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Um Homem Chamado Ove
Um Homem Chamado Ove
Desde a primeira cena, Ove nos causa uma reação ambígua que perpetua por toda a narrativa. Um homem ranzinza, reclamão, o estereótipo do "velho chato". Mas, ao mesmo tempo, adorável, envolvente e com uma empatia única. Essa é a verdade, não conseguimos desgrudar da tela desde o primeiro instante.
O roteiro é hábil ao nos apresentar esse homem e suas "neuroses", construindo aos poucos seu passado. Talvez a fórmula de flashback a cada tentativa de suicídio canse, mas acaba funcionando quando subvertida, deixando a narrativa mais orgânica. A maneira como cria-se um suspense sobre sua esposa Sonja, o que aconteceu com ela e quando, também ajuda na imersão na obra, principalmente pelo fato de só vermos fotos dela jovem.
Na verdade, Um Homem Chamado Ove é um filme extremamente simples e profundo ao mesmo tempo. É sobre nada e sobre tudo. É sobre esse homem, suas vitórias e suas derrotas. Sua necessidade de ser correto. Seu amor e suas dores. Sobre amizades e disputas fúteis que podem acabar com um sentimento verdadeiro. Sobre a capacidade de se reinventar.
Indicado ao Oscar, na categoria de filme de língua estrangeira pela Suécia, a obra é um tratado sobre a humanidade e uma forma específica de viver naquele país. Ele consegue lidar com uma comunidade de um condomínio, com a velhice e a doença, com os imigrantes e a força das crianças, com o que é certo e o que é errado. Tudo a partir de uma história simples de um homem também simples e sua trajetória.
E Hannes Holm conduz isso de uma maneira também simples. Estamos sempre colados em Ove, seja visitando o túmulo de Sonja, tentando mais uma vez tirar sua vida ou nas lembranças de sua vida. Mesmo na cena do ônibus, ficamos o tempo todo com ele dentro do banheiro, sem nenhuma cena, nem mesmo de fora, mostrando a estrada. Só vemos o que ele vê.
Essa escolha narrativa de primeira pessoa acaba influenciando na própria estrutura do filme. Nos apegamos a Ove e suas escolhas. Mesmo quando ele parece apenas um velho ranzinza. E vamos desvendando por trás de sua casca dura, como na cena em que ele começa a se aproximar das crianças, lendo um livro com "voz de urso".
Apesar de discutir a questão da velhice, da falta de respeito ao idoso ou ao deficiente. Da própria incapacidade de se colocar no lugar do outro. Tudo de maneira simples, com exemplos claros. Um Homem Chamado Ove é sobre Ove. Essa personagem instigante, complexa e cheia de camadas que vamos amando, dando risada e nos irritando a cada nova atitude desse adorável velho ranzinza. Um filme, de fato, encantador.
Um Homem Chamado Ove (En man som heter Ove, 2017 / Suécia)
Direção: Hannes Holm
Roteiro: Hannes Holm
Com: Rolf Lassgård, Bahar Pars, Filip Berg, Ida Engvoll
Duração: 116 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Um Homem Chamado Ove
2017-02-15T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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