ParaNorman
Dos mesmos criadores de Coraline e o Mundo Secreto, a animação ParaNorman sofre de um problema: definição de gênero. Por vezes seguindo o caminho de uma comédia infantil, em outros, buscando um aprofundamento em um tema sério, ele acaba pecando nos dois quesitos. Longe do primor atingido no filme de 2009, no entanto, possui qualidades.
Norman é um garoto diferente. Ele vê pessoas mortas e isso lhe traz problemas com os vivos. Seu pai o considera um esquisito, sua mãe tem pena, sua irmã o despreza e seus colegas de colégio, claro, fazem bullying com ele. Resta apenas o garotinho Neil, que também sofre pelas piadas devido ao seu excesso de peso. Tudo começa a mudar quando um tio de Norman aparece e fala de uma maldição que acomete a cidade, uma bruxa está prestes a despertar e irá acordar com ela sete mortos-vivos (zumbis) que poderão destruir a cidade. E apenas Norman é capaz de impedi-la.
E como começa a história, começa também os problemas. Chris Butler nos apresenta esse universo mágico de uma maneira bastante irônica. Conhecemos Norman em frente a uma televisão assistindo a filmes B de zumbis, ao lado de sua vovó, já morta. Temos gags visuais interessantes em relação a esse universo, com objetos diversos. Temos piadas visuais como Norman espremido entre as barrigas de seus pais. Temos ainda uma viagem divertida até a escola, onde Norman cumprimenta todos os seus amigos invisíveis, mas passa timidamente pelos vivos.
Na escola, outras brincadeiras como a professora de teatro exagerada, ou a desastrosa peça. Isso sem falar na interferência do tio "maluco". Começa aí também os tipos clichês que irão compor a jornada de Norman, como o valentão burro, o próprio gordinho amigo ou os professores impacientes. Isso sem falar na irmã adolescente bitolada ou o irmão adolescente de Neil que é fortão e bobo. Mas, este nos reserva uma surpresa interessante para o final, que se encaixa bem no mundo moderno.
A animação é bem feita, apesar de esquecermos que está sendo projetado em 3D. O cuidado com os detalhes enriquecem a trama e tudo é muito gostoso de acompanhar. Mas, aí chega a bruxa e com isso, a indefinição citada no início do texto. Os mortos acordam e as piadas continuam. Nada parece ser levado muito a sério. Os zumbis perdendo cabeça e braço, a população enfurecida lutando contra todos, a policial incansável... Mas, quando vamos aprofundar a história da bruxa, tudo muda e isso se torna um problema pelo reverso da expectativa do que vinha sendo construído.
O filme tenta nos impor algo profundo, extremamente dramático e belo, mas com tudo que foi construído até então, fica difícil embarcar nisso. Tudo foi tão ridicularizado antes, que é complicado levar a sério agora aquele universo. E nisso, falo do público adulto, porque as crianças vão ficar ainda mais confusas, achando que a "piada" acabou e, quem sabe até, o filme ficou chato. Não que temas sérios não possam utilizar do humor, mas ParaNorman acaba se tornando um híbrido indigesto por não escolher um dos lados, nem dosar bem as duas questões durante toda a projeção. Era preciso nos preparar melhor desde o princípio.
ParaNorman é, então, uma animação morna. Não temos um primor estético, uma trama inesquecível, uma linguagem inovadora. Mas, temos uma boa história que oscila pela indefinição do gênero, apesar de conseguir bons efeitos em determinados momentos. Fica uma sensação de dois filmes distintos e uma vontade de aprofundar mais no tema proposto a partir da bruxa e sua maldição.
ParaNorman (ParaNorman, 2012 / EUA)
Direção: Chris Butler, Sam Fell
Roteiro: Chris Butler
Duração: 92 min
Norman é um garoto diferente. Ele vê pessoas mortas e isso lhe traz problemas com os vivos. Seu pai o considera um esquisito, sua mãe tem pena, sua irmã o despreza e seus colegas de colégio, claro, fazem bullying com ele. Resta apenas o garotinho Neil, que também sofre pelas piadas devido ao seu excesso de peso. Tudo começa a mudar quando um tio de Norman aparece e fala de uma maldição que acomete a cidade, uma bruxa está prestes a despertar e irá acordar com ela sete mortos-vivos (zumbis) que poderão destruir a cidade. E apenas Norman é capaz de impedi-la.
E como começa a história, começa também os problemas. Chris Butler nos apresenta esse universo mágico de uma maneira bastante irônica. Conhecemos Norman em frente a uma televisão assistindo a filmes B de zumbis, ao lado de sua vovó, já morta. Temos gags visuais interessantes em relação a esse universo, com objetos diversos. Temos piadas visuais como Norman espremido entre as barrigas de seus pais. Temos ainda uma viagem divertida até a escola, onde Norman cumprimenta todos os seus amigos invisíveis, mas passa timidamente pelos vivos.
Na escola, outras brincadeiras como a professora de teatro exagerada, ou a desastrosa peça. Isso sem falar na interferência do tio "maluco". Começa aí também os tipos clichês que irão compor a jornada de Norman, como o valentão burro, o próprio gordinho amigo ou os professores impacientes. Isso sem falar na irmã adolescente bitolada ou o irmão adolescente de Neil que é fortão e bobo. Mas, este nos reserva uma surpresa interessante para o final, que se encaixa bem no mundo moderno.
A animação é bem feita, apesar de esquecermos que está sendo projetado em 3D. O cuidado com os detalhes enriquecem a trama e tudo é muito gostoso de acompanhar. Mas, aí chega a bruxa e com isso, a indefinição citada no início do texto. Os mortos acordam e as piadas continuam. Nada parece ser levado muito a sério. Os zumbis perdendo cabeça e braço, a população enfurecida lutando contra todos, a policial incansável... Mas, quando vamos aprofundar a história da bruxa, tudo muda e isso se torna um problema pelo reverso da expectativa do que vinha sendo construído.
O filme tenta nos impor algo profundo, extremamente dramático e belo, mas com tudo que foi construído até então, fica difícil embarcar nisso. Tudo foi tão ridicularizado antes, que é complicado levar a sério agora aquele universo. E nisso, falo do público adulto, porque as crianças vão ficar ainda mais confusas, achando que a "piada" acabou e, quem sabe até, o filme ficou chato. Não que temas sérios não possam utilizar do humor, mas ParaNorman acaba se tornando um híbrido indigesto por não escolher um dos lados, nem dosar bem as duas questões durante toda a projeção. Era preciso nos preparar melhor desde o princípio.
ParaNorman é, então, uma animação morna. Não temos um primor estético, uma trama inesquecível, uma linguagem inovadora. Mas, temos uma boa história que oscila pela indefinição do gênero, apesar de conseguir bons efeitos em determinados momentos. Fica uma sensação de dois filmes distintos e uma vontade de aprofundar mais no tema proposto a partir da bruxa e sua maldição.
ParaNorman (ParaNorman, 2012 / EUA)
Direção: Chris Butler, Sam Fell
Roteiro: Chris Butler
Duração: 92 min
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
ParaNorman
2012-09-09T10:00:00-03:00
Amanda Aouad
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