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Godzilla

GodzillaSessenta anos depois do clássico filme japonês, Godzilla retorna às telas buscando ser uma síntese de tudo o que ele já foi e é no imaginário popular. Essa nova versão tem seus méritos, mas também diversos problemas, embora acabe sendo uma diversão interessante.

Quando ele surgiu, era um monstro resultado de experiências nucleares e causava medo. Aos poucos, foi ganhando a simpatia do público e vivendo aventuras diversas onde salvava a humanidade de outros monstros. O roteirista Max Borenstein e o diretor Gareth Edwards tentaram não perder nada disso. Só que agora, Godzilla é um monstro pré-histórico que se alimenta do núcleo da Terra e acorda sempre que há alguma ameaça. É um restaurador do equilíbrio, como defende o personagem de Ken Watanabe.

GodzillaOs créditos iniciais são bem interessantes, nos contando a história do monstro, em uma referência ao filme original, e construindo uma espécie de "queima de arquivos", ao cobrir nomes e dados envolvidos. Esse clima nos leva ao início da trama nas Filipinas e à investigações iniciais. Aliás, o filme começa muito bem, com a trama da família Brody. Até pelos atores que a compõe, Bryan Cranston e Juliette Binoche. Temos ótimas cenas, uma bastante intensa emocionalmente, inclusive, que só atores como eles poderiam sustentar.

Pena que isso dura pouco, e temos que acompanhar a saga de Ford Brody, vivido por Aaron Taylor-Johnson, o filho do casal. Completamente diferente de Kick-Ass, o ator até tenta segurar o drama, o problema é que a narrativa começa a construir arremedos sem muito sentido e fica difícil comprar a ideia da trama. Aliás, tudo parece solto e perdido, apenas uma desculpa para a humanidade presenciar uma luta de proporções gigantescas entre Godzilla e outros dois monstros.

GodzillaE nesse momento, o filme ganha força. Não apenas pelas lutas que são bem construídas e divertidas, até. Mas, pelo próprio cuidado em construir uma progressão na aparição dos monstros. Há um certo suspense em nos mostrar o Godzilla, por exemplo. Isso cria uma boa expectativa e a cena em que o revela cria um impacto positivo. É mesmo um deus dos monstros, seu tamanho impressiona, seu realismo impressiona, sua força impressiona.

Seria mais interessante ficarmos mesmo apenas como espectadores desse reequilíbrio natural proposto pelo Dr. Ichiro Serizawa (Ken Watanabe), pois as tentativas de interferências humanas são tolas e cheias de questões mal resolvidas no roteiro. Os personagens soam estereotipados, as situações são clichês e com tudo isso, os atores não ajudam muito. Falta identificação, falta drama, falta empatia com o espectador que começa a questionar tudo que vê em tela. E isso é péssimo para um filme. Parece mesmo que o personagem de Bryan Cranston era o único construído com alguma profundidade.

GodzillaDe qualquer maneira, a ação é bem construída e a direção tem um cuidado em ser criativo e conduzir a câmera em planos que vão nos dando a dimensão dos acontecimentos aos poucos. Mesmo que nas primeiras lutas dos monstros, o corte seja muito rápido, há uma condução da emoção. Há um clima do gênero do tokusatsu, e tudo isso nos diverte e envolve. Só não funciona mesmo o 3D, que é praticamente nulo.

No final, Godzilla não é o grande filme que prometia ser, mas funciona enquanto entretenimento. O roteiro é fraco, há absurdos que quase insultam nossa inteligência, os personagens não funcionam e os atores estão perdidos. Exceto, repito, pela primeira parte com Bryan Cranston e Juliette Binoche. Mas, os bichos cumprem sua parte e Godzilla comprova que é mesmo o deus dos monstros.



Godzilla (Godzilla, 2014 / EUA)
Direção: Gareth Edwards
Roteiro: Max Borenstein
Com: Aaron Taylor-Johnson, Elizabeth Olsen, Bryan Cranston, Juliette Binoche, Sally Hawkins, Ken Watanabe
Duração: 123 min.

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