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oscar 2015
Planeta dos Macacos: O Confronto
Planeta dos Macacos: O Confronto
Desde o reboot de O Planeta dos Macacos a sensação é de que o filme clássico de Franklin J. Schaffner finalmente teria um desenvolvimento à altura, já que os filmes da década de 70 deixam muito à desejar. Em A Origem, adaptações foram feitas, mudanças significativas nos motivos e na realidade mundial, mas houve coerência, inclusive ao vermos uma nave ser enviada ao espaço de maneira quase despercebida. Essa coerência se mantem em O Confronto, nos dando um filme ainda melhor que o de 2011.
Dez anos se passaram desde que Caesar fugiu para a floresta. A humanidade está praticamente dizimada com o ataque de um vírus apelidado de símio. Os macacos nem mesmo sabem se ainda existe algum da espécie, até que um pequeno grupo aparece no local e atira em um deles. Caesar os manda correr, mas eles terão que voltar, pois ali está escondida uma represa que pode devolver a energia elétrica ao posto de resistência humana. Desse novo encontro, inicia-se um confronto que dividirá macacos e humanos entre os que querem manter a paz e os que preferem ir à guerra.
A relação de amor e ódio entre humanos e macacos já abordada no primeiro filme, se mantem aqui. Agora, Caesar irá se aproximar da família de Malcolm, interpretado por Jason Clarke, que lidera a expedição em busca da represa. Ele, sua esposa, seu filho e outros percebem que é melhor criar vínculos com os macacos em uma ajuda mútua, ao contrário de Dreyfus, personagem de Gary Oldman que acredita que os bichos sejam perigosos. Na aldeia dos macacos, a divisão também se faz, principalmente entre o líder Caesar e o macaco Koba, que tem traumas da época em que foi cobaia e não confia nos humanos, por só ver seu lado ruim.
Essa máxima, aliás, vem desde o livro de Pierre Boulle e da saga original. Não dá para dizer que macacos são bons e humanos são maus. Ou vice-versa. Essa natureza competitiva e até mesmo de auto-defesa ou instinto de sobrevivência permeia ambas as raças. Mas, é interessante ver como as leis que conhecemos de outros filmes ressurgem aqui como o "primeiro mandamento": Macaco não mata macaco, que também encontra eco em A Revolução dos Bichos. E aqui tudo isso ganha dimensões ainda mais dramáticas.
O roteiro constrói bem o dilema de Caesar em busca da justiça e da paz. É um personagem extremamente bem construído em suas nuanças, e por isso, tudo funciona tão bem. É possível entender o desespero dos humanos acuados em um mundo hostil. De Caesar, que quer manter sua família segura, mas tem lembranças boas de alguns humanos. E de Koba, que só conheceu a dor e o desespero daquelas pessoas. É interessante perceber também o quanto os macacos parecem mais unidos que os humanos. A liderança de Caesar é visível, ele fala, os macacos se abaixam e respeitam. Enquanto que no lado humano, mesmo com um megafone nas mãos, o personagem de Gary Oldman tem dificuldade de se fazer ouvido.
Chama a atenção em Planeta dos Macacos: O Confronto também a qualidade da produção. Ainda melhor que em A Origem, os macacos surgem em nossa tela como reais. A interação com os atores humanos em cena é impressionante. O realismo dos personagens macacos, que se traduz não apenas nas expressões faciais, mas em toda a composição corporal, é completamente crível. Andy Serkis mais uma vez nos entrega uma interpretação admirável como o macaco Caesar, mas desta vez, está acompanhado de um excelente elenco que ajuda a compor sua família. Não há dúvidas de que eles roubam a cena. Com destaque para Toby Kebbell como Koba, Nick Thurston como Olhos Azuis e Karin Konoval como Maurice.
Matt Reeves é bastante feliz também no comando da trama, que tem ritmo em uma montagem que não precisa ser frenética o tempo todo, intercalando os momentos tensos com os de contemplação de Caesar e os macacos em sua rotina na aldeia. A cena inicial, por exemplo, é muito boa. A construção da ambiência, a quebra da expectativa, toda a mise-en-scène é cuidadosa, nos colocando naquele mundo de uma maneira especial. É interessante também, como o ponto de vista dos macacos, em especial Caesar que é o protagonista, nos leva a tomar partido, ainda que no fundo torçamos pela paz e saibamos como tudo termina.
Planeta dos Macacos: O Confronto é um filme que cumpre suas expectativas. Bem construído, com efeitos especiais e atuações que merecem destaque, traz também uma história coerente que aprofunda o tema já conhecido. É gratificante também perceber o cuidado coma coerência de tudo que já foi construído e dito sobre essa saga que nos fascina. Exceto, é claro, o erro dirigido por Tim Burton que é melhor mesmo ser esquecido.
Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes, 2014 / EUA)
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Mark Bomback, Rick Jaffa
Com: Gary Oldman, Jason Clarke, Keri Russell, Andy Serkis
Duração: 130 min.
Dez anos se passaram desde que Caesar fugiu para a floresta. A humanidade está praticamente dizimada com o ataque de um vírus apelidado de símio. Os macacos nem mesmo sabem se ainda existe algum da espécie, até que um pequeno grupo aparece no local e atira em um deles. Caesar os manda correr, mas eles terão que voltar, pois ali está escondida uma represa que pode devolver a energia elétrica ao posto de resistência humana. Desse novo encontro, inicia-se um confronto que dividirá macacos e humanos entre os que querem manter a paz e os que preferem ir à guerra.
A relação de amor e ódio entre humanos e macacos já abordada no primeiro filme, se mantem aqui. Agora, Caesar irá se aproximar da família de Malcolm, interpretado por Jason Clarke, que lidera a expedição em busca da represa. Ele, sua esposa, seu filho e outros percebem que é melhor criar vínculos com os macacos em uma ajuda mútua, ao contrário de Dreyfus, personagem de Gary Oldman que acredita que os bichos sejam perigosos. Na aldeia dos macacos, a divisão também se faz, principalmente entre o líder Caesar e o macaco Koba, que tem traumas da época em que foi cobaia e não confia nos humanos, por só ver seu lado ruim.
Essa máxima, aliás, vem desde o livro de Pierre Boulle e da saga original. Não dá para dizer que macacos são bons e humanos são maus. Ou vice-versa. Essa natureza competitiva e até mesmo de auto-defesa ou instinto de sobrevivência permeia ambas as raças. Mas, é interessante ver como as leis que conhecemos de outros filmes ressurgem aqui como o "primeiro mandamento": Macaco não mata macaco, que também encontra eco em A Revolução dos Bichos. E aqui tudo isso ganha dimensões ainda mais dramáticas.
O roteiro constrói bem o dilema de Caesar em busca da justiça e da paz. É um personagem extremamente bem construído em suas nuanças, e por isso, tudo funciona tão bem. É possível entender o desespero dos humanos acuados em um mundo hostil. De Caesar, que quer manter sua família segura, mas tem lembranças boas de alguns humanos. E de Koba, que só conheceu a dor e o desespero daquelas pessoas. É interessante perceber também o quanto os macacos parecem mais unidos que os humanos. A liderança de Caesar é visível, ele fala, os macacos se abaixam e respeitam. Enquanto que no lado humano, mesmo com um megafone nas mãos, o personagem de Gary Oldman tem dificuldade de se fazer ouvido.
Chama a atenção em Planeta dos Macacos: O Confronto também a qualidade da produção. Ainda melhor que em A Origem, os macacos surgem em nossa tela como reais. A interação com os atores humanos em cena é impressionante. O realismo dos personagens macacos, que se traduz não apenas nas expressões faciais, mas em toda a composição corporal, é completamente crível. Andy Serkis mais uma vez nos entrega uma interpretação admirável como o macaco Caesar, mas desta vez, está acompanhado de um excelente elenco que ajuda a compor sua família. Não há dúvidas de que eles roubam a cena. Com destaque para Toby Kebbell como Koba, Nick Thurston como Olhos Azuis e Karin Konoval como Maurice.
Matt Reeves é bastante feliz também no comando da trama, que tem ritmo em uma montagem que não precisa ser frenética o tempo todo, intercalando os momentos tensos com os de contemplação de Caesar e os macacos em sua rotina na aldeia. A cena inicial, por exemplo, é muito boa. A construção da ambiência, a quebra da expectativa, toda a mise-en-scène é cuidadosa, nos colocando naquele mundo de uma maneira especial. É interessante também, como o ponto de vista dos macacos, em especial Caesar que é o protagonista, nos leva a tomar partido, ainda que no fundo torçamos pela paz e saibamos como tudo termina.
Planeta dos Macacos: O Confronto é um filme que cumpre suas expectativas. Bem construído, com efeitos especiais e atuações que merecem destaque, traz também uma história coerente que aprofunda o tema já conhecido. É gratificante também perceber o cuidado coma coerência de tudo que já foi construído e dito sobre essa saga que nos fascina. Exceto, é claro, o erro dirigido por Tim Burton que é melhor mesmo ser esquecido.
Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes, 2014 / EUA)
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Mark Bomback, Rick Jaffa
Com: Gary Oldman, Jason Clarke, Keri Russell, Andy Serkis
Duração: 130 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Planeta dos Macacos: O Confronto
2014-07-21T09:23:00-03:00
Amanda Aouad
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