Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme
O título The Peanuts Movie no Brasil virou quase um tratado: Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme. Há de se entender, afinal, a famosa série de quadrinhos criada por Charles M. Schulz ficou conhecida aqui como Snoopy. E Charlie Brown, apesar de ser chamado de Minduim por Paty Pimentinha, nunca teve seu apelido estampado em títulos da série. Colocar apenas Peanuts, o Filme, com certeza, atrairia a atenção de um público menor. E como as franquias estão tendendo a universalizar os títulos (vide Tinker Bell) ficou isso tudo.
Confabulações sobre o título à parte, Peanuts é um ótimo filme. É um filme para fãs, nostálgico, envolvente das tramas de Schulz que sempre levava a sério os problemas infantis. Com a inocência da criança representada em Charlie Brown, mas, sempre também com um humor ácido na representação de seu cachorro Snoopy. E, claro, onde os adultos simplesmente falam uma língua indecifrável para reforçar o ponto de vista da história.
Não há nada de exatamente novo, e nisso o próprio Schulz tem sua parcela de responsabilidade, já que deixou em testamento que ninguém poderia criar novas histórias sobre seus personagens e universo. Na verdade, o filme é uma adaptação, compilação de algumas das histórias já vistas, tendo como linha condutora a chegada da "garotinha ruiva" ao bairro e escola, fazendo Charlie Brown se apaixonar e querer impressioná-la.
Em paralelo, temos uma das aventuras do "Às da Aviação", personagem inventado por Snoopy. Isso traz um pouco mais de agilidade ao roteiro, já que os pequenos de hoje estão mais acostumados com uma multiplicidade de plots, com muitas cenas de ação. E curiosamente, um vilão. As aventuras de Peanuts sempre foram mais existenciais, não há um inimigo a ser enfrentado, por mais que Lucy o infernize e todas as crianças acabem por "zoá-lo". E mesmo que sua insegurança eterna o faça se dar mal. Inserir o Ás da Aviação lutando contra o temido Barão Vermelho acaba sendo funcional.
E Steve Martino acerta em manter o tom dos quadrinhos e dos desenhos, mantendo Snoopy como um cachorro esperto, mas que não fala, sua comunicação é quase mágica, inclusive na imaginação de datilografar suas histórias e imaginá-las com grande realismo. Há uma suspensão da descrença aí que sempre funcionou dentro do universo. Seria temeroso, por exemplo, se fizessem como com Garfield colocando ele para falar e interagir ainda mais.
Ou seja, o filme funciona porque mantem a sua essência, ainda que busque novas estruturas para que possa atingir novos públicos. Está tudo lá. Nos dá um eterno tom nostálgico relembrando aventuras e referências como "a grande abóbora" e também é uma nova apresentação daquelas criaturinhas e todo o seu universo para os que nunca tiveram contato com eles.
A própria técnica escolhida que utiliza 3D, mas mantém o traço de cartoon acaba reforçando essa estrutura cíclica que busca manter um pé no passado, mas o outro no futuro. É uma homenagem, mas também um recomeço. E nos mostra que Snoopy, Charlie Brown e toda a turma continuam vivos e ativos, sendo capazes de nos encantar.
Ah, e não tenha pressa de sair do cinema, durante os créditos existem pequenas cenas e piadas que merecem ser vistas, principalmente uma tradicional.
Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme (The Peanuts Movie, 2015 / EUA)
Direção: Steve Martino
Roteiro: Bryan Schulz, Craig Schulz, Cornelius Uliano
Duração: 88 min.
Confabulações sobre o título à parte, Peanuts é um ótimo filme. É um filme para fãs, nostálgico, envolvente das tramas de Schulz que sempre levava a sério os problemas infantis. Com a inocência da criança representada em Charlie Brown, mas, sempre também com um humor ácido na representação de seu cachorro Snoopy. E, claro, onde os adultos simplesmente falam uma língua indecifrável para reforçar o ponto de vista da história.
Não há nada de exatamente novo, e nisso o próprio Schulz tem sua parcela de responsabilidade, já que deixou em testamento que ninguém poderia criar novas histórias sobre seus personagens e universo. Na verdade, o filme é uma adaptação, compilação de algumas das histórias já vistas, tendo como linha condutora a chegada da "garotinha ruiva" ao bairro e escola, fazendo Charlie Brown se apaixonar e querer impressioná-la.
Em paralelo, temos uma das aventuras do "Às da Aviação", personagem inventado por Snoopy. Isso traz um pouco mais de agilidade ao roteiro, já que os pequenos de hoje estão mais acostumados com uma multiplicidade de plots, com muitas cenas de ação. E curiosamente, um vilão. As aventuras de Peanuts sempre foram mais existenciais, não há um inimigo a ser enfrentado, por mais que Lucy o infernize e todas as crianças acabem por "zoá-lo". E mesmo que sua insegurança eterna o faça se dar mal. Inserir o Ás da Aviação lutando contra o temido Barão Vermelho acaba sendo funcional.
E Steve Martino acerta em manter o tom dos quadrinhos e dos desenhos, mantendo Snoopy como um cachorro esperto, mas que não fala, sua comunicação é quase mágica, inclusive na imaginação de datilografar suas histórias e imaginá-las com grande realismo. Há uma suspensão da descrença aí que sempre funcionou dentro do universo. Seria temeroso, por exemplo, se fizessem como com Garfield colocando ele para falar e interagir ainda mais.
Ou seja, o filme funciona porque mantem a sua essência, ainda que busque novas estruturas para que possa atingir novos públicos. Está tudo lá. Nos dá um eterno tom nostálgico relembrando aventuras e referências como "a grande abóbora" e também é uma nova apresentação daquelas criaturinhas e todo o seu universo para os que nunca tiveram contato com eles.
A própria técnica escolhida que utiliza 3D, mas mantém o traço de cartoon acaba reforçando essa estrutura cíclica que busca manter um pé no passado, mas o outro no futuro. É uma homenagem, mas também um recomeço. E nos mostra que Snoopy, Charlie Brown e toda a turma continuam vivos e ativos, sendo capazes de nos encantar.
Ah, e não tenha pressa de sair do cinema, durante os créditos existem pequenas cenas e piadas que merecem ser vistas, principalmente uma tradicional.
Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme (The Peanuts Movie, 2015 / EUA)
Direção: Steve Martino
Roteiro: Bryan Schulz, Craig Schulz, Cornelius Uliano
Duração: 88 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme
2016-01-13T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
animacao|critica|infantil|Steve Martino|
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