Como Treinar o Seu Dragão 2
Continuações são sempre arriscadas, principalmente se não havia um planejamento de uma história continuada. Um dos principais erros é o de repetir fórmulas, deu certo no primeiro, acham que vai dar certo no segundo. Mas, mesmo quando se tenta algo novo, pode-se ficar aquém do original, como foi o caso de Universidade Monstros que, apesar de ser um bom filme de animação, é muito abaixo de Monstros S.A.
Felizmente a DreamWorks foi extremamente feliz na continuação de Como Treinar seu Dragão. O filme não apenas continua a história de Soluço e sua tribo, como de fato constrói uma nova jornada de aprendizado para o seu herói. Como Treinar Seu Dragão 2 tem características do seu antecessor, claro, como a narração no início e final do filme, e claro seus personagens. Mas, os encontramos em outra época e há uma evolução natural de toda a tribo com o convívio com os dragões.
Mas, se agora os dragões são amigos dos moradores de Berk, qual seria o ponto de partida de uma nova aventura? Esta nova construção é que torna o roteiro, baseado no livro de Cressida Cowell, ainda mais genial. Pois Soluço continua indo além da rotina. Se antes ele não queria matar dragões, agora, ele não quer assumir a chefia da ilha. Quer explorar o mundo e, ao explorá-lo, percebe que há muito mais do que todos podiam imaginar, inclusive raças diversas de dragões.
Em suas primeiras imagens, Soluço lembra muito Fernão Capelo Gaivota em sua ânsia por ir além do conhecido. Um verdadeiro explorador com alma incansável. Mas, logo sua aventura se apresenta em sua frente. Na verdade, com dois plots bastante significativos. O primeiro, com o conhecimento do vilão Drago Bludvist, que está formando um exército de dragões. O segundo com o encontro com outro treinador de dragão poderoso em uma ilha especial coberta de gelo. E a identidade desse treinador faz Soluço entender um pouco mais de sua origem e sua própria formação interior.
O filme trata, então, de ritos de passagem. Se no primeiro, conhecemos um Soluço criança assustado que se reafirma perante o pai, modificando a forma de pensar de toda uma aldeia. No segundo, temos um adolescente mais seguro de si, e também insatisfeito com os planos paternos. Só que agora sua jornada é mais profunda, até pela idade e pelos aprendizados. É interessante acompanhar a evolução do personagem e suas novas escolhas.
Da mesma forma que é belo ver reforçado os laços de amizade entre Soluço e seu dragão Banguela, o único Fúria da Noite mesmo em um mar de dragões. A lealdade de Banguela vai além de um animal treinado e dominado por seu treinador. Os dois se encontram e se identificam como amigos, mais até do que dono e animal de estimação, coisa que parece que os dragões se tornam dos moradores de Berk, com atitudes muito semelhantes a gatos e cachorros. Soluço e Banguela são quase irmãos, identificando-se até na deficiência física que não os impede de voar.
E se o roteiro é muito bem embasado e justifica a continuação, as questões técnicas estão ainda mais impressionantes. Há criatividade na criação dos dragões, dos mais diversos tamanhos, cores e formatos. Há também um cuidado na direção de arte e nos detalhes, como os pêlos da barba iniciante de Soluço. A construção das cenas também é bem feita, com voos, lutas, e ações diversas que nos envolvem e fazem torcer pelos personagens.
Como Treinar Seu Dragão 2 é uma animação que nos surpreende e agrada. Não apenas por manter o nível do seu antecessor, mas por mostrar que é possível construir uma continuação que vai além da repetição de fórmulas. É um filme que se justifica e se torna interessante, aprofundando o tema e seus personagens de uma maneira bela.
Como Treinar Seu Dragão 2 (How to Train Your Dragon 2, 2014 / EUA)
Direção: Dean DeBlois
Roteiro: Dean DeBlois
Duração: 102 min.
Felizmente a DreamWorks foi extremamente feliz na continuação de Como Treinar seu Dragão. O filme não apenas continua a história de Soluço e sua tribo, como de fato constrói uma nova jornada de aprendizado para o seu herói. Como Treinar Seu Dragão 2 tem características do seu antecessor, claro, como a narração no início e final do filme, e claro seus personagens. Mas, os encontramos em outra época e há uma evolução natural de toda a tribo com o convívio com os dragões.
Mas, se agora os dragões são amigos dos moradores de Berk, qual seria o ponto de partida de uma nova aventura? Esta nova construção é que torna o roteiro, baseado no livro de Cressida Cowell, ainda mais genial. Pois Soluço continua indo além da rotina. Se antes ele não queria matar dragões, agora, ele não quer assumir a chefia da ilha. Quer explorar o mundo e, ao explorá-lo, percebe que há muito mais do que todos podiam imaginar, inclusive raças diversas de dragões.
Em suas primeiras imagens, Soluço lembra muito Fernão Capelo Gaivota em sua ânsia por ir além do conhecido. Um verdadeiro explorador com alma incansável. Mas, logo sua aventura se apresenta em sua frente. Na verdade, com dois plots bastante significativos. O primeiro, com o conhecimento do vilão Drago Bludvist, que está formando um exército de dragões. O segundo com o encontro com outro treinador de dragão poderoso em uma ilha especial coberta de gelo. E a identidade desse treinador faz Soluço entender um pouco mais de sua origem e sua própria formação interior.
O filme trata, então, de ritos de passagem. Se no primeiro, conhecemos um Soluço criança assustado que se reafirma perante o pai, modificando a forma de pensar de toda uma aldeia. No segundo, temos um adolescente mais seguro de si, e também insatisfeito com os planos paternos. Só que agora sua jornada é mais profunda, até pela idade e pelos aprendizados. É interessante acompanhar a evolução do personagem e suas novas escolhas.
Da mesma forma que é belo ver reforçado os laços de amizade entre Soluço e seu dragão Banguela, o único Fúria da Noite mesmo em um mar de dragões. A lealdade de Banguela vai além de um animal treinado e dominado por seu treinador. Os dois se encontram e se identificam como amigos, mais até do que dono e animal de estimação, coisa que parece que os dragões se tornam dos moradores de Berk, com atitudes muito semelhantes a gatos e cachorros. Soluço e Banguela são quase irmãos, identificando-se até na deficiência física que não os impede de voar.
E se o roteiro é muito bem embasado e justifica a continuação, as questões técnicas estão ainda mais impressionantes. Há criatividade na criação dos dragões, dos mais diversos tamanhos, cores e formatos. Há também um cuidado na direção de arte e nos detalhes, como os pêlos da barba iniciante de Soluço. A construção das cenas também é bem feita, com voos, lutas, e ações diversas que nos envolvem e fazem torcer pelos personagens.
Como Treinar Seu Dragão 2 é uma animação que nos surpreende e agrada. Não apenas por manter o nível do seu antecessor, mas por mostrar que é possível construir uma continuação que vai além da repetição de fórmulas. É um filme que se justifica e se torna interessante, aprofundando o tema e seus personagens de uma maneira bela.
Como Treinar Seu Dragão 2 (How to Train Your Dragon 2, 2014 / EUA)
Direção: Dean DeBlois
Roteiro: Dean DeBlois
Duração: 102 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Como Treinar o Seu Dragão 2
2014-06-17T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
animacao|aventura|critica|Dean DeBlois|oscar 2015|
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