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Cake: Uma Razão para Viver
Cake: Uma Razão para Viver
A versão brasileira já começa com um problema, o título. "Cake: Uma Razão para Viver" é um pleonasmo exageradamente melodramático que nos deixa um gosto amargo desse bolo que o filme constrói como uma grande metáfora. Afinal, tudo o que Claire Bennett, a personagem de Jennifer Aniston, busca é uma razão para continuar viva. Mas, os clichês e roteiro cansativo, acabam por nos fazer perder.
Não existe uma curva dramática clássica aqui, o que não chega a ser um problema. Mas, é interessante como a sinopse oficial tenta construir isso de alguma maneira. Cake é apenas o dia a dia de uma mulher que sobreviveu fisicamente a uma tragédia, mas psicologicamente ainda está presa em um limiar entre a vida e a morte. E o seu entorno está sempre puxando-a para um lado ou outro. Como a jovem Nina Collins, ex-colega de um grupo de ajuda, que se suicidou. Sua fiel empregada Silvana e Roy, o viúvo de Nina com seu filho Casey.
Se tem uma coisa que encanta nesse filme é a interpretação de Jennifer Aniston. Famosa pela série Friends e, desde então, amargando papéis em comédias descompromissadas, aqui ela consegue demonstrar um bom trabalho de personagem com algumas cenas fortes a exemplo daquela em que vê um certo quadro na parede de sua sala. Espero que a não indicação ao Oscar desse ano sirva como incentivo de que ela tem potencial para muito mais. Afinal, é um bom papel, consistente, mas não chega a ser tão marcante diante de outros que já vimos.
Cake é um clichê. Muitos filmes já foram feitos sobre o tema, com performances muito melhores, a exemplo de Reencontrando a Felicidade, que para mim é um dos roteiros mais bem resolvidos nesse sentido. A perda, a tragédia, a tentativa de se reerguer diante de algo tão determinante em nossas vidas é doloroso, cansativo. Não parece mesmo fazer sentido acordar todos os dias. No caso de Claire, ainda há as dores físicas e as cicatrizes aparentes, ainda que a dor invisível seja a que mais incomoda.
Ainda que haja as reações do grupo de ajuda, da filha de Silvana e do ex-marido de Claire, é interessante que o filme não julga suas atitudes, apenas a acompanha em seu processo de recolocação no mundo. Tudo de maneira delicada, como um observador onisciente que apenas testemunha seus passos. Um affair com o jardineiro, as alucinações com Nina, a aproximação com Roy, a viagem ao México, as sessões de fisioterapia. Não entramos completamente em sua alma, mas temos flashs se seus sentimentos e sensações. Inclusive do seu maior trauma, encarar a estrada de frente.
A direção de Daniel Barnz é correta tecnicamente, mas não encanta, não vai além. Mesmo nas alucinações de Claire, em seus sonhos ou nas lembranças, tudo se torna repetitivo, sem ritmo. Esse é o maior problema do filme. Retratar o dia a dia não é algo fácil. Poucos diretores conseguem isso sem se tornar cansativo. Porque é a sutileza que constrói essa sensação de intimidade, de viver junto com a personagem àquela jornada. O roteiro também não se sustenta em si, precisando de muitos recursos explícitos para nos explicar a história de Claire.
De qualquer maneira, Cake não é um filme ruim. Há poesia ali. E há, principalmente, uma atriz entregue à sua personagem, nos passando sua dor e suas angústias de uma maneira tão verdadeira que nos comove. Isso já é suficiente para fazer a jornada valer a pena. Mas, que poderia ser muito melhor, isso poderia.
Cake: Uma Razão para Viver (Cake, 2015 / EUA)
Direção: Daniel Barnz
Roteiro: Patrick Tobin
Com: Jennifer Aniston, Adriana Barraza, Anna Kendrick, Sam Worthington
Duração: 102 min.
Não existe uma curva dramática clássica aqui, o que não chega a ser um problema. Mas, é interessante como a sinopse oficial tenta construir isso de alguma maneira. Cake é apenas o dia a dia de uma mulher que sobreviveu fisicamente a uma tragédia, mas psicologicamente ainda está presa em um limiar entre a vida e a morte. E o seu entorno está sempre puxando-a para um lado ou outro. Como a jovem Nina Collins, ex-colega de um grupo de ajuda, que se suicidou. Sua fiel empregada Silvana e Roy, o viúvo de Nina com seu filho Casey.
Se tem uma coisa que encanta nesse filme é a interpretação de Jennifer Aniston. Famosa pela série Friends e, desde então, amargando papéis em comédias descompromissadas, aqui ela consegue demonstrar um bom trabalho de personagem com algumas cenas fortes a exemplo daquela em que vê um certo quadro na parede de sua sala. Espero que a não indicação ao Oscar desse ano sirva como incentivo de que ela tem potencial para muito mais. Afinal, é um bom papel, consistente, mas não chega a ser tão marcante diante de outros que já vimos.
Cake é um clichê. Muitos filmes já foram feitos sobre o tema, com performances muito melhores, a exemplo de Reencontrando a Felicidade, que para mim é um dos roteiros mais bem resolvidos nesse sentido. A perda, a tragédia, a tentativa de se reerguer diante de algo tão determinante em nossas vidas é doloroso, cansativo. Não parece mesmo fazer sentido acordar todos os dias. No caso de Claire, ainda há as dores físicas e as cicatrizes aparentes, ainda que a dor invisível seja a que mais incomoda.
Ainda que haja as reações do grupo de ajuda, da filha de Silvana e do ex-marido de Claire, é interessante que o filme não julga suas atitudes, apenas a acompanha em seu processo de recolocação no mundo. Tudo de maneira delicada, como um observador onisciente que apenas testemunha seus passos. Um affair com o jardineiro, as alucinações com Nina, a aproximação com Roy, a viagem ao México, as sessões de fisioterapia. Não entramos completamente em sua alma, mas temos flashs se seus sentimentos e sensações. Inclusive do seu maior trauma, encarar a estrada de frente.
A direção de Daniel Barnz é correta tecnicamente, mas não encanta, não vai além. Mesmo nas alucinações de Claire, em seus sonhos ou nas lembranças, tudo se torna repetitivo, sem ritmo. Esse é o maior problema do filme. Retratar o dia a dia não é algo fácil. Poucos diretores conseguem isso sem se tornar cansativo. Porque é a sutileza que constrói essa sensação de intimidade, de viver junto com a personagem àquela jornada. O roteiro também não se sustenta em si, precisando de muitos recursos explícitos para nos explicar a história de Claire.
De qualquer maneira, Cake não é um filme ruim. Há poesia ali. E há, principalmente, uma atriz entregue à sua personagem, nos passando sua dor e suas angústias de uma maneira tão verdadeira que nos comove. Isso já é suficiente para fazer a jornada valer a pena. Mas, que poderia ser muito melhor, isso poderia.
Cake: Uma Razão para Viver (Cake, 2015 / EUA)
Direção: Daniel Barnz
Roteiro: Patrick Tobin
Com: Jennifer Aniston, Adriana Barraza, Anna Kendrick, Sam Worthington
Duração: 102 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Cake: Uma Razão para Viver
2015-05-06T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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