
A trama segue um estilo que mistura drama, comédia e crítica social em uma sátira com tons exagerados. Exagero que se reflete nas situações e na construção das personagens com estereótipos claros que nos dão a sensação de que é impossível existir alguém assim. Como a mãe de Joy Mangano que não sai de sua cama, assistindo a soap operas de qualidade duvidosa. Ou sua meia irmã que vive para invejá-la.

Pode parecer tolo, provinciano até ou mesmo um símbolo machista como vi alguns falando. Mas, além de ser baseado em um história real, não há nenhum demérito em criar um produto que ajude a donas de casa, principalmente se você é uma delas. Na verdade, a trajetória de Joy Mangano demonstra que ninguém entende melhor que ela aquele produto, porque ele foi criado diante de uma necessidade real. E, sinceramente, ao ouvi-la na cena em que vende o produto, dá vontade de comprá-lo.

Isso pode parecer um empecilho para entrar no filme, principalmente se ficarmos racionalizando demais e buscando verossimilhança com a realidade. Mas, de fato, como falei acima, essa não é a proposta de David O. Russell. Mesmo a verossimilhança interna se esvai muitas vezes em nome de algo a mais que ele considerava mais importante, o jogo cênico e a piada com os absurdos que nos cercam em vida.

E nesse ponto é preciso ressaltar que apesar de bem, Jennifer Lawrence não chega a nos entregar uma interpretação acima da média. Já Bradley Cooper tem um bom personagem e cumpre seu papel, enquanto Robert De Niro acaba construindo algo aquém do seu talento, em um pai meio perdido que não sabemos até que ponto é coerente durante toda a projeção.
De qualquer maneira, Joy: O nome do sucesso é um filme interessante. Cumpre o seu papel e é capaz de divertir, basta embarcar na proposta sem se preocupar muito com a realidade.
Joy: O nome do sucesso (Joy, 2016 / EUA)
Direção: David O. Russell
Roteiro: David O. Russell
Com: Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Bradley Cooper
Duração: 124 min.