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Grandes Cenas: Um Lugar Chamado Notting Hill (com spoilers)
Grandes Cenas: Um Lugar Chamado Notting Hill (com spoilers)
Doze de junho. Dia dos Namorados no Brasil. Por mais que seja uma data comercial, é sempre bom alimentar esse nosso lado romântico. Este mês estamos trazendo um especial com um casal marcante do cinema a cada domingo, mas hoje resolvi trazer uma grande cena para análise. Extremamente clichê. Mas, que consegue ser criativa em sua previsibilidade.
Falo da cena final de Um Lugar Chamado Notting Hill. Não é totalmente original, já que A Princesa e o Plebeu tinha utilizado o mesmo viés da coletiva de imprensa para uma declaração amorosa. Lá, ficou sub-entendida. Aqui, ficou escancarada, com direito a flashes e a música She de Elvis Costello nos embalando. Aliás, de um certo ponto de vista, os dois filmes têm muitas aproximações. Lá, ela era uma princesa, aqui ela é uma atriz de cinema. E ambas acabam se envolvendo com um rapaz comum. Outra diferença é que o personagem de Hugh Grant era um ingênuo, enquanto o de Gregory Peck, um esperto.
Porém, enquanto A Princesa e o Plebeu é mais realista. Um Lugar Chamado Notting Hill se entrega ao romantismo e fantasia. Sim, uma super star de Hollywood pode se mudar para um pequeno bairro inglês para viver com um modesto vendedor de livros. O amor vence barreiras. Torcemos por isso durante todo o filme, ainda que Julia Roberts pise no pobre rapaz a maioria das vezes. E por que é um clichê genial? Porque, como já disse, todos esperavam que o casal ficassem junto. O "como" é que faz toda a diferença, permitindo a mágica acontecer.
Anna Scott pediu para ficar com William Thacker ("Não passo de uma garota parada na frente de um rapaz pedindo a ele que a ame"), mas ele cansou de ser maltratado e a mandou embora. Mas, percebeu que fez besteira. Ele a ama, e ela provou que o ama. Naquelas cenas que só acontece em filme, ele corre pela cidade para conseguir encontrá-la antes que a moça embarque de volta para os Estados Unidos. E acaba encontrando-a em uma coletiva de imprensa.
A cena tem detalhes de direção interessantes, mas é o texto que faz toda a diferença. William chega no meio da coletiva, um repórter está perguntando quanto tempo ela ficará na Inglaterra. Ela diz que parte naquele mesmo dia. A próxima pergunta é sobre o suposto romance dela com William. A câmera o encontra quase escondido entre os repórteres ouvindo ela dizer que eram apenas bons amigos.
Ele, então, pede a palavra e pergunta se não poderiam ser mais que bons amigos. É interessante perceber a dinâmica ali. A troca de olhares cúmplices dos dois. Os demais repórteres sem saber que ele é o Sr. Thacker. Um deles chega a ajudar, dizendo o nome dele. Ele faz a segunda pergunta, que teoricamente não poderia, seria uma por veículo. E essa pergunta é sua declaração, seu pedido de desculpas e súplica para que fiquem juntos. Ela aceita, ainda também em um código apenas dos dois. E William ainda brinca dizendo que os leitores da revista "Horse & Hound" iriam adorar, em uma brincadeira com o disfarce que ele utilizou para um outro encontro durante o filme.
É quanto tem a virada. Anna pede, através de seu assessor, que o outro repórter repita a pergunta sobre quanto tempo ela permanecerá na Inglaterra. E ela responde: indefinidamente. Nesse ponto, há a virada da cena, marcada pela entrada da música She de Elvis Costello. A música é o tema do casal e traduz perfeitamente o amor idealizado que ele tem por ela. "She May be the face I can't forget. A trace of pleasure or regret. May be my treasure or the price I have to pay".
Claro, os repórteres percebem que aquele "repórter" é o William Thacker e começam a tirar fotos desesperadamente do casal, que, apesar de separados fisicamente (ele na plateia, ela na bancada), estão mais juntos do que nunca. Tanto que, em um plano, dois monitores mostram os closes de ambos, lado a lado, sorrindo em cumplicidade.
É o ápice da realização amorosa. Mesmo sendo uma estrela e um homem comum, estão juntos. Um clipe final os mostra dividindo os dois mundos, querendo confirmar que é possível. Talvez seja mesmo, afinal, William é um homem simples que não se incomoda com o ego e por sua mulher brilhar mais que ele. Queremos acreditar nisso. Gostamos dessa possibilidade poder nos ser apresentada. Afinal, sonhar não custa nada.
Feliz Dia dos Namorados para todos.
Falo da cena final de Um Lugar Chamado Notting Hill. Não é totalmente original, já que A Princesa e o Plebeu tinha utilizado o mesmo viés da coletiva de imprensa para uma declaração amorosa. Lá, ficou sub-entendida. Aqui, ficou escancarada, com direito a flashes e a música She de Elvis Costello nos embalando. Aliás, de um certo ponto de vista, os dois filmes têm muitas aproximações. Lá, ela era uma princesa, aqui ela é uma atriz de cinema. E ambas acabam se envolvendo com um rapaz comum. Outra diferença é que o personagem de Hugh Grant era um ingênuo, enquanto o de Gregory Peck, um esperto.
Porém, enquanto A Princesa e o Plebeu é mais realista. Um Lugar Chamado Notting Hill se entrega ao romantismo e fantasia. Sim, uma super star de Hollywood pode se mudar para um pequeno bairro inglês para viver com um modesto vendedor de livros. O amor vence barreiras. Torcemos por isso durante todo o filme, ainda que Julia Roberts pise no pobre rapaz a maioria das vezes. E por que é um clichê genial? Porque, como já disse, todos esperavam que o casal ficassem junto. O "como" é que faz toda a diferença, permitindo a mágica acontecer.
Anna Scott pediu para ficar com William Thacker ("Não passo de uma garota parada na frente de um rapaz pedindo a ele que a ame"), mas ele cansou de ser maltratado e a mandou embora. Mas, percebeu que fez besteira. Ele a ama, e ela provou que o ama. Naquelas cenas que só acontece em filme, ele corre pela cidade para conseguir encontrá-la antes que a moça embarque de volta para os Estados Unidos. E acaba encontrando-a em uma coletiva de imprensa.
A cena tem detalhes de direção interessantes, mas é o texto que faz toda a diferença. William chega no meio da coletiva, um repórter está perguntando quanto tempo ela ficará na Inglaterra. Ela diz que parte naquele mesmo dia. A próxima pergunta é sobre o suposto romance dela com William. A câmera o encontra quase escondido entre os repórteres ouvindo ela dizer que eram apenas bons amigos.
Ele, então, pede a palavra e pergunta se não poderiam ser mais que bons amigos. É interessante perceber a dinâmica ali. A troca de olhares cúmplices dos dois. Os demais repórteres sem saber que ele é o Sr. Thacker. Um deles chega a ajudar, dizendo o nome dele. Ele faz a segunda pergunta, que teoricamente não poderia, seria uma por veículo. E essa pergunta é sua declaração, seu pedido de desculpas e súplica para que fiquem juntos. Ela aceita, ainda também em um código apenas dos dois. E William ainda brinca dizendo que os leitores da revista "Horse & Hound" iriam adorar, em uma brincadeira com o disfarce que ele utilizou para um outro encontro durante o filme.
É quanto tem a virada. Anna pede, através de seu assessor, que o outro repórter repita a pergunta sobre quanto tempo ela permanecerá na Inglaterra. E ela responde: indefinidamente. Nesse ponto, há a virada da cena, marcada pela entrada da música She de Elvis Costello. A música é o tema do casal e traduz perfeitamente o amor idealizado que ele tem por ela. "She May be the face I can't forget. A trace of pleasure or regret. May be my treasure or the price I have to pay".
Claro, os repórteres percebem que aquele "repórter" é o William Thacker e começam a tirar fotos desesperadamente do casal, que, apesar de separados fisicamente (ele na plateia, ela na bancada), estão mais juntos do que nunca. Tanto que, em um plano, dois monitores mostram os closes de ambos, lado a lado, sorrindo em cumplicidade.
É o ápice da realização amorosa. Mesmo sendo uma estrela e um homem comum, estão juntos. Um clipe final os mostra dividindo os dois mundos, querendo confirmar que é possível. Talvez seja mesmo, afinal, William é um homem simples que não se incomoda com o ego e por sua mulher brilhar mais que ele. Queremos acreditar nisso. Gostamos dessa possibilidade poder nos ser apresentada. Afinal, sonhar não custa nada.
Feliz Dia dos Namorados para todos.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Grandes Cenas: Um Lugar Chamado Notting Hill (com spoilers)
2013-06-12T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
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