
A trama se divide em três frentes. Um DJ de uma rádio pirata, deficiente físico. Um rapaz amputado que vive de arrumar pernas mecânicas. E um homem enviado do futuro com a missão de reunir provas de discriminação racial do governo.
Estamos em uma realidade paralela onde a Ceilândia não é apenas uma cidade-satélite do Distrito Federal, mas é um espaço de suspensão da realidade, com toque de recolher e onde grupos buscam passaportes falsos para conseguir entrar em Brasília.

O filme é uma espécie de protesto simbólico, onde diversas alegorias vão sendo construídas, inclusive uma bomba, com reflexos da cultura local, baseada principalmente no rap e no hip hop. Mas, que em determinado momento nos dá uma seqüência de forró quase surreal com uma dança do jumento.
Branco Sai. Preto Fica se perde em uma narrativa complexa que poderia ser melhor conduzida. É verdade. O início promissor com a narração do locutor de rádio, a premissa do cidadão futurista e a rotina dos dois personagens locais nos dão a sensação de que poderíamos ter algo realmente incrível com um planejamento melhor.

Branco Sai. Preto Fica é uma fábula própria de uma comunidade bastante particular, a partir de um episódio específico. Mas, paradoxalmente, consegue ser extremamente universal em sua busca de expressão e espaço próprio. Poderia ser melhor desenvolvido, mas não perde seu mérito.
Filme visto no 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Branco Sai. Preto Fica (2014 / Brasil)
Direção: Adirley Queiroz
Roteiro: Adirley Queiroz
Com: Marquim do Tropa, Shockito, Dilmar Durães, DJ Jamaika e Gleide Firmino
Duração: 93 min.