Grandes Cenas: O Sexto Sentido
Quando pensamos em O Sexto Sentido, provavelmente a primeira cena que vem à cabeça é "eu vejo pessoas mortas". A segunda, talvez, a revelação com a aliança caindo no chão... Ambas grandes cenas, de fato, mas há uma que traz uma sutileza e uma emoção que nos comove e que foi indicação da leitora Carla Assis. A cena em que Cole revela à sua mãe o seu segredo.
Por que esta seria uma grande cena? Pela catarse da relação entre mãe e filho tão complexa em todo o filme. A mãe de Cole sempre o amou, não resta dúvidas. Sua preocupação com as estranhezas do filho, os medos, a vontade de ajudar sem saber como, tudo é muito bem desenvolvido por M. Night Shyamalan. Mas, é óbvia também a distância que existe entre eles. Cole não confia em sua mãe, não por não amá-la, ou não acreditar que ela o ame, mas por saber que ela é descrente demais para entender o que se passa com ele. Por isso, o personagem de Bruce Willis se torna um elo tão importante.
A cena começa com um detalhe da mão de um policial ligando um sinalizador. Em um longo plano, sem cortes, vamos andando por entre os carros engarrafados até chegar ao carro de Cole e sua mãe. A visão subjetiva da aproximação nos dá uma sensação de suspense ainda, não sabemos exatamente do que se trata aquilo, ainda mais tão perto do final do filme.
Chegamos à janela do carro, ainda sem cortes e permanecemos ali, do lado de fora, observando a cena. O diálogo inicial, com Cole ainda tímido dizendo que está pronto para se comunicar com a mãe, contar os seus segredos. Ele fala do acidente e apenas quando diz que a moça que se machucou está "em pé, do lado de minha janela", há um corte no plano e entramos no carro. A conversa fica mais íntima, mais envolvente, e por isso, estamos ali, participando juntos e não mais apenas como meros espectadores.
A interpretação do garoto Haley Joel Osment e de Toni Collette é emocionante. A forma como ela se mantem descrente, assustada com o que o filho está falando é crível, natural. O diálogo segue com plano e contraplano quase tradicional, mas com uma sutileza. Quando mostra Toni Collette, a distância da câmera para a atriz permanece a mesma, enquanto na parte de Haley Joel Osment há uma aproximação gradual. Afinal, ele está se expondo, enquanto ela ainda está observando aquela revelação, analisando se crê ou não nela.
A câmera só para de se aproximar de Cole quando este pergunta se a mãe acha que ele é maluco. Ela diz que não, que jamais dirá isso, mas, que precisa de um tempo para processar a informação. É quando ele começa a falar da avó e das coisas que esta gostaria de dizer à filha. A câmera, então, prefere ficar estática, sem interferir. Temos apenas a apreciação do diálogo emocionante que se segue e da ótima interpretação dos dois.
A cena possui uma força tão grande por causa da dupla catarse. Antes de reconciliar mãe e filho, M. Night Shyamalan reconcilia mãe e filha através da revelação de Cole. Primeiro, contando sobre o festival de dança que a avó foi assistir escondida, depois dando a resposta para a pergunta no túmulo: "Você tem orgulho de mim?" No fundo, é o que todos os filhos querem, o amor e reconhecimento dos pais, serem especiais para eles. No choro da mãe, Cole se envolve e a abraça chorando também. É uma ótima forma de nos despedirmos dos dois personagens, já que a cena posterior é apenas a revelação do personagem de Bruce Willis.
Por que esta seria uma grande cena? Pela catarse da relação entre mãe e filho tão complexa em todo o filme. A mãe de Cole sempre o amou, não resta dúvidas. Sua preocupação com as estranhezas do filho, os medos, a vontade de ajudar sem saber como, tudo é muito bem desenvolvido por M. Night Shyamalan. Mas, é óbvia também a distância que existe entre eles. Cole não confia em sua mãe, não por não amá-la, ou não acreditar que ela o ame, mas por saber que ela é descrente demais para entender o que se passa com ele. Por isso, o personagem de Bruce Willis se torna um elo tão importante.
A cena começa com um detalhe da mão de um policial ligando um sinalizador. Em um longo plano, sem cortes, vamos andando por entre os carros engarrafados até chegar ao carro de Cole e sua mãe. A visão subjetiva da aproximação nos dá uma sensação de suspense ainda, não sabemos exatamente do que se trata aquilo, ainda mais tão perto do final do filme.
Chegamos à janela do carro, ainda sem cortes e permanecemos ali, do lado de fora, observando a cena. O diálogo inicial, com Cole ainda tímido dizendo que está pronto para se comunicar com a mãe, contar os seus segredos. Ele fala do acidente e apenas quando diz que a moça que se machucou está "em pé, do lado de minha janela", há um corte no plano e entramos no carro. A conversa fica mais íntima, mais envolvente, e por isso, estamos ali, participando juntos e não mais apenas como meros espectadores.
A interpretação do garoto Haley Joel Osment e de Toni Collette é emocionante. A forma como ela se mantem descrente, assustada com o que o filho está falando é crível, natural. O diálogo segue com plano e contraplano quase tradicional, mas com uma sutileza. Quando mostra Toni Collette, a distância da câmera para a atriz permanece a mesma, enquanto na parte de Haley Joel Osment há uma aproximação gradual. Afinal, ele está se expondo, enquanto ela ainda está observando aquela revelação, analisando se crê ou não nela.
A câmera só para de se aproximar de Cole quando este pergunta se a mãe acha que ele é maluco. Ela diz que não, que jamais dirá isso, mas, que precisa de um tempo para processar a informação. É quando ele começa a falar da avó e das coisas que esta gostaria de dizer à filha. A câmera, então, prefere ficar estática, sem interferir. Temos apenas a apreciação do diálogo emocionante que se segue e da ótima interpretação dos dois.
A cena possui uma força tão grande por causa da dupla catarse. Antes de reconciliar mãe e filho, M. Night Shyamalan reconcilia mãe e filha através da revelação de Cole. Primeiro, contando sobre o festival de dança que a avó foi assistir escondida, depois dando a resposta para a pergunta no túmulo: "Você tem orgulho de mim?" No fundo, é o que todos os filhos querem, o amor e reconhecimento dos pais, serem especiais para eles. No choro da mãe, Cole se envolve e a abraça chorando também. É uma ótima forma de nos despedirmos dos dois personagens, já que a cena posterior é apenas a revelação do personagem de Bruce Willis.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Grandes Cenas: O Sexto Sentido
2012-11-19T07:30:00-03:00
Amanda Aouad
Bruce Willis|grandes cenas|Haley Joel Osment|Toni Collette|
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