem deixando que o beije para não dar conotação sexual. Isso a faz se sentir frustrada e solitária, unindo-se à gangue de Buzz, vivido por Corey Allen. Já Jim é sufocado pelo cuidado superficial dos pais que se mudam constantemente de cidade por causa das confusões que ele apronta, mas nunca conseguem perceber o que ele realmente precisa, nem lhe dão carinho verdadeiro.
Aliás, o personagem de James Dean possui várias peculiaridades sutis em sua formação psicológica que enriquecem o filme. A começar pela aversão à palavra Chicken, que é galinha em inglês, mas significa covarde. Qualquer semelhança com Marty McFly não é mera coincidência. Até porque essa não é a única característica que o garoto do futuro pegou de Jim. O problema maior da origem da aversão a ser considerado covarde está no pai. Um homem dominado pela esposa, incapaz de se impor dentro de casa. A ausência de um espelho masculino em casa, faz com que Jim queira se afirmar fora dela.
Juventude Transviada busca, então, o retrato dessa juventude com situações-limite, a começar pela própria disputa de gangues na escola. A briga de facas é bastante realista, tensa e com um balé ensaiado que nos mostra que aquela não é uma história tola de adolescentes rebeldes. O tratamento dado é sério, tanto que a disputa posterior, na corrida de carros no barranco, tem as consequências que mudam o rumo da trama. Toda a sequência dentro da mansão abandonada e a parte final no observatório também são marcadas pela sutileza de falar dos problemas de uma maneira competente, nos fazendo refletir em relação aos problemas daqueles garotos.
O mundo adulto tende a minimizar os problemas dos jovens, considerando-os menor e por isso, muitos filmes de adolescentes possuem esse viés infantilizado, com clichês e reviravoltas tolas. Juventude Transviada não faz isso. Ele leva a sério os medos, carências, angústias e até mesmo as atitudes tolas daqueles jovens, procurando compreendê-los. Isso faz a diferença no tratamento da trama. Por isso, fez tanto sucesso, até porque os anos 50 era uma época em que ainda estava se descobrindo essa outra fase da vida que era ser jovem.
E James Dean se tornou o ícone dessa geração, com sua jaqueta vermelha emblemática, sua cara de menino carente e sua atitude de não aceitar ser ignorado. Tanto o personagem Carl de Vidas Amargas, quanto Jim neste filme. Possuem essas características contestadoras. Uma voz para uma geração esquecida.
Tudo isso fazem de Juventude Transviada um ícone, não apenas na carreira de James Dean, ou na filmografia do diretor Nicholas Ray, mas em toda a história do cinema.
Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, 1955 / EUA)
Direção: Nicholas Ray
Roteiro: Stewart Stern e Irving Shulman
Com: James Dean, Natalie Wood, Sal Mineo e Corey Allen.
Duração: 111 min
A cena inicial é emblemática. Passamos quase vinte minutos em uma delegacia acompanhando os dramas de três jovens distintos. Jim Stark, James Dean, que está completamente bêbado e tenta chamar a atenção. Judy, vivida por Natalie Wood, que está revoltada porque o pai a chama de vagabunda. E John Crawford, mais conhecido como Platão, vivido por Sal Mineo, que atirou em cães indefesos.
Os três possuem algo em comum: carência afetiva. Cada um em um nível diferente, sofrem com o desprezo dos pais. O mais grave é Platão, órfão de pai, abandonado pela mãe, vive sozinho com a empregada em uma casa imensa. Judy, aparentemente possui uma família equilibrada, mas o fato de ter crescido faz seu pai se afastar dela, não a pegando mais no colo, nem deixando que o beije para não dar conotação sexual. Isso a faz se sentir frustrada e solitária, unindo-se à gangue de Buzz, vivido por Corey Allen. Já Jim é sufocado pelo cuidado superficial dos pais que se mudam constantemente de cidade por causa das confusões que ele apronta, mas nunca conseguem perceber o que ele realmente precisa, nem lhe dão carinho verdadeiro.
Aliás, o personagem de James Dean possui várias peculiaridades sutis em sua formação psicológica que enriquecem o filme. A começar pela aversão à palavra Chicken, que é galinha em inglês, mas significa covarde. Qualquer semelhança com Marty McFly não é mera coincidência. Até porque essa não é a única característica que o garoto do futuro pegou de Jim. O problema maior da origem da aversão a ser considerado covarde está no pai. Um homem dominado pela esposa, incapaz de se impor dentro de casa. A ausência de um espelho masculino em casa, faz com que Jim queira se afirmar fora dela.
Juventude Transviada busca, então, o retrato dessa juventude com situações-limite, a começar pela própria disputa de gangues na escola. A briga de facas é bastante realista, tensa e com um balé ensaiado que nos mostra que aquela não é uma história tola de adolescentes rebeldes. O tratamento dado é sério, tanto que a disputa posterior, na corrida de carros no barranco, tem as consequências que mudam o rumo da trama. Toda a sequência dentro da mansão abandonada e a parte final no observatório também são marcadas pela sutileza de falar dos problemas de uma maneira competente, nos fazendo refletir em relação aos problemas daqueles garotos.
O mundo adulto tende a minimizar os problemas dos jovens, considerando-os menor e por isso, muitos filmes de adolescentes possuem esse viés infantilizado, com clichês e reviravoltas tolas. Juventude Transviada não faz isso. Ele leva a sério os medos, carências, angústias e até mesmo as atitudes tolas daqueles jovens, procurando compreendê-los. Isso faz a diferença no tratamento da trama. Por isso, fez tanto sucesso, até porque os anos 50 era uma época em que ainda estava se descobrindo essa outra fase da vida que era ser jovem.
E James Dean se tornou o ícone dessa geração, com sua jaqueta vermelha emblemática, sua cara de menino carente e sua atitude de não aceitar ser ignorado. Tanto o personagem Carl de Vidas Amargas, quanto Jim neste filme. Possuem essas características contestadoras. Uma voz para uma geração esquecida.
Tudo isso fazem de Juventude Transviada um ícone, não apenas na carreira de James Dean, ou na filmografia do diretor Nicholas Ray, mas em toda a história do cinema.
Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, 1955 / EUA)
Direção: Nicholas Ray
Roteiro: Stewart Stern e Irving Shulman
Com: James Dean, Natalie Wood, Sal Mineo e Corey Allen.
Duração: 111 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Juventude Transviada
2012-09-30T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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