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Interestelar
Interestelar
A curiosidade em relação ao espaço é algo que fascina a humanidade desde sempre. Não por acaso os primeiros deuses eram comparados a astros, satélites, estrelas, planetas, ou qualquer outra coisa que o homem não compreendesse. E assim, caminhamos pesquisando, estudando, confabulando sobre o que pudesse haver fora do nosso planeta. Com o cinema não seria diferente.
Diversos filmes já foram feitos no espaço e sobre ele. Com teorias complexas ou com narrativas simples. Desde Georges Méliès com seu Viagem à Lua, tentando fazer contato com seres e mundos distintos. Interestelar de Christopher Nolan, então, não traz nada exatamente novo. Pelo contrário, há referências de diversos filmes, entre os mais citados, o clássico 2001, de Stanley Kubrick, e Contato, de Robert Zemeckis.
Compará-lo, no entanto, não chega a ser algo produtivo para a análise do filme em si. Mesmo que vejamos semelhanças indiscutíveis com um TARS e o monolito, a jornada de Cooper ou com a experiência do Dr. Dave Bowman a caminho de Júpiter, ou da Dra. Eleanor Arroway a caminho do desconhecido, ou mesmo as mensagens do "fantasma" com uma espécie de "Contatos Imediatos do Terceiro Grau".
Christopher Nolan não criou nada de novo, não revolucionou o cinema, nem mesmo experimentou a linguagem. Pelo contrário, ele se arvora a ir na contramão da indústria, filmando em IMAX, sem 3D e com o mínimo de computação gráfica. Mas, construiu sua ficção científica pautada em diversas teorias da física quântica e em busca de um sentido para a vida que vá além do racional, ainda que paradoxalmente, ele acabe teorizando mais sobre o amor do que demonstrando-o em tela.
De qualquer maneira, Interestelar é uma história bem contada de um pai e uma filha que compartilham da mesma paixão e do mesmo objetivo. O fascínio pelo espaço e pela ciência. E a necessidade urgente de salvar o planeta e a raça humana de um extermínio. Isso, de certa maneira já basta. Nolan constrói o velho e bom cinemão, disfarçado de filosofia complexa. Não por acaso explica bem suas teorias, mas deixa questões para pensarmos em casa, dialogando com diversos públicos.
Em sua história, não sabemos a data exata, mas estamos em um futuro não muito distante, onde a Terra sofre com tempestades de areia e se torna cada vez mais inóspita para os seres humanos. As pesquisas científicas foram diminuídas e o espaço se tornou algo distante ao ponto dos livros de história escolares dizerem que toda a operação Apollo foi uma jogada de marketing dos Estados Unidos, reforçando a teoria que muitos defendem de que o homem nunca pisou, de fato, na Lua. Em segredo, no entanto, a Nasa ainda existe e tem um plano para salvar o planeta.
A aventura do filme, então, se concentra no personagem de Matthew McConaughey, que está muito bem como o ex-piloto Cooper. Ao aceitar a missão de procurar um outro planeta para vivermos, ele entra no conflito de deixar seus filhos, podendo nunca mais os vê-los. Salvar o planeta, parece, no entanto, mais importante. E sua jornada não deixa de ser fascinante. A construção em paralelo entre eles lá e os acontecimentos na Terra é muito bem construída.
Aliás, o roteiro do filme é bastante feliz em sua economia narrativa. Temos etapas bem delineadas em uma estrutura clara que não deixa ninguém se perder. Como é do feitio do diretor, vemos diversos acontecimentos condensados de maneira harmônica como quando ele embarca e vemos as imagens do carro indo e o som da nave se preparando. Ou no clímax, onde tudo se mistura de uma maneira bem particular construindo a montagem temática.
O roteiro acaba falhando, no entanto, na construção de personagens. Não que não sejam críveis, mas são pouco aprofundados. Mesmo de Cooper e sua filha Murph, conhecemos poucas motivações. E isso acaba prejudicando a tese do amor, que não chega a ser demonstrado com tanta verdade quanto o texto defende, nos dando diálogos expositivos e explicativos, mas pouco orgânicos. Isto não torna o filme ruim, continua sendo uma obra bem executada, porém, não o torna tão especial quando querem fazer parecer.
No final, Interestelar é um bom filme de ficção científica, nos envolve enquanto está em projeção. Não nos cansa apesar dos 169 minutos de trama. Nos deixa pensando sobre ele após a sessão. Mas, provavelmente, não será a referência do gênero daqui a alguns anos. Tal qual Contato, que na época em que vi, me impactou profundamente, mas hoje não entra na lista dos dez mais. Ao contrário de 2001 que quanto mais envelhece, mais nos fascina por sua complexidade.
Interestelar (Interstellar, 2014 / EUA)
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Jonathan Nolan, Christopher Nolan
Com: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain, Ellen Burstyn, Mackenzie Foy, John Lithgow, Michael Caine, Casey Affleck, Wes Bentley
Duração: 169 min.
Diversos filmes já foram feitos no espaço e sobre ele. Com teorias complexas ou com narrativas simples. Desde Georges Méliès com seu Viagem à Lua, tentando fazer contato com seres e mundos distintos. Interestelar de Christopher Nolan, então, não traz nada exatamente novo. Pelo contrário, há referências de diversos filmes, entre os mais citados, o clássico 2001, de Stanley Kubrick, e Contato, de Robert Zemeckis.
Compará-lo, no entanto, não chega a ser algo produtivo para a análise do filme em si. Mesmo que vejamos semelhanças indiscutíveis com um TARS e o monolito, a jornada de Cooper ou com a experiência do Dr. Dave Bowman a caminho de Júpiter, ou da Dra. Eleanor Arroway a caminho do desconhecido, ou mesmo as mensagens do "fantasma" com uma espécie de "Contatos Imediatos do Terceiro Grau".
Christopher Nolan não criou nada de novo, não revolucionou o cinema, nem mesmo experimentou a linguagem. Pelo contrário, ele se arvora a ir na contramão da indústria, filmando em IMAX, sem 3D e com o mínimo de computação gráfica. Mas, construiu sua ficção científica pautada em diversas teorias da física quântica e em busca de um sentido para a vida que vá além do racional, ainda que paradoxalmente, ele acabe teorizando mais sobre o amor do que demonstrando-o em tela.
De qualquer maneira, Interestelar é uma história bem contada de um pai e uma filha que compartilham da mesma paixão e do mesmo objetivo. O fascínio pelo espaço e pela ciência. E a necessidade urgente de salvar o planeta e a raça humana de um extermínio. Isso, de certa maneira já basta. Nolan constrói o velho e bom cinemão, disfarçado de filosofia complexa. Não por acaso explica bem suas teorias, mas deixa questões para pensarmos em casa, dialogando com diversos públicos.
Em sua história, não sabemos a data exata, mas estamos em um futuro não muito distante, onde a Terra sofre com tempestades de areia e se torna cada vez mais inóspita para os seres humanos. As pesquisas científicas foram diminuídas e o espaço se tornou algo distante ao ponto dos livros de história escolares dizerem que toda a operação Apollo foi uma jogada de marketing dos Estados Unidos, reforçando a teoria que muitos defendem de que o homem nunca pisou, de fato, na Lua. Em segredo, no entanto, a Nasa ainda existe e tem um plano para salvar o planeta.
A aventura do filme, então, se concentra no personagem de Matthew McConaughey, que está muito bem como o ex-piloto Cooper. Ao aceitar a missão de procurar um outro planeta para vivermos, ele entra no conflito de deixar seus filhos, podendo nunca mais os vê-los. Salvar o planeta, parece, no entanto, mais importante. E sua jornada não deixa de ser fascinante. A construção em paralelo entre eles lá e os acontecimentos na Terra é muito bem construída.
Aliás, o roteiro do filme é bastante feliz em sua economia narrativa. Temos etapas bem delineadas em uma estrutura clara que não deixa ninguém se perder. Como é do feitio do diretor, vemos diversos acontecimentos condensados de maneira harmônica como quando ele embarca e vemos as imagens do carro indo e o som da nave se preparando. Ou no clímax, onde tudo se mistura de uma maneira bem particular construindo a montagem temática.
O roteiro acaba falhando, no entanto, na construção de personagens. Não que não sejam críveis, mas são pouco aprofundados. Mesmo de Cooper e sua filha Murph, conhecemos poucas motivações. E isso acaba prejudicando a tese do amor, que não chega a ser demonstrado com tanta verdade quanto o texto defende, nos dando diálogos expositivos e explicativos, mas pouco orgânicos. Isto não torna o filme ruim, continua sendo uma obra bem executada, porém, não o torna tão especial quando querem fazer parecer.
No final, Interestelar é um bom filme de ficção científica, nos envolve enquanto está em projeção. Não nos cansa apesar dos 169 minutos de trama. Nos deixa pensando sobre ele após a sessão. Mas, provavelmente, não será a referência do gênero daqui a alguns anos. Tal qual Contato, que na época em que vi, me impactou profundamente, mas hoje não entra na lista dos dez mais. Ao contrário de 2001 que quanto mais envelhece, mais nos fascina por sua complexidade.
Interestelar (Interstellar, 2014 / EUA)
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Jonathan Nolan, Christopher Nolan
Com: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain, Ellen Burstyn, Mackenzie Foy, John Lithgow, Michael Caine, Casey Affleck, Wes Bentley
Duração: 169 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Interestelar
2014-11-19T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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