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Esquadrão Suicida
Esquadrão Suicida
Dizem que a propaganda é a alma do negócio. Mas uma propaganda muito bem feita de um produto que não esteja à altura é sempre uma dor de cabeça. Esse talvez tenha sido o maior problema de Esquadrão Suicida. Os trailers prometiam um filme marco, muitos apontavam como a "salvação" da DC nos cinemas. Sem expectativa nenhuma, é um filme divertido. Mas, ainda assim muito confuso e cheio de problemas.
A trama se passa logo após os acontecimentos de Batman vs Superman, com a oficial Amanda Waller colocando em prática seu plano de recrutar supercriminosos para enfrentar possíveis ameaças de meta-humanos. Vivida muito bem por Viola Davis, ela tem a ajuda do soldado Ricky Flag, vivido por Joel Kinnaman para essa missão. E entre juntar esse grupo de mentes perigosas e enfrentar alguns empecilhos que se colocam no caminho, muita confusão vai acontecer.
O maior problema do filme é o roteiro. Sabemos que houve muitas mudanças após a sessão-teste, cenas cortadas, cenas refeitas, tentativa de mudança de tom para agradar uma plateia mais ampla. De qualquer maneira, temos que ver o que nos é dado em tela. E o que vemos é uma imensa bagunça. A começar pelo desafio de lidar com muitos personagens sem querer falar apenas para iniciados. Resultado, um longo período gasto para a apresentação dos mesmos.
E a escolha dessa apresentação é cansativa e didática. Como uma chamada, cada um vai surgindo em tela com direito a cartela com histórico e habilidades. Vem, então, uma espécie de clipe com direito a música para cada personagem que entra de maneira abrupta, quase interrompendo a narrativa. Aliás, as músicas utilizadas são excelentes, todas dos trailers estão lá, por exemplo, mas o desenho de som é uma tristeza. Para completar, cada personagem é apresentado em seu habitat atual e sendo recrutado, com uma música separadinha para cada um deles.
Depois de tanto tempo apresentando todos, fica pouco para o desenvolvimento da trama do filme em si. Até porque é preciso também gastar muito tempo em cenas de ação, que é a graça maior da obra. Só que mesmo ela fica sendo intercalada com alguns flashbacks que quebram ritmo. Tem, inclusive, um flashback absurdo de acontecimentos do próprio filme sendo repetidos como em telenovela que tem que lembrar os telespectadores de algo que aconteceu em outro capítulo.
E já que as personagens são o foco do filme, vamos a elas. No geral, o grupo de Suicidas não é ruim. Estão bem representados e David Ayer é feliz ao não pesar demais o protagonismo do Pistoleiro só porque ele é interpretado por Will Smith. Com uma costura melhor de roteiro, eles funcionariam muito bem em cena. Entre eles, destaque para as mulheres. Margot Robbie consegue entender e interpretar Arlequina de maneira bastante competente, ainda que em muitos momentos a sua loucura pareça calculada. E Viola Davis também dá o tom perfeito para sua Amanda Waller.
Jared Leto, no entanto, não acerta o tom de seu Coringa. Tenso, pouco criativo, com cenas em que parece mais um gangster que o conhecido "palhaço louco". Mas, isso não chega a ser o problema do filme. Afinal, sua personagem não é importante para a trama principal. Está lá em função de Arlequina. O problema é que o peso do seu nome mexe com a expectativa dos fãs e David Ayer tanto sabe que tem algo na parte final que demonstra isso, dando forças para as críticas negativas.
Apesar disso, no entanto, o filme cumpre uma função de entreter. Como um filme sem tanta expectativa, poderia ser considerada uma obra divertida. Com boas cenas de ação e efeitos especiais, ainda que com um 3D inexistente. Mas fica muito aquém do potencial que tinha em mãos. É torcer para a DC conseguir encontrar o rumo nos próximos filmes solos que têm planejados.
Ah, tem uma cena durante os créditos. E é importante.
Esquadrão Suicida (Suicide Squad, 2016 / EUA)
Direção: David Ayer
Roteiro: David Ayer
Com: Will Smith, Viola Davis, Margot Robbie, Joel Kinnaman, Jared Leto, Jai Courtney, Jay Hernandez, Adewale Akinnuoye-Agbaje, Cara Delevingne, Karen Fukuhara, Ben Affleck
Duração: 123 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Esquadrão Suicida
2016-08-04T08:30:00-03:00
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