
Inspiradas por Emmeline Pankhurst, as inglesas foram as ruas, quebraram vidraças, fizeram greve de fome, deram testemunho, tentaram chamar a atenção. E a luta delas é memorável, importante e respeitável. Não há como negar que merecem ser lembradas, inclusive com um filme. Uma pena que Sarah Gavron não conseguiu transformar todo esse momento histórico em uma boa dramaturgia.


A estrutura fílmica é burocrática, como se a diretora,já sabendo da causa ganha, não se esforçasse para nos introduzir naquela realidade e luta. Ela não nos é apresentada e não vai nos conquistando como deveria. Nos esforçamos para ficar ali ao lado daquelas mulheres porque já sabíamos antes da projeção de sua importância. Mesmo o patrão inescrupuloso não consegue escalar a nossa revolta de uma maneira orgânica para que a dramaturgia funcione.

Maud Watts é nosso único senão. Uma mulher simples, que não queria se meter naquela luta, mas que vai aos poucos sendo envolvida e percebendo o quanto sentia falta de algo que ela nem mesmo tinha noção que existia. "Nunca pensei em votar, então, não sei como me sinto em relação ao voto", diz com toda a sua espontaneidade em determinado momento. E ela vai sentir de maneira palpável os problemas da ausência de direitos para as mulheres que vai muito além de escolher seus governantes.
As Sufragistas, então, é isso, um filme ruim, mas que retrata um momento importante de uma causa mais do que necessária e que mesmo hoje, com tantos avanços ainda é preciso ser refletida: os direitos das mulheres no mundo. Um filme válido pela discussão que relata ainda que com problemas de construção.
As Sufragistas (Suffragette, 2015 / Reino Unido)
Direção: Sarah Gavron
Roteiro: Abi Morgan
Com: Carey Mulligan, Anne-Marie Duff, Helena Bonham, Meryl Streep
Duração: 106 min.