
Mas, na verdade, apesar do título que é inspirado na música homônima do Pavilhão 9 e do tema de onde surgiu, o filme vai além, falando de pessoas. Mais precisamente do protagonista Damião, seu irmão Josué, seu amigo Palito, uma professora de teatro de uma ONG e um policial novato.

O roteiro vai construindo a história com as cenas em paralelo dos principais, nos dando a dimensão da situação e a forma como as vidas daquelas pessoas vão se juntando. O recurso do flashback também é utilizado, principalmente para criar um suspense sobre alguns acontecimentos, sendo bastante funcional. Luis Dantas faz questão de construir as ironias, seja de um botão que falta em uma farda, ou uma carteira de trabalho com o título "o trabalho engrandece".

Em oposição a ele, temos Palito, um jovem com problemas na perna, mas que diz ser um ótimo goleiro e quer ser ator e dançarino. Palito só quer ficar com a menina que ele gosta, mas parece que o destino não lhe reserva essa sorte no amor. O triângulo amoroso que se forma entre ele, Cléa e Damião é irônico e doloroso para todos, no final das contas.
Talvez falte ao filme de Luis Dantas, no entanto, um algo mais na estética da obra. A direção é cuidadosa, mas as cenas poderiam ser melhor aproveitadas, principalmente as que acontecem na praia e na parte final. A mescla da poesia e da dureza da vida poderiam ser melhor representadas em imagens. Ainda assim, é um filme que funciona e vai além do padrão
Se Deus Vier que Venha Armado (2015 / Brasil)
Direção: Luis Dantas
Roteiro: Luis Dantas, Beatriz Gonçalves
Com: Vinicius de Oliveira, Giulio Lopes, Ariclenes Barroso, Sara Antunes
Duração: 87 min.