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Invocação do Mal
Invocação do Mal
Filmes sobre exorcismo já foram feitos aos montes. E a fórmula parecia cada vez mais desgastada. Mas, aí surge James Wan, que já tinha mexido com o cinema de horror em Jogos Mortais, e nos traz algo com novo frescor. Sobrenatural, seu filme de 2010, já tinha empolgado em seu início, apesar de cair muito na parte final. Mas, o que tornou o filme anterior um problema (a chegada dos "caça-fantasmas"), aqui é o mote principal, tornando Invocação do Mal um dos melhores filmes do gênero dos últimos tempos.
Baseado em uma história real, o filme narra o drama da família Perron que ao se mudar para uma fazenda em Nova Inglaterra, começa a lidar com fenômenos sobrenaturais assustadores. Eles acabam, então, recorrendo aos famosos de demonologistas Ed e Lorraine Warren para encontrar uma solução. O casal que já investiga e participa de rituais de exorcismos há anos, tendo inclusive um museu de objetos infectados em sua residência, resolve ajudar a família, mas não sabiam que as complicações seriam tão extensas.
Talvez por se tratar de uma trama real, o roteiro de Chad Hayes e Carey Hayes tenta embasar a história do casal. Começamos vendo palestras, entrevistas, recortes de jornais, que nos dão a dimensão da experiência e possibilidades que a dupla já vivenciou. Este prólogo acaba sendo uma escolha acertada para que as soluções não surjam de uma maneira mágica e até mesmo a questão com a igreja seja melhor explicada. É interessante perceber o quanto os católicos, que não acreditam em comunicação entre mortos e vivos, colocam tudo nas mãos do "demônio". No Espiritismo, isto tudo seria mais simples, por exemplo. Mas, talvez, não desse tanto medo.
Feita a contextualização, a apresentação da família Perron também é bastante feliz. O casal Carolyn e Roger é bastante simples e só queria uma vida mais tranquila no campo. Suas cinco filhas possuem idades e personalidades bem distintas, mas todas parecem muito unidas e adoram uma brincadeira de esconder, onde os olhos são vendados por um laço. Este detalhe acaba sendo um elemento importante na constituição do suspense e dos sustos. O que dá um certo charme à trama.
Invocação do Mal não foge dos clichês, nem da programação natural de qualquer filme de suspense. Somos avisados por músicas altas e tensas, por uma câmera subjetiva, por detalhes do jogo do que é mostrado ou não para o espectador. Mas, James Wan nos surpreende dentro deste jogo, ao nos dar algumas coisas que não esperávamos, ou pelo menos, não esperávamos naquele momento.
Claro que, sabendo que é um filme de terror, esperamos uma casa mal assombrada, mas ver o cachorro latindo e não querendo entrar nela traz um elemento a mais, assim como o olhar de Vera Farmiga, que interpreta a investigadora Lorraine Warren, quando entra ali pela primeira vez. Ainda que não nos mostre o que, fica claro que ela viu algo. O detalhe dos pássaros que começam a ser atraídos para a casa e quebram o pescoço também nos traz bons elementos sobre a desarmonia atmosférica naquele local.
Isto não quer dizer que Invocação do Mal não tenha seu momentos problemáticos também. Claro. A banda sonora acaba exagerando na dose, nos deixando irritados em alguns momentos, mais do que tensos ou assustados. Até por anunciar antes da hora algumas coisas. Assim como há problemas de coerência no sono das meninas. Em determinado momento, basta uma garotinha sonâmbula batendo a cabeça na porta do armário para todos acordarem. Enquanto em outro momento, todos os quadros da casa desabam da parede e ninguém desperta. Coisas de filme, diriam alguns.
As atuações em geral são convincentes, Patrick Wilson e Vera Farmiga constroem uma boa química e convencem como Ed e Lorraine. Assim como Lili Taylor está bem na pele da assustada Carolyn Perron, destaque para o trabalho de maquiagem e efeitos especiais em algumas cenas. Ron Livingston que faz o marido Roger não chega a ser um destaque, mas também está bem, assim como as meninas. Só me incomoda um pouco o personagem estereotipado do policial que os ajuda.
De qualquer maneira, o filme consegue cumprir o seu principal propósito: contar bem uma história assustadora e passar esse medo para a plateia que a acompanha. Tudo é tenso e pensado de uma maneira detalhada, sem abusar da nossa inteligência. É bom ver filmes com suspenses assim.
Invocação do Mal (The Conjuring, 2013 / EUA)
Direção: James Wan
Roteiro: Chad Hayes, Carey Hayes
Com: Patrick Wilson, Vera Farmiga, Ron Livingston, Lili Taylor
Duração: 112 min.
Baseado em uma história real, o filme narra o drama da família Perron que ao se mudar para uma fazenda em Nova Inglaterra, começa a lidar com fenômenos sobrenaturais assustadores. Eles acabam, então, recorrendo aos famosos de demonologistas Ed e Lorraine Warren para encontrar uma solução. O casal que já investiga e participa de rituais de exorcismos há anos, tendo inclusive um museu de objetos infectados em sua residência, resolve ajudar a família, mas não sabiam que as complicações seriam tão extensas.
Talvez por se tratar de uma trama real, o roteiro de Chad Hayes e Carey Hayes tenta embasar a história do casal. Começamos vendo palestras, entrevistas, recortes de jornais, que nos dão a dimensão da experiência e possibilidades que a dupla já vivenciou. Este prólogo acaba sendo uma escolha acertada para que as soluções não surjam de uma maneira mágica e até mesmo a questão com a igreja seja melhor explicada. É interessante perceber o quanto os católicos, que não acreditam em comunicação entre mortos e vivos, colocam tudo nas mãos do "demônio". No Espiritismo, isto tudo seria mais simples, por exemplo. Mas, talvez, não desse tanto medo.
Feita a contextualização, a apresentação da família Perron também é bastante feliz. O casal Carolyn e Roger é bastante simples e só queria uma vida mais tranquila no campo. Suas cinco filhas possuem idades e personalidades bem distintas, mas todas parecem muito unidas e adoram uma brincadeira de esconder, onde os olhos são vendados por um laço. Este detalhe acaba sendo um elemento importante na constituição do suspense e dos sustos. O que dá um certo charme à trama.
Invocação do Mal não foge dos clichês, nem da programação natural de qualquer filme de suspense. Somos avisados por músicas altas e tensas, por uma câmera subjetiva, por detalhes do jogo do que é mostrado ou não para o espectador. Mas, James Wan nos surpreende dentro deste jogo, ao nos dar algumas coisas que não esperávamos, ou pelo menos, não esperávamos naquele momento.
Claro que, sabendo que é um filme de terror, esperamos uma casa mal assombrada, mas ver o cachorro latindo e não querendo entrar nela traz um elemento a mais, assim como o olhar de Vera Farmiga, que interpreta a investigadora Lorraine Warren, quando entra ali pela primeira vez. Ainda que não nos mostre o que, fica claro que ela viu algo. O detalhe dos pássaros que começam a ser atraídos para a casa e quebram o pescoço também nos traz bons elementos sobre a desarmonia atmosférica naquele local.
Isto não quer dizer que Invocação do Mal não tenha seu momentos problemáticos também. Claro. A banda sonora acaba exagerando na dose, nos deixando irritados em alguns momentos, mais do que tensos ou assustados. Até por anunciar antes da hora algumas coisas. Assim como há problemas de coerência no sono das meninas. Em determinado momento, basta uma garotinha sonâmbula batendo a cabeça na porta do armário para todos acordarem. Enquanto em outro momento, todos os quadros da casa desabam da parede e ninguém desperta. Coisas de filme, diriam alguns.
As atuações em geral são convincentes, Patrick Wilson e Vera Farmiga constroem uma boa química e convencem como Ed e Lorraine. Assim como Lili Taylor está bem na pele da assustada Carolyn Perron, destaque para o trabalho de maquiagem e efeitos especiais em algumas cenas. Ron Livingston que faz o marido Roger não chega a ser um destaque, mas também está bem, assim como as meninas. Só me incomoda um pouco o personagem estereotipado do policial que os ajuda.
De qualquer maneira, o filme consegue cumprir o seu principal propósito: contar bem uma história assustadora e passar esse medo para a plateia que a acompanha. Tudo é tenso e pensado de uma maneira detalhada, sem abusar da nossa inteligência. É bom ver filmes com suspenses assim.
Invocação do Mal (The Conjuring, 2013 / EUA)
Direção: James Wan
Roteiro: Chad Hayes, Carey Hayes
Com: Patrick Wilson, Vera Farmiga, Ron Livingston, Lili Taylor
Duração: 112 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Invocação do Mal
2013-09-14T08:00:00-03:00
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