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O Expresso do Amanhã
O Expresso do Amanhã
Filmes pós-apocalípticos não são novidades. Podemos encontrar repetições, clichês e semelhanças entre todos. O que chama a atenção em O Expresso do Amanhã é o inusitado do espaço e a simbologia que isso traz. O que sobrou da raça humana está em um trem que vaga em círculos pela Terra congelada, dividindo seus vagões por classes sociais.
Primeiro filme em língua inglesa do diretor Joon-ho Bong, o filme é baseado na graphic novel francesa Le Transperceneige. É interessante ver essa simbologia do trem como nosso sistema de castas. O criador, Wilford, vivido por Ed Harris é o Deus. Os escolhidos estão nos primeiros vagões, passando os dias se divertindo entre boates e espaços de relaxamento. Os funcionários são a segurança que transita entre os vagões de acordo com as ordens. E o povo está na causa, em situações miseráveis, servindo apenas como peça para os privilegiados da frente.
E claro, para que haja esperança de dias melhores, temos o escolhido. Curtis, personagem de Chris Evans (o Capitão América), que tem como fiel acompanhante Edgar vivido por Jamie Bell (o eterno Billy Elliot, mais conhecido atualmente como o Coisa). Seu mentor é o velho Gilliam, interpretado por John Hurt e uma das aliadas Tanya, vivida por Octavia Spencer. Para enfrentar os guardas e a ministra Mason (Tilda Swinton), eles terão que pedir ajuda a um especialista em portas vivido por Kang-ho Song e sua filha interpretada por Ah-sung Ko.
Além de esquematizar as funções dramáticas das personagens, o parágrafo acima também ressalta a qualidade do elenco que se destaca não apenas pelos nomes e carreiras, mas pela própria entrega em cena. Talvez seja o trabalho mais intenso de Chris Evans, por exemplo. Já Tilda Swinton está assustadora como a ministra Mason, mais do que a bruxa de Nárnia, porque não é uma pessoa exatamente má, isso é que assusta, ela simplesmente é insensível àqueles seres humanos ali do fundo. A cena dos sete minutos do braço demonstra bem isso. Eles são apenas peças que precisam seguir regras.
E neste ponto O Expresso do Amanhã tem sua maior qualidade. A simbologia da raça humana e suas visões presas ao que lhe foi passado e ao que é estabelecido é discutido aqui de uma forma bastante instigante. Estamos presos no trem, como estamos presos na Terra, ou presos em nosso próprio mundo sem coragem de explorar o novo. E nisso e em diversos outros detalhes, o filme lembra muito Matrix. Nos fechamos em uma realidade aparente sem desejo ou vontade de ir além para descobrir a verdade. Mas, será que existe uma verdade?
A atmosfera crua da cauda do trem, contrasta com a atmosfera quase onírica dos demais vagões. Temos uma escola extremamente colorida e vibrante para guiar alunos robotizados, temos um aquário vazado para vermos os peixes ao redor de nós e termos a falsa sensação de liberdade, temos os spas em tons terra para buscar tranquilidade e a boate com som alucinante e luzes difusas para nos dar a sensação de diversão continua.
Apesar da ação ser extremamente linear, acompanhando a jornada da cauda à cabeça do trem, o filme acaba sendo dinâmico com muitas cenas de ação e uma montagem ágil com cortes rápidos que dão a sensação de eterno movimento. Temos cenas interessantes como a batalha no túnel e o ritual da tocha que ajudam no visual. A própria variedade dos ambientes dos vagões trazem uma dinâmica própria que vai nos envolvendo.
Pena que a parte final perde em muitos aspectos deixando uma sensação de jornada semi-completa. As explicações se tornam clichês e as surpresas não são tão surpreendentes assim. O tema exposto acaba pouco explorado e aprofundado, nos dando apenas o superficial da raça humana que sempre precisar subjugar uns para se colocar no topo.
No final, O Expresso do Amanhã acaba sendo uma ficção científica criativa e envolvente, mas que poderia explorar melhor o universo que criou e aprofundar as questões lançadas com uma conclusão mais impactante.
O Expresso do Amanhã (Snowpiercer, 2013 / EUA)
Direção: Joon-ho Bong
Roteiro: Joon-ho Bong, Kelly Masterson
Com: Chris Evans, Jamie Bell, Tilda Swinton, Ed Harris, Octavia Spencer, John Hurt, Kang-ho Song
Duração: 126 min.
Primeiro filme em língua inglesa do diretor Joon-ho Bong, o filme é baseado na graphic novel francesa Le Transperceneige. É interessante ver essa simbologia do trem como nosso sistema de castas. O criador, Wilford, vivido por Ed Harris é o Deus. Os escolhidos estão nos primeiros vagões, passando os dias se divertindo entre boates e espaços de relaxamento. Os funcionários são a segurança que transita entre os vagões de acordo com as ordens. E o povo está na causa, em situações miseráveis, servindo apenas como peça para os privilegiados da frente.
E claro, para que haja esperança de dias melhores, temos o escolhido. Curtis, personagem de Chris Evans (o Capitão América), que tem como fiel acompanhante Edgar vivido por Jamie Bell (o eterno Billy Elliot, mais conhecido atualmente como o Coisa). Seu mentor é o velho Gilliam, interpretado por John Hurt e uma das aliadas Tanya, vivida por Octavia Spencer. Para enfrentar os guardas e a ministra Mason (Tilda Swinton), eles terão que pedir ajuda a um especialista em portas vivido por Kang-ho Song e sua filha interpretada por Ah-sung Ko.
Além de esquematizar as funções dramáticas das personagens, o parágrafo acima também ressalta a qualidade do elenco que se destaca não apenas pelos nomes e carreiras, mas pela própria entrega em cena. Talvez seja o trabalho mais intenso de Chris Evans, por exemplo. Já Tilda Swinton está assustadora como a ministra Mason, mais do que a bruxa de Nárnia, porque não é uma pessoa exatamente má, isso é que assusta, ela simplesmente é insensível àqueles seres humanos ali do fundo. A cena dos sete minutos do braço demonstra bem isso. Eles são apenas peças que precisam seguir regras.
E neste ponto O Expresso do Amanhã tem sua maior qualidade. A simbologia da raça humana e suas visões presas ao que lhe foi passado e ao que é estabelecido é discutido aqui de uma forma bastante instigante. Estamos presos no trem, como estamos presos na Terra, ou presos em nosso próprio mundo sem coragem de explorar o novo. E nisso e em diversos outros detalhes, o filme lembra muito Matrix. Nos fechamos em uma realidade aparente sem desejo ou vontade de ir além para descobrir a verdade. Mas, será que existe uma verdade?
A atmosfera crua da cauda do trem, contrasta com a atmosfera quase onírica dos demais vagões. Temos uma escola extremamente colorida e vibrante para guiar alunos robotizados, temos um aquário vazado para vermos os peixes ao redor de nós e termos a falsa sensação de liberdade, temos os spas em tons terra para buscar tranquilidade e a boate com som alucinante e luzes difusas para nos dar a sensação de diversão continua.
Apesar da ação ser extremamente linear, acompanhando a jornada da cauda à cabeça do trem, o filme acaba sendo dinâmico com muitas cenas de ação e uma montagem ágil com cortes rápidos que dão a sensação de eterno movimento. Temos cenas interessantes como a batalha no túnel e o ritual da tocha que ajudam no visual. A própria variedade dos ambientes dos vagões trazem uma dinâmica própria que vai nos envolvendo.
Pena que a parte final perde em muitos aspectos deixando uma sensação de jornada semi-completa. As explicações se tornam clichês e as surpresas não são tão surpreendentes assim. O tema exposto acaba pouco explorado e aprofundado, nos dando apenas o superficial da raça humana que sempre precisar subjugar uns para se colocar no topo.
No final, O Expresso do Amanhã acaba sendo uma ficção científica criativa e envolvente, mas que poderia explorar melhor o universo que criou e aprofundar as questões lançadas com uma conclusão mais impactante.
O Expresso do Amanhã (Snowpiercer, 2013 / EUA)
Direção: Joon-ho Bong
Roteiro: Joon-ho Bong, Kelly Masterson
Com: Chris Evans, Jamie Bell, Tilda Swinton, Ed Harris, Octavia Spencer, John Hurt, Kang-ho Song
Duração: 126 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Expresso do Amanhã
2015-08-29T07:57:00-03:00
Amanda Aouad
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