
Ana Lúcia e Fábio viveram juntos por vinte anos, possuem uma filha e ainda têm carinho um pelo outro. Mas parece que sua relação não tem mais força. As brigas são constantes e uma insatisfação paira no ar. A separação parece o caminho óbvio, mas eles não se separam completamente, já que Fábio vai morar no prédio em frente ao da ex-mulher. Pela janela, eles conseguem se ver, se vigiar e até mesmo conversar ou brigar.

Há também verdade nos sentimentos dos personagens, que nos parecem bastante vivos e reais. Não apenas pelas situações amorosas, mas pela própria concepção de vida e frustração de sonhos. Ana Lúcia, que foi para São Paulo porque queria ser arquiteta e construir prédios bonitos, agora vive de convencer pessoas a vender seus imóveis para construtoras que querem demolir e construir outros prédios "feios" que ela criticava. Já Fábio, que parecia estável, vai viver o drama de muitos brasileiros mais velhos no mercado de trabalho.

Já a filha do casal, vivida por Manoela Aliperti, tem altos e baixos. Ela complementa a cena, com diálogos divertidos e cenas singelas como quando mãe e filha vão à praia, ou o dilema de deixá-la em uma república para estudar. Mas também tem reações desproporcionais como quando flagra uma determinada cena.
De qualquer maneira, De Onde Eu te Vejo é um filme sensível e envolvente. Criamos empatia por aquele casal, ainda que cometam atos incongruentes. Eles nos parecem vivos, próximos e é gostoso de acompanhar suas peripécias em busca da felicidade.
De Onde Eu Te Vejo (De Onde Eu Te Vejo, 2016, Brasil)
Direção: Luiz Villaça
Roteiro: Leonardo Moreira e Rafael Gomes
Com: Denise Fraga, Domingos Montagner, Marisa Orth, Manoela Aliperti, Laura Cardoso, Juca de Oliveira
Duração: 90 min.