Por que amamos Dory?
A Disney Pixar sacudiu o mundo do cinema na semana passada com o anúncio da continuação de seu sucesso Procurando Nemo. E para surpresa de todos, a trama não será centrada nos peixes-palhaço do primeiro filme, mas na coadjuvante que conquistou a todos com o seu jeitinho atrapalhado e esquecido: Dory.
Chamou a minha a atenção a quantidade de sites, portais e blogs que disparavam a notícia, comemorando o retorno da personagem. A própria página oficial da Disney / Pixar anunciou: "Nós temos uma notícia para compartilhar com vocês, mas vamos deixar que Dory entregue". Em menos de quatro horas, mais de dez mil pessoas tinham curtido e tinham quase dois mil compartilhamentos. Na página oficial da personagem (que a mensagem direcionava), o anúncio do filme para novembro de 2015 nesse mesmo tempo teve mais de 150 mil curtidas e mais de 50 mil compartilhamentos.
Nada disso é por acaso, em uma pesquisa recente, a personagem foi escolhida como a mais querida entre todos os da Pixar. Uma prova disso é a popularidade de sua página no Facebook. A página do filme no Facebook tem 16 milhões de curtidas, enquanto que a página da personagem tem 24 milhões. Ela é mesmo muito amada. Mas, por quê?
Dory é uma peixinha azul engraçada, com uma peculiaridade: tem perda de memória recente. Porém, ela não é apenas para rir, é amiga, companheira, disponível e, claro, fala baleiês. Muita coisa para uma peixinha tão pequena. Na verdade, a grande sacada da criação de Dory foi colocar um peixe com perda de memória recente para ajudar a procurar um desaparecido. A ironia disso é genial. Uma das melhores coisas de Procurando Nemo.
Mas, mais do que isso, Dory é um símbolo de valores que andam mesmo meio esquecidos na sociedade. Dory é fiel e companheira. E Dory nunca desiste de algo. Talvez por esquecer rapidamente os possíveis problemas, os medos, as dificuldades. Mas, ela vai, simplesmente, espontaneamente, sem pensar muito. Era um contraste perfeito para Marlin e sua eterna precaução. E o peixinho-palhaço pai de Nemo era assim, exatamente pelo trauma do passado que matou sua esposa e seus outros filhos. Ou seja, ele não esquecia e por isso, não ia, ao contrário de Dory.
Não digo com isso que devemos simplesmente esquecer tudo. Claro, a experiência é um aprendizado importante. Mas, os traumas que nos deixam travados, impedidos de arriscar, é que acabam nos prejudicando. Riscos também fazem parte da vida. É preciso corrê-los de vez em quando. Talvez por isso, era tão bom ver Dory se arriscando a todo momento, sem o menor medo das consequências.
E claro, era engraçado. Afinal, rir dos problemas também ajuda a afastar o medo. E Dory é mesmo uma peixinha engraçada. Desbocada e divertida, tem tiradas ótimas, como a própria cena em que fala com uma baleia. É aquela figura doidinha que é sempre bom ter por perto. Que não tem vergonha de "pagar mico", nem fica pensando muito antes de agir. Até porque se ela pensar demais já esqueceu o que faria.
Dory é isso. O retrato da sinceridade e espontaneidade que a vida vai nos fazendo perder. E fica a pergunta de como será essa continuação. Poucas informações foram dadas até agora, mas já dá para prever algumas coisas. O título, Procurando Dory, nos daria a entender que Dory se perderia e com isso começaria uma nova jornada em busca da peixinha. Mas, Ellen DeGeneres, que dubla a peixinha na versão original, já declarou em seu programa que teremos "muito mais Dory" nesse filme. O que nos faria pensar em duas tramas paralelas, tal qual aconteceu com Nemo, uma com os amigos Procurando Dory e outra com ela perdida sabe-se lá onde.
Porém, o diretor de animação, Andrew Stanton já deu outras pistas de que a procura por Dory pode ser anterior a procura por Nemo. Segundo o diretor, no filme ela irá se reunir com parentes e amigos do fundo do mar, e aprenderá algumas lições sobre o significado da palavra família. Ou seja, Dory tinha uma vida antes de encontrar Marlin no meio do mar. Aliás, o que ela fazia ali? Provavelmente, a estão procurando há muito tempo e ela nem lembra...
Agora, o que irá acontecer mesmo nós só saberemos em 2015. Mas, se ela continuar assim, sincera, divertida e falando baleiês, é mesmo garantia de sucesso.
Chamou a minha a atenção a quantidade de sites, portais e blogs que disparavam a notícia, comemorando o retorno da personagem. A própria página oficial da Disney / Pixar anunciou: "Nós temos uma notícia para compartilhar com vocês, mas vamos deixar que Dory entregue". Em menos de quatro horas, mais de dez mil pessoas tinham curtido e tinham quase dois mil compartilhamentos. Na página oficial da personagem (que a mensagem direcionava), o anúncio do filme para novembro de 2015 nesse mesmo tempo teve mais de 150 mil curtidas e mais de 50 mil compartilhamentos.
Nada disso é por acaso, em uma pesquisa recente, a personagem foi escolhida como a mais querida entre todos os da Pixar. Uma prova disso é a popularidade de sua página no Facebook. A página do filme no Facebook tem 16 milhões de curtidas, enquanto que a página da personagem tem 24 milhões. Ela é mesmo muito amada. Mas, por quê?
Dory é uma peixinha azul engraçada, com uma peculiaridade: tem perda de memória recente. Porém, ela não é apenas para rir, é amiga, companheira, disponível e, claro, fala baleiês. Muita coisa para uma peixinha tão pequena. Na verdade, a grande sacada da criação de Dory foi colocar um peixe com perda de memória recente para ajudar a procurar um desaparecido. A ironia disso é genial. Uma das melhores coisas de Procurando Nemo.
Mas, mais do que isso, Dory é um símbolo de valores que andam mesmo meio esquecidos na sociedade. Dory é fiel e companheira. E Dory nunca desiste de algo. Talvez por esquecer rapidamente os possíveis problemas, os medos, as dificuldades. Mas, ela vai, simplesmente, espontaneamente, sem pensar muito. Era um contraste perfeito para Marlin e sua eterna precaução. E o peixinho-palhaço pai de Nemo era assim, exatamente pelo trauma do passado que matou sua esposa e seus outros filhos. Ou seja, ele não esquecia e por isso, não ia, ao contrário de Dory.
Não digo com isso que devemos simplesmente esquecer tudo. Claro, a experiência é um aprendizado importante. Mas, os traumas que nos deixam travados, impedidos de arriscar, é que acabam nos prejudicando. Riscos também fazem parte da vida. É preciso corrê-los de vez em quando. Talvez por isso, era tão bom ver Dory se arriscando a todo momento, sem o menor medo das consequências.
E claro, era engraçado. Afinal, rir dos problemas também ajuda a afastar o medo. E Dory é mesmo uma peixinha engraçada. Desbocada e divertida, tem tiradas ótimas, como a própria cena em que fala com uma baleia. É aquela figura doidinha que é sempre bom ter por perto. Que não tem vergonha de "pagar mico", nem fica pensando muito antes de agir. Até porque se ela pensar demais já esqueceu o que faria.
Dory é isso. O retrato da sinceridade e espontaneidade que a vida vai nos fazendo perder. E fica a pergunta de como será essa continuação. Poucas informações foram dadas até agora, mas já dá para prever algumas coisas. O título, Procurando Dory, nos daria a entender que Dory se perderia e com isso começaria uma nova jornada em busca da peixinha. Mas, Ellen DeGeneres, que dubla a peixinha na versão original, já declarou em seu programa que teremos "muito mais Dory" nesse filme. O que nos faria pensar em duas tramas paralelas, tal qual aconteceu com Nemo, uma com os amigos Procurando Dory e outra com ela perdida sabe-se lá onde.
Porém, o diretor de animação, Andrew Stanton já deu outras pistas de que a procura por Dory pode ser anterior a procura por Nemo. Segundo o diretor, no filme ela irá se reunir com parentes e amigos do fundo do mar, e aprenderá algumas lições sobre o significado da palavra família. Ou seja, Dory tinha uma vida antes de encontrar Marlin no meio do mar. Aliás, o que ela fazia ali? Provavelmente, a estão procurando há muito tempo e ela nem lembra...
Agora, o que irá acontecer mesmo nós só saberemos em 2015. Mas, se ela continuar assim, sincera, divertida e falando baleiês, é mesmo garantia de sucesso.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Por que amamos Dory?
2013-04-06T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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