Home
acao
Amy Adams
Christopher Nolan
critica
Diane Lane
drama
Henry Cavill
Kevin Costner
Laurence Fishburne
Michael Shannon
quadrinhos
Russel Crowe
Zack Snyder
O Homem de Aço
O Homem de Aço
Após dois grandes filmes e três de qualidade duvidosa, o Super Homem tem o seu reboot. E assim como Batman, vem pelas mãos de Christopher Nolan, só que não na direção, que ficou a cargo de Zack Snyder. A dupla, no entanto, não conseguiu dar mais um sucesso inconteste à DC que possa entusiasmar para um projeto mais ousado como a Liga da Justiça. Ainda que seja um filme bem feito, O Homem de Aço é cansativo e burocrático, não tendo a alma que nos faz vibrar com os grandes heróis.
"Vou me entregar à humanidade", com essa frase Kal-El aceita o seu destino quando chega o momento crucial de sua vida. Não por acaso também, ao se jogar de uma nave, ele abre os braços e fica em uma posição de cruz. Comparar Superman a Jesus Cristo não é novidade. Assim como seres alienígenas, desconhecidos e sobrenaturais ao poder divino. Afinal, não eram os deuses, astronautas? Mas, algo no filme de Zack Snyder parece querer reforçar demais essa predestinação do filho de Krypton. É como se a humanidade dependesse dele, um guia que veio de um planeta distante. E curioso que ao contrário do Cristo, sua concepção tenha sido natural, principalmente pelo fato de que há séculos nenhum kryptoniano nasça assim.
Na mitologia apresentada por David S. Goyer e Christopher Nolan, a história de Krypton é melhor explorada. O roteiro dedica boa parte da trama a essa introdução, nos apresentando uma realidade que lembra a república de Star Wars, até mesmo na composição estética. Nesse mundo onde um conselho rege o planeta, os bebês são cultivados e colhidos, já programados para o que serão na vida. Kal-El será o primeiro que nascerá de maneira natural e com isso, terá escolhas. É pautada na esperança disso, que Jor-El o lança ao espaço, enquanto o planeta sucumbe pela exploração desenfreada dos recursos naturais. Isso torna o Superman não apenas especial no planeta Terra, mas especial já em Krypton. Um ser diferente, predestinado a grandes feitos.
O roteiro, no entanto, opta por pular desse momento para encontrarmos Clark Kent já adulto no planeta Terra. Todas as cenas de infância e adolescência serão apresentadas como lembranças poéticas, o que torna toda essa segunda parte cansativa e burocrática. Constrói-se o mito, mas não constrói-se o personagem, talvez por economia narrativa já que o filme ainda precisava explorar toda a invasão do General Zod e as escolhas do planeta Terra. São três temas complexos expostos de uma maneira confusa: a história de Krypton, a história de Clark Kent e a invasão de Zod com o duelo com Kal-El, tendo o planeta como testemunha.
Incomoda também que se antes o Clark Kent fazia mágicas para manter sua identidade secreta, mesmo para Lois Lane, o de Henry Cavill tenha uma certa tendência a se expor para ela já no início da relação dos dois. Parece que o super-herói completamente anônimo saiu de moda, vide o Homem-Aranha que também se expõe e tira a máscara diversas vezes. Clark Kent não chega a tanto, até porque seu pai adotivo sempre o treinou para se esconder. "O mundo não está preparado para você", ele dizia. E ele, de fato, buscou se manter discreto, mas quando se trata de Lois Lane tudo muda e isso é, no mínimo, estranho.
Mas, Amy Adams está bem no papel, consegue trazer uma graça à personagem que Margot Kidder, por exemplo, não conseguia. Lois Lane era chata, agora é simpática, mesmo que continue intrometida. Bom ver também Kevin Costner como o pai adotivo de Clark, formando uma boa dupla com Diane Lane. Russell Crowe, apesar de não ser um Marlon Brando, consegue convencer como Jor-El. Assim como Henry Cavill é um superman correto. Há verdade, nos personagem em geral, o que não há é alma na trama. Tudo é muito frio, sem emoção, burocrática, como a trilha de Hans Zimmer que não tem o impacto crescente da música-tema criada por John Williams.
E é nesse ponto que o filme falha, ainda que seja bem executado. Falta, em O Homem de Aço, algo que é essencial ao personagem: a inspiração. Super-Homem é um ser que nos inspira a sermos melhores. Uma trajetória que admiramos e queremos nos identificar, como um salvador de fato. Ele foi concebido assim desde os quadrinhos e é um ser tão correto, que é incapaz de errar ou se deixar levar por emoções negativas. Não é isso que vemos aqui. Ainda que haja uma tentativa tão forte de compará-lo ao Cristo, crucificado pela própria humanidade que tentava salvar.
O Homem de Aço não chega, então, a ser uma decepção. Ainda que fique aquém das expectativas criadas desde o seu primeiro teaser. Era o filme que mais esperava no ano, por exemplo. Não decepciona, porque, repito, é bem feito. E tem momentos que empolga. Mas, poderia ser muito mais. Poderia ser realmente um marco na história do cinema e dos quadrinhos. Algo digno do personagem e do projeto que ainda pode encadear. De qualquer maneira, vamos torcer para que não fique por aí. O mundo precisa, cada vez mais, acreditar em super-homens.
O Homem de Aço (Man of Steel, 2013 / EUA)
Direção: Zack Snyder
Roteiro: David S. Goyer e Christopher Nolan
Com: Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon, Diane Lane, Russell Crowe, Kevin Costner, Laurence Fishburne
Duração: 143 min.
"Vou me entregar à humanidade", com essa frase Kal-El aceita o seu destino quando chega o momento crucial de sua vida. Não por acaso também, ao se jogar de uma nave, ele abre os braços e fica em uma posição de cruz. Comparar Superman a Jesus Cristo não é novidade. Assim como seres alienígenas, desconhecidos e sobrenaturais ao poder divino. Afinal, não eram os deuses, astronautas? Mas, algo no filme de Zack Snyder parece querer reforçar demais essa predestinação do filho de Krypton. É como se a humanidade dependesse dele, um guia que veio de um planeta distante. E curioso que ao contrário do Cristo, sua concepção tenha sido natural, principalmente pelo fato de que há séculos nenhum kryptoniano nasça assim.
Na mitologia apresentada por David S. Goyer e Christopher Nolan, a história de Krypton é melhor explorada. O roteiro dedica boa parte da trama a essa introdução, nos apresentando uma realidade que lembra a república de Star Wars, até mesmo na composição estética. Nesse mundo onde um conselho rege o planeta, os bebês são cultivados e colhidos, já programados para o que serão na vida. Kal-El será o primeiro que nascerá de maneira natural e com isso, terá escolhas. É pautada na esperança disso, que Jor-El o lança ao espaço, enquanto o planeta sucumbe pela exploração desenfreada dos recursos naturais. Isso torna o Superman não apenas especial no planeta Terra, mas especial já em Krypton. Um ser diferente, predestinado a grandes feitos.
O roteiro, no entanto, opta por pular desse momento para encontrarmos Clark Kent já adulto no planeta Terra. Todas as cenas de infância e adolescência serão apresentadas como lembranças poéticas, o que torna toda essa segunda parte cansativa e burocrática. Constrói-se o mito, mas não constrói-se o personagem, talvez por economia narrativa já que o filme ainda precisava explorar toda a invasão do General Zod e as escolhas do planeta Terra. São três temas complexos expostos de uma maneira confusa: a história de Krypton, a história de Clark Kent e a invasão de Zod com o duelo com Kal-El, tendo o planeta como testemunha.
Incomoda também que se antes o Clark Kent fazia mágicas para manter sua identidade secreta, mesmo para Lois Lane, o de Henry Cavill tenha uma certa tendência a se expor para ela já no início da relação dos dois. Parece que o super-herói completamente anônimo saiu de moda, vide o Homem-Aranha que também se expõe e tira a máscara diversas vezes. Clark Kent não chega a tanto, até porque seu pai adotivo sempre o treinou para se esconder. "O mundo não está preparado para você", ele dizia. E ele, de fato, buscou se manter discreto, mas quando se trata de Lois Lane tudo muda e isso é, no mínimo, estranho.
Mas, Amy Adams está bem no papel, consegue trazer uma graça à personagem que Margot Kidder, por exemplo, não conseguia. Lois Lane era chata, agora é simpática, mesmo que continue intrometida. Bom ver também Kevin Costner como o pai adotivo de Clark, formando uma boa dupla com Diane Lane. Russell Crowe, apesar de não ser um Marlon Brando, consegue convencer como Jor-El. Assim como Henry Cavill é um superman correto. Há verdade, nos personagem em geral, o que não há é alma na trama. Tudo é muito frio, sem emoção, burocrática, como a trilha de Hans Zimmer que não tem o impacto crescente da música-tema criada por John Williams.
E é nesse ponto que o filme falha, ainda que seja bem executado. Falta, em O Homem de Aço, algo que é essencial ao personagem: a inspiração. Super-Homem é um ser que nos inspira a sermos melhores. Uma trajetória que admiramos e queremos nos identificar, como um salvador de fato. Ele foi concebido assim desde os quadrinhos e é um ser tão correto, que é incapaz de errar ou se deixar levar por emoções negativas. Não é isso que vemos aqui. Ainda que haja uma tentativa tão forte de compará-lo ao Cristo, crucificado pela própria humanidade que tentava salvar.
O Homem de Aço não chega, então, a ser uma decepção. Ainda que fique aquém das expectativas criadas desde o seu primeiro teaser. Era o filme que mais esperava no ano, por exemplo. Não decepciona, porque, repito, é bem feito. E tem momentos que empolga. Mas, poderia ser muito mais. Poderia ser realmente um marco na história do cinema e dos quadrinhos. Algo digno do personagem e do projeto que ainda pode encadear. De qualquer maneira, vamos torcer para que não fique por aí. O mundo precisa, cada vez mais, acreditar em super-homens.
O Homem de Aço (Man of Steel, 2013 / EUA)
Direção: Zack Snyder
Roteiro: David S. Goyer e Christopher Nolan
Com: Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon, Diane Lane, Russell Crowe, Kevin Costner, Laurence Fishburne
Duração: 143 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Homem de Aço
2013-07-13T08:00:00-03:00
Amanda Aouad
acao|Amy Adams|Christopher Nolan|critica|Diane Lane|drama|Henry Cavill|Kevin Costner|Laurence Fishburne|Michael Shannon|quadrinhos|Russel Crowe|Zack Snyder|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
King Richard: Criando Campeãs (2021), dirigido por Reinaldo Marcus Green , é mais do que apenas uma cinebiografia : é um retrato emocionalm...
-
Cinema Sherlock Homes O filme de destaque atualmente é esta releitura do clássico do mistério pelas mãos de Guy Ritchie. O ex de Madonna p...
-
Clint Eastwood me conquistou aos poucos. Ele sabe como construir um filme que emociona e, agora, parece ter escolhido Matt Damon como seu ...
-
Eletrizante é a melhor palavra para definir esse filme de Tony Scott . Que o diretor sabe fazer filmes de ação não é novidade, mas uma tra...
-
Olhando para A Múmia (1999), mais de duas décadas após seu lançamento, é fácil perceber como o filme se tornou um marco do final dos anos ...
-
O Soterópolis programa cultural da TVE Bahia, fez uma matéria muito interessante sobre blogs baianos. Esta que vos fala deu uma pequena con...
-
Fui ao cinema sem grandes pretensões. Não esperava um novo Matrix, nem mesmo um grande filme de ação. Difícil definir Gamer, que recebeu du...
-
O CinePipocaCult adverte: se você sofre de claustrofobia, síndrome do pânico ou problemas cardíacos é melhor evitar esse filme. Brincadeiras...
-
Amor à Queima Roupa (1993), dirigido por Tony Scott e roteirizado por Quentin Tarantino , é um daqueles filmes que, ao longo dos anos, se...