Bata Antes de Entrar
"Knock Knock", inicia a primeira pessoa. "Quem é?", pergunta a segunda pessoa e daí pode vir qualquer coisa. Dessa inofensiva brincadeira de criança, Eli Roth cria um suspense psicológico que traz muitas metáforas em relação ao pecado original e a questão masculina com o sexo. Mas, acaba sendo apenas um filme vazio e quase tolo.
Evan não pode viajar no feriado com a esposa e os filhos porque tinha que terminar um trabalho em casa. Em uma noite chuvosa, quando ele estava concentrado no projeto, duas belas garotas batem em sua porta pedindo ajuda. Ele as deixa entrar e vai sendo seduzido por elas, apesar de tentar resistir a princípio. E quando ele finalmente cede, percebe que está apenas se iniciando um jogo doentio.
Sem querer criar polêmica, um dos principais problemas do filme é a escalação de Keanu Reeves. Admiro a pessoa pelo que é divulgado por suas atitudes, assim como é visível o bom faro para projetos. Mas, ele nunca foi um ator muito expressivo. E Evan Webber precisava de um pouco mais de emoção, principalmente, emoção facial. Não dá para segurar um filme inteiro dentro de uma única locação sem bons atores.
Lorenza Izzo e Ana de Armas também não entregam grandes interpretações, apesar de parecerem mais convincentes nos papéis. Suas personagens, no entanto, dão apenas pistas de motivação, parecendo exageradas em boa parte da projeção, criando um clima de inquietação com tudo aquilo. Principalmente, pelas atitudes tolas de Evan que poderia ter resolvido tudo aquilo de uma maneira muito mais simples se realmente quisesse.
Na verdade, o filme traz interpretações possíveis. E a metáfora do pecado original acaba saltando aos olhos pelos nomes das personagens. A começar por Genesis, interpretada por Lorenza Izzo. Afinal de contas quem se chamaria Genesis sem ser por um motivo muito forte? É ela quem arquiteta o plano, quem toma as primeiras iniciativas e deixa Bel fazer o resto com Evan. Aqui, vem o curioso, Evan um homem, mas com uma comparação direta a Eva, a primeira mulher. Enquanto que Bel poderia ser uma referência a Ball (o Belzebu) ou mesmo a Jezebel, sua discípula.
O fato é que o filme questiona e joga com o pecado, a sedução e o sexo de uma maneira doentia e estranha. Afinal, Evan é culpado por ter cedido a tentação e terá que pagar por isso? E cabe a essas duas serem juízas? Não acaba elas sendo piores que ele? Talvez se justifique com a loucura ou psicopatia pura. Mas, da maneira como é exposto e as personagens são construídas, fica tolo, fica gratuito, fica vazio.
A direção de Eli Roth, no entanto, tenta criar alguma tensão em cena. Há momentos interessantes, principalmente quando Evan está pelos corredores procurando as duas. Ou a forma como ele joga com o cachorro da família em Efeito Kuleshov, nos fazendo construir através da montagem as possíveis sensações que o animal estaria tendo com tudo aquilo.
Bata Antes de Entrar, então, é um filme que poderia ser muito mais. Fica no meio do caminho nunca criando a tensão necessária para a trama. Ainda mais depois de vermos obras como Menina Má.com que trabalha muito melhor personagens, trama e construção de cenas.
Bata Antes de Entrar (Knock Knock, 2015 / EUA)
Direção: Eli Roth
Roteiro: Eli Roth
Com: Keanu Reeves, Lorenza Izzo, Ana de Armas
Duração: 99 min.
Evan não pode viajar no feriado com a esposa e os filhos porque tinha que terminar um trabalho em casa. Em uma noite chuvosa, quando ele estava concentrado no projeto, duas belas garotas batem em sua porta pedindo ajuda. Ele as deixa entrar e vai sendo seduzido por elas, apesar de tentar resistir a princípio. E quando ele finalmente cede, percebe que está apenas se iniciando um jogo doentio.
Sem querer criar polêmica, um dos principais problemas do filme é a escalação de Keanu Reeves. Admiro a pessoa pelo que é divulgado por suas atitudes, assim como é visível o bom faro para projetos. Mas, ele nunca foi um ator muito expressivo. E Evan Webber precisava de um pouco mais de emoção, principalmente, emoção facial. Não dá para segurar um filme inteiro dentro de uma única locação sem bons atores.
Lorenza Izzo e Ana de Armas também não entregam grandes interpretações, apesar de parecerem mais convincentes nos papéis. Suas personagens, no entanto, dão apenas pistas de motivação, parecendo exageradas em boa parte da projeção, criando um clima de inquietação com tudo aquilo. Principalmente, pelas atitudes tolas de Evan que poderia ter resolvido tudo aquilo de uma maneira muito mais simples se realmente quisesse.
Na verdade, o filme traz interpretações possíveis. E a metáfora do pecado original acaba saltando aos olhos pelos nomes das personagens. A começar por Genesis, interpretada por Lorenza Izzo. Afinal de contas quem se chamaria Genesis sem ser por um motivo muito forte? É ela quem arquiteta o plano, quem toma as primeiras iniciativas e deixa Bel fazer o resto com Evan. Aqui, vem o curioso, Evan um homem, mas com uma comparação direta a Eva, a primeira mulher. Enquanto que Bel poderia ser uma referência a Ball (o Belzebu) ou mesmo a Jezebel, sua discípula.
O fato é que o filme questiona e joga com o pecado, a sedução e o sexo de uma maneira doentia e estranha. Afinal, Evan é culpado por ter cedido a tentação e terá que pagar por isso? E cabe a essas duas serem juízas? Não acaba elas sendo piores que ele? Talvez se justifique com a loucura ou psicopatia pura. Mas, da maneira como é exposto e as personagens são construídas, fica tolo, fica gratuito, fica vazio.
A direção de Eli Roth, no entanto, tenta criar alguma tensão em cena. Há momentos interessantes, principalmente quando Evan está pelos corredores procurando as duas. Ou a forma como ele joga com o cachorro da família em Efeito Kuleshov, nos fazendo construir através da montagem as possíveis sensações que o animal estaria tendo com tudo aquilo.
Bata Antes de Entrar, então, é um filme que poderia ser muito mais. Fica no meio do caminho nunca criando a tensão necessária para a trama. Ainda mais depois de vermos obras como Menina Má.com que trabalha muito melhor personagens, trama e construção de cenas.
Bata Antes de Entrar (Knock Knock, 2015 / EUA)
Direção: Eli Roth
Roteiro: Eli Roth
Com: Keanu Reeves, Lorenza Izzo, Ana de Armas
Duração: 99 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Bata Antes de Entrar
2015-09-30T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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