
LaMotta era um homem grosseiro, machista, egoísta, mas que ao subir no ringue impressionava. Não apenas por sua capacidade de bater, mas também de apanhar. Parecia estar sempre desafiando seus limites, e conseguia uma fúria tal nos minutos finais que passou a ser temido pelos adversários, muitos se recusavam simplesmente a lutar com ele. Scorsese pega esse homem e transforma em objeto de estudo. Filmando em preto e branco, decupando cada cena com cuidado, ele vai nos revelando todas essas nuanças aos poucos.

Vemos LaMotta sempre brigando. Briga no ringue com os adversários. Briga em casa com a primeira e a segunda esposa. Briga na rua. Briga com o irmão, seu parceiro, com quem vive uma espécie de amor e ódio feito cães e gatos. E nesse ponto a sintonia entre Robert De Niro e Joe Pesci parece essencial. Os dois atores atuariam ainda mais duas vezes com Scorsese, em Os Bons Companheiros e Cassino. E aqui, constroem uma cumplicidade que deixa a relação ainda mais verdadeira, seja quando estão juntos em paz ou brigando.

E para além do boxe, temos um filme sobre a derrocada de um homem. LaMotta tinha tudo que muitos sonham. Uma carreira de sucesso, uma bela esposa que o amava, dinheiro, fama e um caminho promissor. Mas, seu gênio faz tudo se perder até ele ir ao fundo do poço para tentar se reerguer. E nesse ponto, Scorsese é ainda mais feliz ao construir sua história em preto e branco, e com tantos planos longos, acompanhando o protagonista em seu próprio ritmo.
Somos impactados por aquelas imagens e nos tornamos parte daquela família complexa, mesmo quando o vemos em pé no palco fazendo stand ups com piadas grosseiras. Queremos saber mais sobre tudo aquilo que vemos.
Touro Indomável é um grande filme por ir além do óbvio e construir um drama consistente e maduro sobre um homem, não apenas um boxeador.
Touro Indomável (Raging Bull, 1980 / EUA)
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Paul Schrader, Mardik Martin
Com: Robert De Niro, Cathy Moriarty, Joe Pesci, Frank Vincent
Duração: 129 min.
Hugo · 464 semanas atrás
É uma pena que as escolhas de De Niro nos últimos estejam muito abaixo do que ele fez nos anos setenta e oitenta.
Bjos
Amanda_Aouad 118p · 464 semanas atrás
bjs
Lucas De Paula Porceno · 439 semanas atrás
O som forte dos socos e a fotografia em preto e branco do filme, ajudam a manter a crueza dos socos.
Parabéns pela resenha. Abraços.
Amanda_Aouad 118p · 439 semanas atrás
Abraços