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A Menina Que Roubava Livros
A Menina Que Roubava Livros
Baseado no livro de Markus Zusak, A Menina Que Roubava Livros é uma história complexa que poderia cair facilmente no piegas. Há um excesso de tentativas de nos fazer chorar, é verdade. Mas, o filme de Brian Percival não consegue estragar o principal objetivo da trama: analisar a humanidade através do exemplo de uma jovenzinha especial.
Liesel é filha de uma comunista em plena ascensão da Alemanha Nazista. É entregue a um casal de alemães para adoção e tem que se adaptar à nova morada e à saudade da mãe. Principalmente porque sua nova "mama" é bastante ríspida. Sem saber ler, ela sofre, mas logo é acolhida pelo novo pai que a ensina com paciência e por seu vizinho Rudy, que se torna seu melhor amigo. Sua mania de roubar livros, que começou no enterro do irmão, vai aumentando à medida que encontra o prazer de conhecer e compartilhar boas histórias.
O livro tem uma particularidade que no filme se torna quase um detalhe, a narração da Morte. A Menina Que Roubava Livros é um livro em que conhecemos os pensamentos e relatos deste anjo assustador que todo ser vivo encontrará um dia. E, por acaso, ele resolve nos contar a história dessa menina que o chamou a atenção ainda em vida. No filme, apesar da presença pontual do narrador, temos muito mais da história de Liesel do que dos pensamentos da Morte.
A diferença torna a simbologia um pouco frouxa, quase sem sentido, ainda que consiga boas pontuações, principalmente quando fala da guerra e sua inutilidade. Falo isso não para entrar no juízo de valor de que o livro é melhor, ou algo parecido. Mas, para pontuar as diferenças que torna o sentido das obras díspares. E que também propicia o tal apelo emocional que está fazendo plateias chorarem e críticos se irritarem com a manipulação de emoções fáceis.
Dito isso, ressalto que A Menina Que Roubava Livros é uma boa adaptação na medida que lhe foi possível. É um livro complexo e a escolha por fechar em Liesel, ainda que fácil, nos dá o principal daquela história. E o resultado é mais do que satisfatório. É bem realizado, belo e com atuações que se encaixam perfeitamente no perfil dos personagens.
A começar pelo casal Hans e Rosa, vivido por Geoffrey Rush e Emily Watson. Os dois atores conseguem traduzir muito bem o "papa" e "mama" de Liesel com uma delicadeza única. Geoffrey Rush emana bondade e cuidados com a garota, ao mesmo tempo que traz um ar infantil ao se tornar cúmplice de sua filha em aventuras que a mãe odiaria. Já Emily Watson nos passa a dureza que mascara o verdadeiro coração daquela mulher sobrevivente.
Sophie Nélisse também convence como Liesel e constrói uma boa química com Nico Liersch, que interpreta Rudy. Assim como nos convence da amizade com Max, interpretado por Ben Schnetzer. Há uma inocência que vai se quebrando naquela situação de guerra, de perseguição aos judeus, de convocação para o exército, de sonhos frustrados como o de Rudy de ser um corredor igual ao seu ídolo Jesse Owens.
A ambientação e fotografia do filme é bastante feliz ao construir este ambiente insólito, frio e quase distante do período de guerra. Apenas no porão da casa, onde Liesel aprende suas palavras e Max se esconde temos uma sensação momentânea de aconchego. Nem na bela casa do prefeito, em meio a uma biblioteca imensa, nos sentimos bem como naquele local escondido, que ainda trará uma ironia dramática ao final.
A Menina Que Roubava Livros é um filme bem feito. Busca o sofrimento e choro fácil, mas, a despeito disso, consegue nos apresentar uma narrativa honesta sobre uma menina especial. Tão especial que chamou a atenção do anjo da morte que diante de seu desprezo pela humanidade, achou relevante nos contar sobre ela.
A Menina Que Roubava Livros (The Book Thief, 2013 / EUA)
Direção: Brian Percival
Roteiro: Michael Petroni
Com: Sophie Nélisse, Geoffrey Rush, Emily Watson, Nico Liersch, Ben Schnetzer
Duração: 131 min.
Liesel é filha de uma comunista em plena ascensão da Alemanha Nazista. É entregue a um casal de alemães para adoção e tem que se adaptar à nova morada e à saudade da mãe. Principalmente porque sua nova "mama" é bastante ríspida. Sem saber ler, ela sofre, mas logo é acolhida pelo novo pai que a ensina com paciência e por seu vizinho Rudy, que se torna seu melhor amigo. Sua mania de roubar livros, que começou no enterro do irmão, vai aumentando à medida que encontra o prazer de conhecer e compartilhar boas histórias.
O livro tem uma particularidade que no filme se torna quase um detalhe, a narração da Morte. A Menina Que Roubava Livros é um livro em que conhecemos os pensamentos e relatos deste anjo assustador que todo ser vivo encontrará um dia. E, por acaso, ele resolve nos contar a história dessa menina que o chamou a atenção ainda em vida. No filme, apesar da presença pontual do narrador, temos muito mais da história de Liesel do que dos pensamentos da Morte.
A diferença torna a simbologia um pouco frouxa, quase sem sentido, ainda que consiga boas pontuações, principalmente quando fala da guerra e sua inutilidade. Falo isso não para entrar no juízo de valor de que o livro é melhor, ou algo parecido. Mas, para pontuar as diferenças que torna o sentido das obras díspares. E que também propicia o tal apelo emocional que está fazendo plateias chorarem e críticos se irritarem com a manipulação de emoções fáceis.
Dito isso, ressalto que A Menina Que Roubava Livros é uma boa adaptação na medida que lhe foi possível. É um livro complexo e a escolha por fechar em Liesel, ainda que fácil, nos dá o principal daquela história. E o resultado é mais do que satisfatório. É bem realizado, belo e com atuações que se encaixam perfeitamente no perfil dos personagens.
A começar pelo casal Hans e Rosa, vivido por Geoffrey Rush e Emily Watson. Os dois atores conseguem traduzir muito bem o "papa" e "mama" de Liesel com uma delicadeza única. Geoffrey Rush emana bondade e cuidados com a garota, ao mesmo tempo que traz um ar infantil ao se tornar cúmplice de sua filha em aventuras que a mãe odiaria. Já Emily Watson nos passa a dureza que mascara o verdadeiro coração daquela mulher sobrevivente.
Sophie Nélisse também convence como Liesel e constrói uma boa química com Nico Liersch, que interpreta Rudy. Assim como nos convence da amizade com Max, interpretado por Ben Schnetzer. Há uma inocência que vai se quebrando naquela situação de guerra, de perseguição aos judeus, de convocação para o exército, de sonhos frustrados como o de Rudy de ser um corredor igual ao seu ídolo Jesse Owens.
A ambientação e fotografia do filme é bastante feliz ao construir este ambiente insólito, frio e quase distante do período de guerra. Apenas no porão da casa, onde Liesel aprende suas palavras e Max se esconde temos uma sensação momentânea de aconchego. Nem na bela casa do prefeito, em meio a uma biblioteca imensa, nos sentimos bem como naquele local escondido, que ainda trará uma ironia dramática ao final.
A Menina Que Roubava Livros é um filme bem feito. Busca o sofrimento e choro fácil, mas, a despeito disso, consegue nos apresentar uma narrativa honesta sobre uma menina especial. Tão especial que chamou a atenção do anjo da morte que diante de seu desprezo pela humanidade, achou relevante nos contar sobre ela.
A Menina Que Roubava Livros (The Book Thief, 2013 / EUA)
Direção: Brian Percival
Roteiro: Michael Petroni
Com: Sophie Nélisse, Geoffrey Rush, Emily Watson, Nico Liersch, Ben Schnetzer
Duração: 131 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Menina Que Roubava Livros
2014-01-29T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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