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Hotel Transilvânia
Hotel Transilvânia
Em uma época em que "críticos" detonam a Saga Crepúsculo por ter um vampiro que brilha e engravida uma mulher humana, Hotel Transilvânia traz uma questão ainda mais embaraçosa, a filha do Conde Drácula, que não apenas nasceu dele e de outra vampira, como cresce e se desenvolve, tornando-se uma mocinha aos 118 anos de idade. Outra semelhança com a famosa Saga é que a trama irá tratar de um amor impossível entre essa vampirinha e um humano, com direito até a citação dos filmes e piadas em torno dele em determinada cena em um avião. Mas, isso é apenas uma curiosidade momentânea, afinal, estamos diante de uma animação que não se leva a sério, abusando dos clichês e das piadas em cima deles.
Tudo gira em torno da festa de Mavis, a filha de Drácula. E seu pai reúne uma multidão de monstros em sua mansão, o Hotel Transilvânia, escondido entre florestas tenebrosas e caminhos tortuosos, para que nenhum humano seja capaz de encontrar. Drácula tem um trauma antigo e sabe do perigo que a raça humana representa para o seu povo, por isso, procura protegê-los da melhor forma possível. Ali eles se sentem seguros, à vontade. Mas, há dois pequenos problemas nisso tudo, Mavis quer conhecer o mundo e, de alguma forma, o garoto humano Jonathan consegue encontrar o seu esconderijo e ameaça toda sua reputação.
O filme começa com um resumo da vida de Drácula e Mavis até ali. Desde quando ela é um bebezinho com fraldas a serem trocadas, passando por sua infância, adolescência até chegarmos às vésperas do seu 118º aniversário. Deixando de lado a estranha situação de uma bebê vampira, é uma história de pai e filha, emocionante até. A forma como Drácula cuida de sua bebezinha, a protege, lhe dá carinho, nos cativa. Mavis é uma garotinha curiosa, que procura conhecer cada parte do mundo que a cerca. Por isso, é tão natural que queira conhecer o mundo e até mesmo os humanos que seu pai tanto teme.
A chegada dos convidados para a temporada de festas começa a denotar, no entanto, um dos pontos fracos do filme. O clichê em excesso. Cada monstro que chega exagera na caricatura de seu estereótipo, causando uma imensa balbúrdia no saguão do hotel e desenvolvendo esquetes humorísticas que acabam deixando tudo muito raso. Por mais que seja uma animação infantil, é sempre interessante ter camadas em cada construção de personagem e trama.
Mas, por outro lado, há uma boa composição estética, de cenários, de efeitos, de piadas visuais que deixam as cenas mais dinâmicas. Uma diversão certa para os pequenos. Ao contrário da cena da arrumação das mesas, por exemplo, que, além de ter toda a animação e colorido que chama a atenção dos pequenos, possui um ritmo e algumas nuanças que nos deixam mais atentos. Destaque ainda para a cena da banda de Frankenstein, o lobo e o Homem Invisível. Tanto na parte inicial, quanto quando Jonathan sobe ao palco.
Mas, Hotel Transilvânia acaba se resumindo em duas tramas bem definidas. A garota vampira que quer conhecer o mundo e acaba se apaixonando por um humano. E o pai apavorado com essa possibilidade que tenta controlar as situações, escondendo o mundo da filha e o garoto humano de todos os convidados. Não deixa de trazer uma questão interessante esse viés dos monstros com medo de humanos. Mas, isso acaba sendo exagerado em vários momentos, como quando seres assombrosos como múmias, lobisomens e Frankenstein saem gritando por causa de um garoto indefeso. Isso sem falar na cena de Drácula e Jonathan no quarto que se assemelha muito a um dramalhão mexicano.
Já na trama do amor de Mavis e Jonathan há uma composição mais amena. Claro, que um amor à primeira vista é sempre alvo de desconfiança entre os mais céticos, mas os dois garotos consegue construir um ritmo interessante de interesse, até mesmo pela curiosidade diante do diferente, a aura do proibido. Até porque, se é possível uma vampira nascer e crescer, porque não se apaixonar?
Hotel Transilvânia acaba, então, sendo uma animação divertida. Com exageros próprios do gênero, alguma infantilização e abuso dos clichês, mas que também nos traz alguns bons momentos. Uma brincadeira inofensiva, com vampiros bem diferentes do que estamos acostumados a ver, seja os das trevas ou os que brilham. Longe de ser um clássico do gênero, mas capaz de agradar a seu público.
Hotel Transilvânia (Hotel Transylvania, 2012 / EUA)
Direção: Genndy Tartakovsky
Roteiro: Peter Baynham e Robert Smigel
Duração: 91 min.
Tudo gira em torno da festa de Mavis, a filha de Drácula. E seu pai reúne uma multidão de monstros em sua mansão, o Hotel Transilvânia, escondido entre florestas tenebrosas e caminhos tortuosos, para que nenhum humano seja capaz de encontrar. Drácula tem um trauma antigo e sabe do perigo que a raça humana representa para o seu povo, por isso, procura protegê-los da melhor forma possível. Ali eles se sentem seguros, à vontade. Mas, há dois pequenos problemas nisso tudo, Mavis quer conhecer o mundo e, de alguma forma, o garoto humano Jonathan consegue encontrar o seu esconderijo e ameaça toda sua reputação.
O filme começa com um resumo da vida de Drácula e Mavis até ali. Desde quando ela é um bebezinho com fraldas a serem trocadas, passando por sua infância, adolescência até chegarmos às vésperas do seu 118º aniversário. Deixando de lado a estranha situação de uma bebê vampira, é uma história de pai e filha, emocionante até. A forma como Drácula cuida de sua bebezinha, a protege, lhe dá carinho, nos cativa. Mavis é uma garotinha curiosa, que procura conhecer cada parte do mundo que a cerca. Por isso, é tão natural que queira conhecer o mundo e até mesmo os humanos que seu pai tanto teme.
A chegada dos convidados para a temporada de festas começa a denotar, no entanto, um dos pontos fracos do filme. O clichê em excesso. Cada monstro que chega exagera na caricatura de seu estereótipo, causando uma imensa balbúrdia no saguão do hotel e desenvolvendo esquetes humorísticas que acabam deixando tudo muito raso. Por mais que seja uma animação infantil, é sempre interessante ter camadas em cada construção de personagem e trama.
Mas, por outro lado, há uma boa composição estética, de cenários, de efeitos, de piadas visuais que deixam as cenas mais dinâmicas. Uma diversão certa para os pequenos. Ao contrário da cena da arrumação das mesas, por exemplo, que, além de ter toda a animação e colorido que chama a atenção dos pequenos, possui um ritmo e algumas nuanças que nos deixam mais atentos. Destaque ainda para a cena da banda de Frankenstein, o lobo e o Homem Invisível. Tanto na parte inicial, quanto quando Jonathan sobe ao palco.
Mas, Hotel Transilvânia acaba se resumindo em duas tramas bem definidas. A garota vampira que quer conhecer o mundo e acaba se apaixonando por um humano. E o pai apavorado com essa possibilidade que tenta controlar as situações, escondendo o mundo da filha e o garoto humano de todos os convidados. Não deixa de trazer uma questão interessante esse viés dos monstros com medo de humanos. Mas, isso acaba sendo exagerado em vários momentos, como quando seres assombrosos como múmias, lobisomens e Frankenstein saem gritando por causa de um garoto indefeso. Isso sem falar na cena de Drácula e Jonathan no quarto que se assemelha muito a um dramalhão mexicano.
Já na trama do amor de Mavis e Jonathan há uma composição mais amena. Claro, que um amor à primeira vista é sempre alvo de desconfiança entre os mais céticos, mas os dois garotos consegue construir um ritmo interessante de interesse, até mesmo pela curiosidade diante do diferente, a aura do proibido. Até porque, se é possível uma vampira nascer e crescer, porque não se apaixonar?
Hotel Transilvânia acaba, então, sendo uma animação divertida. Com exageros próprios do gênero, alguma infantilização e abuso dos clichês, mas que também nos traz alguns bons momentos. Uma brincadeira inofensiva, com vampiros bem diferentes do que estamos acostumados a ver, seja os das trevas ou os que brilham. Longe de ser um clássico do gênero, mas capaz de agradar a seu público.
Hotel Transilvânia (Hotel Transylvania, 2012 / EUA)
Direção: Genndy Tartakovsky
Roteiro: Peter Baynham e Robert Smigel
Duração: 91 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Hotel Transilvânia
2012-12-11T08:30:00-03:00
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