
Com raras exceções como E.T. de Spielberg, filmes de alienígenas sempre mostram os extraterrestres como invasores maus, bélicos e conquistadores. É típico da natureza humana que, há seu tempo, saiu ao mar, conquistando povos e continentes sempre em guerras e dizimação de raças consideradas inferiores. Então, quando doze esferas se instalam em pontos diversos do planeta Terra, é natural que as pessoas tenham medo e imaginem ter que se defender dos intrusos.
Esse sentimento é um dos muitos pontos que Denis Villeneuve utiliza para jogar com a plateia em A Chegada. Ficção científica que utiliza os extraterrestres apenas como pretexto para falar sobre relações humanas. Um filme extremamente sensível e impactante que nos envolve de uma maneira que nos vemos também refletindo sobre nossas próprias vidas. É a eterna dúvida de: se soubéssemos o futuro, faríamos tudo exatamente igual?

A atriz consegue conduzir bem esse estado de espírito da personagem que também não segue uma linearidade como ela mesmo aponta em sua fala inicial. O começo, meio e fim parecem perder sentido, nos conduzindo em uma relativização do tempo que assusta e acalma ao mesmo tempo. Pois parece não existir perdas reais nesse aspecto, tudo volta, tudo é cíclico.
É interessante que apesar da presença fundamental do cientista Ian Donnelly, vivido por Jeremy Renner, o filme é da persoangem de Adams. As atitudes são sempre dela desde o primeiro instante que está na frente dos aliens. Seja na tentativa de diálogo com imagens, seja em tirar a roupa de proteção ou seja em atitudes futuras que modificam tudo. Sem falar que é a relação dela com a filha que nos faz embarcar nessa história.

Não é um filme de ação, nem mesmo de muitos efeitos especiais. A Chegada é intimista. Tudo é construído em sensações e embates psicológicos. Uma forma de comunicação entre diretor e público que vai além de imagens impactantes. E que trazem à tona esses temas como a nossa capacidade de se comunicar e interpretar a intenção do outro. Somos muitas vezes alienígenas para o nosso próprio vizinho. E, de certa, maneira, é essa inabilidade de se comunicar e trabalhar em equipe que faz a humanidade ainda capengar em sua evolução.
A Chegada é mais que um filme. É um tratado sobre a humanidade. Ainda bem que ele nos mostra que o tempo é também relativo e, assim, ainda é possível reconstruirmos nossos caminhos nesse planeta.
A Chegada (Arrival, 2016 / EUA)
Direção: Denis Villeneuve
Roteiro: Eric Heisserer
Com: Amy Adams, Jeremy Renner, Forest Whitaker, Michael Stuhlbarg
Duração: 116 min.
Hugo · 434 semanas atrás
Os trabalhos de Villeneuve são ótimos.
Acredito que não fará grande sucesso, o público prefere filmes com ação. Ficção intimista geralmente fracassa nas bilheterias.
Pelo seu texto, o filme deve ter semelhanças com o clássico "O Dia em que a Terra Parou", o original é claro e um pouco de "Contato" de Zemeckis.
Bjos
Amanda_Aouad 118p · 433 semanas atrás
bjs
Ricardo Balbio · 434 semanas atrás
Amanda_Aouad 118p · 433 semanas atrás
Azul Hernandez · 379 semanas atrás