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Sem Evidências
Sem Evidências
Um lema do DocTv dizia "quando a realidade parece ficção, é hora de fazer um documentário". Atom Egoyan não tinha essa opção, já que a história dos meninos de West Memphis já havia sido documentada. De qualquer maneira, o filme baseado no livro de Mara Leveritt se preocupa tanto em documentar aquela bárbara história que se esquece de fazer um filme.
Três crianças de oito anos foram brutalmente assassinadas na cidade de West Memphis. Uma investigação pouco cuidadosa chega rapidamente a três suspeitos que vão a julgamento. Porém, não há evidências de que Damien Echols, Jason Baldwin e Jessie Misskelley Jr. cometeram o crime, senão por uma estranha confissão que logo é desmentida. Mas, parece que ninguém está atrás da verdade e sim de um culpado. Exceto pelo detetive Ron Lax que tentará impedir que os jovens sejam condenados à pena de morte.
Na sinopse acima, que tentei construir, há mais construção dramática que em todo o roteiro de Paul Harris Boardman e Scott Derrickson. Apesar de uma história incômoda e assustadora, os roteiristas não conseguem organizar uma curva que realmente instigue ou envolva o espectador naquele drama. Tudo é apresentado de maneira cartesiana em excesso. Apenas fatos seguidos de fatos, reservando ao julgamento em si boa parte da projeção.
Como é baseado na realidade, com direito a legendas a todo momento para localizar o espectador, nem podemos esperar embates emocionantes nesse julgamento como diversos filmes do gênero já nos apresentaram. Na verdade, só serve para demonstrar o despreparo da defesa, a burocracia da acusação e o descaso do juiz que, mesmo presenciando alguns absurdos, segue o fluxo sem se preocupar em desvendar de fato a verdade. São tantos erros de investigação que se não fosse real, ficaria difícil de aceitar.
A direção de Atom Egoyan também não contribui para tornar o filme mais fluido. Parece apenas uma construção burocrática sem muita imaginação. Mesmo em cenas fortes como quando retiram os corpos do rio, ou quando o veredito é dado. A construção do mistério em todo do que exatamente aconteceu e o possível envolvimento dos pais dos meninos também são mal trabalhados. Por mais que o caso ainda tenha lacunas, era possível construir algo mais orgânico.
Talvez se assumissem o personagem de Colin Firth, o detetive Ron Lax, como protagonista, pudesse ficar melhor. Tecnicamente, ele é o principal personagem, mas demora a engatar sua jornada, mesmo a investigação que vai fazer em paralelo não é aprofundada. Acaba sendo mais um elemento que, na realidade, foca nas sessões do julgamento. O filme fica sem ritmo, monótono mesmo diante de uma história tão perturbadora e instigante.
Parece que tal qual os policiais que não queriam investigar à fundo o que aconteceu, os realizadores do filme queriam apenas depositar a história. Sem trabalhá-la ou manipulá-la, o que é louvável, mas era preciso um pouco de ficcionalização, ao menos, já que estavam realizando um filme de ficção. Mesmo que baseado em realidade, um filme precisa saber contar uma história, envolver seu público de uma maneira fluida e prender sua atenção. Um tempero não faz mal a ninguém.
Sem Evidências tem seu impacto, porque a história em que se baseia é impactante. Não tem como ver o filme e não ficar incomodado não apenas pelas crianças, mas pela maneira leviana como o caso foi tratado. É tão óbvio o erro que fica quase impossível acreditar que as pessoas não viram isso. Seja juiz, júri ou advogados. Mas, enquanto filme, há pouca coisa digna de notas.
Sem Evidências (Devil's Knot, 2014 / EUA)
Direção: Atom Egoyan
Roteiro: Paul Harris Boardman, Scott Derrickson
Com: Colin Firth, Reese Witherspoon, Alessandro Nivola
Duração: 114 min.
Três crianças de oito anos foram brutalmente assassinadas na cidade de West Memphis. Uma investigação pouco cuidadosa chega rapidamente a três suspeitos que vão a julgamento. Porém, não há evidências de que Damien Echols, Jason Baldwin e Jessie Misskelley Jr. cometeram o crime, senão por uma estranha confissão que logo é desmentida. Mas, parece que ninguém está atrás da verdade e sim de um culpado. Exceto pelo detetive Ron Lax que tentará impedir que os jovens sejam condenados à pena de morte.
Na sinopse acima, que tentei construir, há mais construção dramática que em todo o roteiro de Paul Harris Boardman e Scott Derrickson. Apesar de uma história incômoda e assustadora, os roteiristas não conseguem organizar uma curva que realmente instigue ou envolva o espectador naquele drama. Tudo é apresentado de maneira cartesiana em excesso. Apenas fatos seguidos de fatos, reservando ao julgamento em si boa parte da projeção.
Como é baseado na realidade, com direito a legendas a todo momento para localizar o espectador, nem podemos esperar embates emocionantes nesse julgamento como diversos filmes do gênero já nos apresentaram. Na verdade, só serve para demonstrar o despreparo da defesa, a burocracia da acusação e o descaso do juiz que, mesmo presenciando alguns absurdos, segue o fluxo sem se preocupar em desvendar de fato a verdade. São tantos erros de investigação que se não fosse real, ficaria difícil de aceitar.
A direção de Atom Egoyan também não contribui para tornar o filme mais fluido. Parece apenas uma construção burocrática sem muita imaginação. Mesmo em cenas fortes como quando retiram os corpos do rio, ou quando o veredito é dado. A construção do mistério em todo do que exatamente aconteceu e o possível envolvimento dos pais dos meninos também são mal trabalhados. Por mais que o caso ainda tenha lacunas, era possível construir algo mais orgânico.
Talvez se assumissem o personagem de Colin Firth, o detetive Ron Lax, como protagonista, pudesse ficar melhor. Tecnicamente, ele é o principal personagem, mas demora a engatar sua jornada, mesmo a investigação que vai fazer em paralelo não é aprofundada. Acaba sendo mais um elemento que, na realidade, foca nas sessões do julgamento. O filme fica sem ritmo, monótono mesmo diante de uma história tão perturbadora e instigante.
Parece que tal qual os policiais que não queriam investigar à fundo o que aconteceu, os realizadores do filme queriam apenas depositar a história. Sem trabalhá-la ou manipulá-la, o que é louvável, mas era preciso um pouco de ficcionalização, ao menos, já que estavam realizando um filme de ficção. Mesmo que baseado em realidade, um filme precisa saber contar uma história, envolver seu público de uma maneira fluida e prender sua atenção. Um tempero não faz mal a ninguém.
Sem Evidências tem seu impacto, porque a história em que se baseia é impactante. Não tem como ver o filme e não ficar incomodado não apenas pelas crianças, mas pela maneira leviana como o caso foi tratado. É tão óbvio o erro que fica quase impossível acreditar que as pessoas não viram isso. Seja juiz, júri ou advogados. Mas, enquanto filme, há pouca coisa digna de notas.
Sem Evidências (Devil's Knot, 2014 / EUA)
Direção: Atom Egoyan
Roteiro: Paul Harris Boardman, Scott Derrickson
Com: Colin Firth, Reese Witherspoon, Alessandro Nivola
Duração: 114 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Sem Evidências
2014-07-23T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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