A trama gira em torno de duas irmãs, a inocente e divertida Anna e a complexa Elsa, que guarda um segredo. Ela nasceu com um poder de criar e controlar o gelo. A princípio era uma brincadeira divertida, mas quando Anna sofre um acidente, a garota é obrigada a controlar seus impulsos. O tempo passa, os problemas só aumentam, e no dia de sua coroação, Elsa se descontrola e cria um inverno eterno no reino, fugindo em seguida. Mas, Anna não irá desistir dela, embarcando em uma grande aventura.
A trama de Frozen é baseada no conto de fadas escrito por Hans Christian Andersen com o nome de The Snow Queen. E tem ares de tragédia grega. É interessante a forma como o destino de Elsa se cumpre ao tentar fugir dele, como a maioria dos heróis gregos. Ao tentar controlar seus poderes, escondendo-os da irmã e do reino, a menina é colocada pelos pais em um quarto e pressionada a controlá-los. Isso a faz mais tensa e passível de explosões.
A dor das irmãs é uma das coisa que chama mais atenção no filme. A prisão de Elsa não é ruim apenas para ela, mas para Anna que não entende o porquê da irmã ter-lhe sido tirada. Mais do que isso, Anna também se torna uma prisioneira, ainda que do castelo que fecha as portas para a sociedade. Sempre sozinha, batendo em vão à porta do quarto em busca de companhia para suas brincadeiras, ela não perde a inocência e alegria, mas sofre também consequências.
Os que não gostam de musicais, podem torcer o nariz para os diversos números do filme, mas existem alguns muito bons, como quando Anna dança com os quadros e estátuas do castelo feliz, por finalmente ver os portões de sua casa abertos ao mundo. A sincronia da música e dança, a ingenuidade autêntica com que ela celebra coisas que sempre sonhou fazer. Tudo é encantador. Assim como a cena em que as duas cantam após a confusão na coroação, demonstrando a sintonia de ambas, ainda que aparentemente distantes e separadas para sempre.
Outra coisa que chama a atenção em Frozen é a capacidade de brincar com os clichês do gênero, nos surpreendendo em diversos momentos. Principalmente no que se trata do desfecho que é de nos deixar com sorrisos nos lábios. A piada com o amor à primeira vista de príncipes e princesas é o melhor. "Eu não vou deixar você se casar com um homem que acabou de conhecer", grita Elsa. "O quê? Você ficou noiva de um homem que acabou de conhecer?" ironiza Kristoff, o jovem que a ajuda na caça à irmã.
E em meio a tanta tragédia, o alívio cômico é divertido e ao mesmo tempo, extremamente simbólico. O boneco de neve Olaf ,que "adora abraços quentinhos", é um símbolo do elo de amor entre as irmãs, que mesmo que separadas por um quarto, ainda guardavam o melhor de suas brincadeiras, da sua infância. E Olaf é mesmo uma figura, sonhando com o verão, como se fosse possível viver nele. Destaque ainda para a cena em que imita Fred Astaire.
Grandioso, envolvente, emocionante e surpreendente como toda animação deve ser, assim é Frozen. Um filme encantador que, para mim, é o melhor conto de fadas da Disney desde A Bela e a Fera. Estando no mesmo nível de O Rei Leão, que apesar de animação e musical, não pode ser considerado um conto de fadas.
Frozen: Uma Aventura Congelante (Frozen, 2013 / EUA)
Direção: Chris Buck, Jennifer Lee
Roteiro: Jennifer Lee
Duração: 102 min.
Hora de Viajar
Antes das sessões em 3D do filme Frozen, será exibido o curta-metragem Hora de Viajar, que é uma espécie de homenagem a "O vapor Willie" primeiro curta de Mickey Mouse lançado em 1928. O filme é uma divertida homenagem a Walt Disney, seu personagem mais famoso e ao cinema em geral ao brincar com a linguagem misturando o preto e branco, 2D e com razão de tela 4x3, para o 3D, colorido com razão de tela 16:9.O roteiro é simples, mas a forma como brinca com o dentro e fora da tela e os avanços da tecnologia é muito criativa. Assim como as brincadeiras com a própria tela, virando-a de cabeça para baixo ou girando-a como um peão. E tudo acaba ajudando na narrativa em uma harmonia divertia. Uma animação que merece uma conferida.