
Theodore Twombly tem uma profissão curiosa, é escritor de cartas a mão. Não é exatamente a mão, é verdade, ele dita e o computador reproduz uma caligrafia, mas ele tem o dom de passar sentimentos diversos de uma maneira bastante sensível e poética. De certa maneira, podemos fazer um paralelo entre sua profissão e a forma como utilizamos as tecnologias hoje em dia. Ninguém parece mais autêntico, usamos máquinas para tudo. Aqui, usam uma pessoa que utiliza uma máquina para reproduzir algo que deveria ser simples e espontâneo como uma carta direcionada a alguém que amamos, feita a mão.

Então, não é mesmo tão distante de nossa realidade que uma pessoa se apaixone e estabeleça uma relação com uma máquina. A única diferença da personagem Samantha para as relações de hoje em dia, é que ela não tem mesmo um corpo, apenas a voz de Scarlett Johansson nos dando uma ideia de sua personalidade. Por isso, não soa estranho também que as pessoas aceitem o relacionamento de uma maneira tão natural.

No futuro não muito distante em que a história se passa, a tecnologia é apenas um pouco mais avançada. Tanto que ele pode usar um kit portátil para dar um passeio na rua com "Samantha". Poucas coisas são, de fato, bastante evoluídas para nossa realidade, como o programa que dita as cartas simulando a caligrafia humana. Ou um jogo de videogame divertido, onde um personagem desbocado interage com a realidade do jogador.

Além do roteiro, dos personagem e das interpretações, chama a atenção em Ela também o cuidado com a direção de arte. O Sistema Operacional possui uma cor rosa bastante característica e é possível perceber a brincadeira com essa cor em diversas cenas, pontuando objetos, roupas, acessórios. Quando ele instala o sistema, está com uma blusa de manga comprida com essa cor. O abajur da sala também é rosa, os vidros da divisória de sua sala de trabalho, tudo vai mostrando a presença de Samantha em sua vida.
Ela é um filme extremamente sensível, que utiliza a tecnologia apenas como mote para falar de relações humanas. Porque, de fato, estamos nos comunicando cada vez mais através dela e isso reflete em várias questões, como a própria sensação de vazio do protagonista em questão. Para nos envolver e fazer pensar.
Ela (Her, 2013 / EUA)
Direção: Spike Jonze
Roteiro: Spike Jonze
Com: Joaquin Phoenix, Amy Adams, Scarlett Johansson, Rooney Mara, Olivia Wilde
Duração: 126 min.
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