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A Visita
A Visita
M. Night Shyamalan criou uma maldição para si mesmo. Seu terceiro filme, O Sexto Sentido, foi uma obra-prima e projetou seu nome mundialmente, era de se esperar muito dele. Mas, ele quis complicar ainda mais criando uma marca autoral difícil, todos os seus filmes autorais tem uma reviravolta no final. Após muitas críticas, fracassos e expectativa em baixa, ele retorna com A Visita que tem também esse "cacoete", mas funciona bem e acende uma luz no fim do túnel para sua carreira.
A trama é relativamente simples e utiliza de todas as ferramentas de suspense. Becca e Tyler são dois pré-adolescentes, que não conhecem os avós maternos, porque sua mãe cortou relações com eles há muito tempo. Mas, por insistência dos senhores, ela deixa que os meninos passem uma semana com eles. Becca vê nisso uma possibilidade de curar a dor que acredita que a mãe tenha de nunca ter sido perdoada pelos pais quando foi embora. Para criar um eco familiar, os dois meninos ainda sofrem pela ausência do pai que saiu de casa quando eles eram pequenos, criando uma espécie de necessidade de resgate familiar maior.
Como quer tornar esse momento um marco na família, Becca resolve fazer um documentário da visita deles aos avós. Sendo assim, A Visita é todo construído em um formato de falso documentário já tão explorado e desgastado em filmes de terror desde A Bruxa de Blair até a série Atividade Paranormal. Mas, até por se utilizar desses clichês, Shyamalan acaba nos surpreendendo em diversos aspectos em relação aos mistérios da casa dos avós.
Porque, claro, se você já viu o trailer, deve imaginar que a visita de Becca e Tyler não é tranquila. Fenômenos estranhos acontecem, principalmente à noite. É interessante a forma como o diretor utiliza dos pré-conceitos de filmes assim para jogar com nossa expectativa. Não falo exatamente da revelação do final, que fica quase óbvia em certo momento. Mas, pela estrutura em si do que está por trás de tudo aquilo. Os elementos que ele utiliza para nos assustar são bem feitos e nos fazem inclusive pensar sobre nossos medos e o que deveria, de fato, nos assustar.
O formato de falso documentário, com a câmera o tempo todo sendo inter-diegética, ou seja, estando de fato naquele universo ficcional, gera algumas incongruências. Principalmente se você está com medo querendo fugir de algo que ameaça sua vida. Mas, A Visita consegue até disfarçar isso bem a maior parte da projeção com essa obsessão de Becca em construir o documentário perfeito para sua mãe. A menina apresenta até mesmo um tom profissional, pensando enquadramento e posterior montagem.
Seu irmão, Tyler, ao contrário, é o alívio cômico. Apresentando-se como MC, ele faz alguns raps caracterizados por sua irmã de maneira irônica como "misóginos", mas que só denunciam a ingenuidade de um garoto entrando na puberdade, falando palavrões e achando que vai arrasar com as mulheres. A ideia que ele tem no meio do filme de trocar palavrões por nomes de cantoras famosas deixaria qualquer feminista de cabelo em pé, mas não deixa de ter graça, por ser tão ridículo.
Ainda que não traga nada de novo, nem mesmo seja totalmente perfeito em sua técnica, A Visita é um bom filme de suspense. O fato de ser um falso documentário, inclusive, permite um filme mais solto de uma decupagem tão cuidadosa como normalmente são os filmes do diretor. Tem sustos, tem tensão, tem boas escolhas e boas justificativas. Agora, se não fosse a retomada de uma possível boa fase para M. Night Shyamalan, seria apena mais um filme, sem grandes atrativos. E talvez, seja exatamente disso que o diretor esteja precisando para recolocar sua carreira no eixo. Um filme simples, competente, mas extremamente comum.
A Visita (The Visit, 2015 / EUA)
Direção: M. Night Shyamalan
Roteiro: M. Night Shyamalan
Com: Olivia DeJonge, Ed Oxenbould, Deanna Dunagan, Peter McRobbie, Kathryn Hahn
Duração: 94 min.
A trama é relativamente simples e utiliza de todas as ferramentas de suspense. Becca e Tyler são dois pré-adolescentes, que não conhecem os avós maternos, porque sua mãe cortou relações com eles há muito tempo. Mas, por insistência dos senhores, ela deixa que os meninos passem uma semana com eles. Becca vê nisso uma possibilidade de curar a dor que acredita que a mãe tenha de nunca ter sido perdoada pelos pais quando foi embora. Para criar um eco familiar, os dois meninos ainda sofrem pela ausência do pai que saiu de casa quando eles eram pequenos, criando uma espécie de necessidade de resgate familiar maior.
Como quer tornar esse momento um marco na família, Becca resolve fazer um documentário da visita deles aos avós. Sendo assim, A Visita é todo construído em um formato de falso documentário já tão explorado e desgastado em filmes de terror desde A Bruxa de Blair até a série Atividade Paranormal. Mas, até por se utilizar desses clichês, Shyamalan acaba nos surpreendendo em diversos aspectos em relação aos mistérios da casa dos avós.
Porque, claro, se você já viu o trailer, deve imaginar que a visita de Becca e Tyler não é tranquila. Fenômenos estranhos acontecem, principalmente à noite. É interessante a forma como o diretor utiliza dos pré-conceitos de filmes assim para jogar com nossa expectativa. Não falo exatamente da revelação do final, que fica quase óbvia em certo momento. Mas, pela estrutura em si do que está por trás de tudo aquilo. Os elementos que ele utiliza para nos assustar são bem feitos e nos fazem inclusive pensar sobre nossos medos e o que deveria, de fato, nos assustar.
O formato de falso documentário, com a câmera o tempo todo sendo inter-diegética, ou seja, estando de fato naquele universo ficcional, gera algumas incongruências. Principalmente se você está com medo querendo fugir de algo que ameaça sua vida. Mas, A Visita consegue até disfarçar isso bem a maior parte da projeção com essa obsessão de Becca em construir o documentário perfeito para sua mãe. A menina apresenta até mesmo um tom profissional, pensando enquadramento e posterior montagem.
Seu irmão, Tyler, ao contrário, é o alívio cômico. Apresentando-se como MC, ele faz alguns raps caracterizados por sua irmã de maneira irônica como "misóginos", mas que só denunciam a ingenuidade de um garoto entrando na puberdade, falando palavrões e achando que vai arrasar com as mulheres. A ideia que ele tem no meio do filme de trocar palavrões por nomes de cantoras famosas deixaria qualquer feminista de cabelo em pé, mas não deixa de ter graça, por ser tão ridículo.
Ainda que não traga nada de novo, nem mesmo seja totalmente perfeito em sua técnica, A Visita é um bom filme de suspense. O fato de ser um falso documentário, inclusive, permite um filme mais solto de uma decupagem tão cuidadosa como normalmente são os filmes do diretor. Tem sustos, tem tensão, tem boas escolhas e boas justificativas. Agora, se não fosse a retomada de uma possível boa fase para M. Night Shyamalan, seria apena mais um filme, sem grandes atrativos. E talvez, seja exatamente disso que o diretor esteja precisando para recolocar sua carreira no eixo. Um filme simples, competente, mas extremamente comum.
A Visita (The Visit, 2015 / EUA)
Direção: M. Night Shyamalan
Roteiro: M. Night Shyamalan
Com: Olivia DeJonge, Ed Oxenbould, Deanna Dunagan, Peter McRobbie, Kathryn Hahn
Duração: 94 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Visita
2015-12-08T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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